ONG denuncia violência contra juventude negra

Segundo a entidade, nos dois primeiros meses de 2017, foram mortas 182 pessoas em conflitos com agentes de segurança no Estado do Rio de Janeiro

Postado em: 03-04-2017 às 08h00
Por: Redação
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Segundo a entidade, nos dois primeiros meses de 2017, foram mortas 182 pessoas em conflitos com agentes de segurança no Estado do Rio de Janeiro

A Organização Não Governamental (ONG) Justiça Global
apresentou denúncia à Relatoria de Execuções Extrajudiciais Sumárias e
Arbitrárias da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o número de mortes
decorrentes de violações de direitos humanos contra a população jovem e negra,
moradora de favelas e periferias.

Segundo a entidade, nos dois primeiros meses de 2017, foram
mortas 182 pessoas em conflitos com agentes de segurança no Estado do Rio de
Janeiro.

Para a Justiça Global, a situação representa grave violência
institucional contra esta parcela da população e a forma como o governo lida
com a segurança pública. Aponta também que é uma lógica de extermínio e
repressão. A intenção ao apresentar a denúncia é fazer com que o Brasil seja
cobrado internacionalmente pelas violações de direitos humanos que ocorrem no
país.

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“É uma forma de dar mais visibilidade internamente, porque,
quando acessamos um organismo internacional, estamos chamando atenção da
imprensa brasileira também para algumas questões e para um outro ponto de
vista. O Estado do Rio de Janeiro aponta essa como uma das principais
estratégias de enfrentamento à violência e ao tráfico de drogas. Defendemos, já
há algum tempo, que a forma como a política é pensada, infelizmente, só tem
feito os chamados danos colaterais pelo estado. Mas, na verdade, são mortes de
inocentes”, afirmou a pesquisadora da Justiça Global na área de Violência
Institucional e Segurança Pública, Monique Cruz.

A entidade lembrou que, na quinta-feira passada (30), dois
policiais militares atiraram em dois homens caídos no chão, em frente à Escola
Municipal Daniel Piza, na Fazenda Botafogo, zona norte do Rio. Do lado de
dentro da escola, a adolescente Maria Eduarda Alves da Conceição foi baleada e
morreu, enquanto participava de uma atividade de educação física. Depois de um
vídeo com as imagens divulgadas nas redes sociais e veículos de imprensa, os
dois policiais foram presos e encaminhados ao Batalhão Especial Prisional, em
Niterói, na Região Metropolitana.

De acordo com a ONG, o país tem uma política de
militarização e encarceramento crescente para a solução de problemas de
segurança pública. A Justiça Global destacou que nos conflitos também tem
ocorrido um número elevado de mortes de policiais. Pelos cálculos da entidade,
103 agentes morreram em serviço, de um total de 393 policiais assassinados em
2015.

No Rio de Janeiro, só nas primeiras 48 horas de 2017, foram
quatro policiais mortos. Em 12 dias do ano, o número de homicídios chegava a
10. Em 23 de fevereiro, mais cinco PMs foram baleados na capital e na Baixada
Fluminense, em menos de 12 horas.

Para a pesquisadora, os números são provocados pelo tipo de
política de segurança adotada no Rio de Janeiro. Monique Cruz disse que não há
aplicação de recursos em prevenção, enquanto existem investimentos em uma força
de segurança “altamente militarizada e voltada para a guerra com a eliminação
de um inimigo” que resulta, diariamente, a morte de civis e policiais. “Para
nós, apontar o número de policiais é apontar o quanto esta guerra é nociva para
o próprio estado e para o terror que gera na sociedade de uma forma geral”,
disse.

Em resposta à Agência Brasil, a Secretaria de Estado de
Segurança do Rio de Janeiro informou que não recebeu qualquer notificação da
ONU sobre a denúncia e nem foi procurada pela Justiça Global. Por isso, não
iria se pronunciar em relação ao assunto. (Agência Brasil)

 

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