Goiás registra média de 6,5 mil incêndios/ano desde 2011

Em 2020 foram 10.311 ocorrências desta natureza

Postado em: 15-06-2021 às 07h59
Por: Maiara Dal Bosco
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Em 2020 foram 10.311 ocorrências desta natureza | Foto: Reprodução

Dados divulgados ontem (14) pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO) dão conta que de 2011 a 2020 o CBMGO atendeu em média 6,5 mil ocorrências de combate a incêndio em vegetação por ano, sendo que no ano de 2020 a Corporação atuou diretamente em 10.311 ocorrências desta natureza. Para auxiliar no combate às queimadas, a Corporação lançou a Operação Cerrado Vivo, que também atuará com ações de fiscalização de incêndios urbanos, por meio da parceria com as prefeituras.

Segundo o Comandante-Geral do CBMGO, um dos principais objetivos da Operação é prevenir e combater incêndios em vegetação ao longo do Estado de Goiás. A Operação Cerrado Vivo será composta por duas fases. A primeira é de prevenção e preparação, de janeiro a junho. Já a segunda, que vai de julho a dezembro, é a fase de resposta quando há emprego de reforço operacional para o combate dos focos de incêndio em todo o Estado.

Segundo o Tenente do Corpo de Bombeiros Militar e porta-voz da Operação, Ailton Pinheiro de Araújo, o carro-chefe desses incêndios é ação humana. “Sempre que há a análise, é possível constatar que, seja de maneira acidental, ou dolosa, que a causa humana é o principal motivo das queimadas, via de regra, seja por meio de atear fogo no lixo, ou limpeza em lotes baldios. Contudo, causas naturais são outras possibilidades para o início das queimadas, como por exemplo, um raio ou a incidência do sol em um local específico”, afirma.

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Cerrado

O ambientalista e Conselheiro da Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (ARCA), Gerson Neto, explica que o Cerrado é um bioma acostumado a conviver com o fogo, mas que sofreu uma transformação muito grande nas últimas décadas. “As gramíneas nativas estão praticamente extintas e foram substituídas por gramíneas exóticas como a braquiária para servir de pasto para gado. Essas gramíneas exóticas compõem uma massa seca muito maior, mudando as características do fogo, que se tornou mais intenso e de mais longa duração, além de queimar todos os anos, o que não acontecia com as gramíneas nativas. Por isso, as queimadas ameaçam o Cerrado de aceleração de seu processo de extinção e devem ser combatidas com força”, afirma.

De acordo com o especialista, esta ação planejada dos Bombeiros é muito importante, bem como que o combate às queimadas se fortaleçam como política pública ambiental permanente. “Nisso, o trabalho feito pelos Bombeiros ao lado das Brigadas Voluntárias de Combate ao Fogo, IBAMA e outros [órgãos] é sempre fundamental. Também é necessário que os municípios se organizem para dar suporte e também organizar suas brigadas para que os incêndios possam ser controlados antes de atingir grandes proporções”, destaca. Para o ambientalista, o combate ao fogo é uma necessidade em todos os municípios, já que nem sempre os Bombeiros ou as Brigadas chegam rápido por conta da necessidade de grandes deslocamentos. “A Polícia também deve investigar e indiciar os causadores de incêndios criminosos, ato ilícito que tem sido cada vez mais flagrado em Goiás”, finaliza Gerson. 

Conscientização

Para a bióloga e tecnóloga em saneamento ambiental, Fabiana Alves, Goiás registrou um aumento das queimadas, situação que já era prevista. “Já imaginávamos que este cenário aconteceria e, infelizmente, só temos a perder, porque ficamos cada vez mais com menos natureza disponível. A fauna também diminui, o que aumenta e muito o risco de extinção de alguns animais do Cerrado”, destaca. “Para se ter uma ideia uma das maiores emissões de dióxido de carbono (CO2), além das indústrias, são as queimadas”, complementa Fabiana.

A especialista ressalta a importância da conscientização da população. “Precisamos orientar quem está passando pelas estradas, a não jogar lixo, cigarro, vidro. Essa é a época de seca, já temos queimadas naturais, mas por causa da poluição, e do lixo, os casos acabam aumentando. Nosso período seco começou antes e o que esperamos é um período de queimadas mais intenso neste ano”, afirma. “Por isso, é essencial que a população evite ações como queimar lixo e mesmo vegetação”, finaliza. (Especial para O Hoje)

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