Plano quer reduzir captação de água do Meia Ponte

Para especialista, as medidas previstas são necessárias, já que são de efeito imediato

Postado em: 26-06-2021 às 08h35
Por: Maiara Dal Bosco
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Para especialista, as medidas previstas são necessárias, já que são de efeito imediato | Foto: Reprodução

Em um cenário de escassez e com vazão média diária de 8.409 l/s, o que representa um nível de alerta na Bacia do Rio Meia Ponte, as normas para uso dos recursos hídricos podem se tornar mais rígidas pelos próximos anos. O Plano de Recursos Hídricos das Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos do Estado de Goiás Afluentes ao Rio Meia Ponte propõe a redução da água captada.

A ação engloba os elementos estratégicos para gestão de recursos hídricos considerando a capacidade de intervenção e governabilidade do setor público na condição de mediador e executor de ações. Neste panorama, o Plano de Ação preliminar, no que cabe aos aspectos socioeconômicos não interferem na dinâmica de desenvolvimento local ou regional, mas apontam para a necessidade, cada vez mais atual de melhoria dos sistemas de mediação tanto entre Governos-Estados e Sociedade Civil, quanto de diálogo interfederativo.

O documento preliminar é, ainda, dividido em Prognóstico, atuação do Comitê de Bacia, e matriz preliminar do Plano de Ação. Para a indústria, por exemplo, propõe-se uma redução de 50% da vazão captada, com incentivo a medidas como reuso de água, captação e água de chuva, que poderiam diminuir significativamente a quantidade de água necessária.

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Medidas necessárias

Na visão de Gerson Neto, ambientalista e conselheiro da Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (ARCA), as medidas adotadas pelo Governo de Goiás são duras e extremamente necessárias. “São medidas de efeito imediato, quando se reduz a captação de água na Bacia você recupera água para o rio. Mas além dessas medidas é urgente que façamos ações para garantir a água a longo prazo. Precisamos criar uma grande Área de Proteção Ambiental, APA, na região do Rio Meia Ponte como a que temos no Ribeirão João Leite”, afirma.

Segundo o especialista em planejamento Urbano e Ambiental, é preciso recuperar as nascentes, reflorestar as áreas de recarga das nascentes mais importantes, inclusive construindo Parques Ecológicos. “Precisamos reflorestar as matas ciliares de toda a bacia também”, destacou Gerson.

Outro ponto destacado pelo ambientalista nesta questão diz respeito às metas de crescimento da Capital. “Goiânia precisa rever suas metas de crescimento, porque se estamos tendo problemas com abastecimento de água agora, que sentido teria aumentar a população da cidade de forma intencional? Por fim, Goiânia não pode continuar poluindo o Meia Ponte e entregando um rio destruído para as próximas cidades da bacia. É preciso despoluir o rio o quanto antes”, finalizou.

Recomendações

O Plano prevê recomendações para grupos de atores estratégicos contribuírem na implementação do Plano de Ações da UPGRH do Rio Meia Ponte. No caso da agricultura, são recomendados, entre outras, ações como a adoção de práticas conservacionistas no uso e manejo dos solos; utilização de defensivos agrícolas apenas com recomendação e acompanhamento técnico e realizar o descarte adequado das embalagens, além da manutenção das matas ciliares onde existentes e recompor onde foram suprimidas, por exemplo.

Aos usuários de água do setor da pecuária, recomenda-se ações como o trato da pastagem como cultura plantada, corrigindo a acidez do solo, adubando e controlando pragas e doenças, utilização da taxa de lotação de animais compatível com a capacidade de suporte da pastagem, manutenção das  matas ciliares existentes e recompor aquelas que foram suprimidas, recuperação de áreas de pastagem degradadas, entre outras.

No turismo, da pesca e do lazer, recomendam-se medidas como o fortalecimento da organização do setor de turismo e da pesca esportiva, o desenvolvimento do turismo relacionado aos recursos hídricos integrado a iniciativas de conscientização e educação ambiental, bem como o investimento na capacitação dos profissionais do turismo, entre outros. (Especial para O Hoje)

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