“Arte decó não existe em Goiânia” segundo professora goiana

Em meados de 2003 houve um decreto de tombamento da cidade, contudo para a professora esse tombamento é político e não técnico

Postado em: 10-04-2017 às 16h00
Por: Toni Nascimento
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Em meados de 2003 houve um decreto de tombamento da cidade, contudo para a professora esse tombamento é político e não técnico

Ingrid Reis especial para O Hoje

Todos nós
estudamos a vida inteira a respeito do patrimônio artístico e cultural de
Goiás, e que o estado foi criado usando traços da arquitetura art-decó.
Contudo, essa definição entre a academia de arquitetura tem dado muitas
discussões uma vez que não são todos os profissionais da área que concordam que
Goiânia possui esse acervo.

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Para a professora
doutora da pontifícia Universidade Católica de Goiás, Ana Maria Diniz, a
arte-deco é um mito em Goiânia. Em meados de 2003 houve um decreto de
tombamento da cidade, contudo para a professora esse tombamento é político e
não técnico. Ainda segundo ela, se existir um sitio, um acervo a cidade possui
um recuso federal.

Ainda segundo a
professora, a reforma da praça cívica é em função deste decreto. Essa última
intervenção tirou o caráter centralizador no qual a cidade foi criada, com o
prédio da prefeitura no centro da praça cívica. A cidade foi concebida com uma
praça com um caráter simbólico com um cetro cívico administrativo, representado
por uma prefeitura ao centro e outro órgãos como secretarias ao redor.

A obra do Atílio
Correia Lima como o Grande Hotel é um dos patrimônios tombados devido à arte
deco. Contudo, para Ana Maria, Atílio quis trazer para Goiânia o que e ele
aprendeu na França, que é bem mais modernismo e a técnica do concreto armado.
Ainda de acordo com a professora, a cidade não possui um acervo art deco.

O que existe na
capital são prédios antigos e singelos. Houve uma vontade de sintonizar a
cidade ao movimento que acontecia na Europa e nos Estados Unidos. Quando a
capital foi construída havia muita dificuldade em trazer material que muitas
vezes além de demorar, chegava por meio de carros de bois.  

Apesar de tudo a
professora ressalta que Goiânia como capital não perde sua importância por não possuir
esse estilo. “Enquanto acreditamos que somos art deco, isso impedirá que novas
pesquisas descubram quem realmente somos”, ressaltou Ana Maria Diniz. A cidade
tem uma diversidade de arquitetura que além de ser pouco conhecida, não é
cuidado.

Existem em Goiânia
apenas três monumentos que são art-deco segundo Ana Maria: a estação
ferroviária, o monumento do relógio na inicio da Avenida Goiás e o Teatro
Goiânia. E esses três exemplares são tardios ao movimento que acontecia na
Europa e nos Estados Unidos. Nesses dois locais, o movimento não foi realizado
por grandes arquitetos, mas eles estavam ligados ao que acontecia na época,
como os objetos de consumo, além da era do cinema e do rádio. No caso do Teatro
Goiânia, a fachada da lateral lembra a estação ferroviária, a era do
rádio. 

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