Salto de 52% na tarifa de energia assusta consumidor

Aumento na conta valerá a partir de julho

Postado em: 30-06-2021 às 07h28
Por: Maiara Dal Bosco
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Aumento na conta valerá a partir de julho | Foto: Reprodução

Os consumidores sentirão no bolso mais um aumento na conta de energia elétrica, a partir de julho. Isso porque a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, ontem (29), o índice de reajuste do valor da bandeira tarifária a ser pago pelos consumidores. O custo da bandeira vermelha 2, o mais alto do sistema, aumenta de R$ 6,24 para R$ 9,49 para cada 100 kwh (quilowatt-hora) consumidos – um reajuste de 52% sobre o valor que já vinha sendo cobrado desde junho e que a agência prevê que siga em vigor até pelo menos novembro, devido ao baixo índice de chuvas em boa parte do país e a consequente queda do nível dos reservatórios hídricos.

A diretoria da agência também decidiu os novos valores para as outras bandeiras. A amarela será de R$ 1,874 a cada 100 kWh e a vermelha patamar 1, de R$ 3,971 a cada 100 kWh. A bandeira verde, que indica boas condições de geração de energia, é gratuita desde a adoção do sistema, em 2015. De acordo com o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, a questão da bandeira é, acima de tudo, uma ferramenta de “Ela sinaliza, mês a mês, as condições de geração [energética] no país. [Condições estas] que refletem os custos cobrados. Não existe, portanto, um novo custo. É um sinal de preços que mostra ao consumidor o custo real da geração no momento em que ela ocorre”, disse Pepitone, afirmando que o país enfrenta uma “crise hídrica que se reflete no setor elétrico”, obrigando o acionamento de usinas térmicas, mais caras.

Termoelétricas 

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O economista Aurélio Troncoso, professor e coordenador do Centro de Pesquisas do Mestrado da Unialfa explica que o aumento pode ser justificado pelo uso das termoelétricas. “Temos que lembrar que energia não se pode acumular, nem armazenar. Ela se perde no espaço, se dissipa. Então, há uma perda natural de quase 25% na transmissão dela. Mas, apesar disso, é importante destacar a importância das termoelétricas, porque se não fossem por elas, teríamos um apagão”, afirma Aurélio, referindo-se às baixas nos níveis de água para produção de energia em hidrelétricas. 

Segundo ele, neste momento de restrição que o País está passando por conta da pandemia de Covid-19, a tarifa não deveria aumentar agora. “Ao mesmo tempo em que estamos tendo bandeira vermelha, aumento da tarifa, principalmente a classe mais pobre será mais afetada, porque estas pessoas sobrevivem com um salário mínimo, então quando há o aumento, haverá um impacto significativo no poder de compra desta população, que será diminuído”, afirma. 

Para o especialista, uma medida que o governo poderia tomar seria diminuir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pago pelo consumidor em produtos como eletrodomésticos, alimentos, serviços de comunicação e transporte intermunicipal e interestadual, entre outros. Entretanto, como isso dificilmente será feito pelo Estado, o economista recomenda que as pessoas comecem a economizar energia desde já. 

“Ações simples podem fazer a diferença, como evitar de ligar o aparelho de ar condicionado sem necessidade, não abrir e fechar a geladeira o tempo inteiro, utilizar o ferro de passar roupa uma vez por semana, não demorar mais do que 5 minutos ao tomar banho”, afirma. Segundo ele, outra dica importante é trocar equipamentos elétricos por produtos que tenham menor consumo de energia, além de trocar lâmpadas incandescentes por led ou mesmo por energia solar, no caso dos chuveiros. “Na minha casa já consegui reduzir a conta de luz em cerca de 20% com a adoção destas medidas cotidianas, e espero reduzir ainda mais”, finaliza. 

Procurada pela reportagem, a Enel Distribuição afirmou que não praticou nenhum reajuste tarifário em 2021, ressaltando que a bandeira tarifária é definida pela Aneel, agência reguladora de todas as distribuidoras de energia do Brasil, e que, com isso, a Enel e as demais empresas do setor só seguem o que é estabelecido pela Agência. 

Anteriormente, a Aneel aprovou, em outubro de 2020, novas tarifas para a Enel Distribuição Goiás. À ocasião, o efeito médio do reajuste foi de 4,28%, sendo 2,53% o aumento na tarifa para os consumidores residenciais, que representam mais de 85% de todos os clientes da Enel Goiás.  (Especial para O Hoje)

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