Com crise, consumidores optam por ovos de páscoa caseiros

Mesmo com o país vivendo uma das piores recessões, o brasileiro não abre mão do chocolate de páscoa

Postado em: 09-04-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Mesmo com o país vivendo uma das piores recessões, o brasileiro não abre mão do chocolate de páscoa

Toni Nascimento

Ana Carolina, 25 anos, é engenheira civil. Ela executa alguns serviços na área e dá aula para um curso de Engenharia em uma universidade particular de Goiânia. Ao contrário do que muita gente imagina a profissão é apenas uma renda extra. A principal fonte de renda da jovem é a sua confeitaria por encomenda, a Esplendoce. E faltando poucos dias para a páscoa, ela espera lucrar em média R$ 2.5 mil só com os ovos de pote, tendo em vista as encomendas já feitas para a data.

Para Ana, o ovo de pote é uma tentativa de fugir do chocolate tradicional que se encontra na páscoa, atraindo o olhar do consumidor para algo diferente, visando um lucro maior. Já Maria Isabella, 22 anos, também aproveita a temporada para vender ovos de páscoa de colher gourmet. Formada em jornalismo, ela trabalha como redatora em uma agência digital e vê a data como uma chance de fazer uma renda complementar. Maria prevê um lucro de até 100% no valor investido para produzir os doces. 

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Essa é a primeira vez desde 2015, logo depois que se iniciou uma das piores recessões econômicas que o país já enfrentou em 2014, que o comércio varejista volta a ter um aumentado no número de vendas em datas comemorativas de grande destaque para o comércio como Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Namorados, Natal e a própria Páscoa.  Algumas projeções, como a da Confederação Nacional do Comércio (CNC), indicam um crescimento de 1,3% em relação ao mesmo período em 2016. 

Data Especial 

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) o Brasil é o 5º maior produtor de chocolate do mundo. “As pessoas continuam fanáticas por essa época e não abrem mão de um bom chocolate caseiro”, lembra Maria Isabella.

Ana Carolina começou no ramo da confeitaria a seis meses, quando surgiu uma oportunidade para fornecer bolos para alguns estabelecimentos de Goiânia, e de boca em boca foi fazendo clientela. Foi ai que ela percebeu que apesar da situação, as pessoas não deixam de gastar com alimentação. “Com ou sem crise as pessoas adoram comprar um docinho para matar o desejo ou presentear alguém”, completou Ana. 

Uma pesquisa do IBOPE revela que 63% dos brasileiros possuem o hábito de presentear com chocolates nesta data, isso significa que mais da metade da população ainda mantém uma tradição de dar ovos de chocolate na Páscoa. A diferença é que hoje em dia os ovos vendidos pelo varejo, com brindes para crianças, já não são necessariamente a primeira opção. Ovos caseiros podem se tornar mais lucrativos aos olhos do consumidor, uma vez que são mais baratos e até mais saborosos, feitos com um cuidado artesanal.  

Saída alternativa é uma das vantagens  

As datas especiais são sempre uma saída alternativa, tanto para aqueles, que apesar de ter uma renda fixa, querem ganhar uma grana extra, quanto para aqueles que estão desempregados e precisam achar uma forma de conseguir dinheiro rápido. Além disso, Ana aproveita a oportunidade para popularizar mais o seu negócio e reafirmar a sua marca no mercado e diante do público consumidor. 

“Meu objetivo com a comercialização de ovos para a Páscoa, além da renda extra, é divulgar a minha marca e mostrar que trabalho com produtos variados dentro da confeitaria/doceria”, afirma Ana. A estratégia é usar todo o lucro para investimento dentro do próprio negócio. “Meus ganhos são direcionados para ampliação da Esplendoce, investindo em equipamentos, utensílios, cursos e outras melhorias tanto no negócio quanto na minha profissionalização”, completou. 

Maria Isabella pretende usar a grana para “sair do sufoco” e conseguir pagar algumas contas que ficaram para trás. Ela trabalha com chocolate há um ano e meio, e apesar das expectativas, sentiu uma queda do número de encomendas e um aumento na concorrência. “As pessoas consideram um produto muito fácil de produzir, além de muito rentável, então tem aumentado bastante a concorrência” afirmou. 

 

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