PMs suspeitos de matar garoto alegam legítima defesa

Foi enterrado ontem, em Goiânia, o corpo do estudante Roberto Campos da Silva, de 16 anos, conhecido como Robertinho. O crime ocorreu

Postado em: 20-04-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa

Foi enterrado ontem, em Goiânia, o corpo do estudante Roberto Campos da Silva, de 16 anos, conhecido como Robertinho. O crime ocorreu na casa onde a vítima morava com a família, no Residencial Vale do Araguaia, em Goiânia. Policiais militares invadiram a casa da família e trocaram tiros com o pai do garoto, o mecânico Roberto Lourenço da Silva, de 42 anos, que também foi baleado na noite de segunda-feira (17). Ele foi socorrido e levado ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). O estado de saúde dele é considerado regular.

Segundo o delegado responsável pelo caso, Marco Aurélio Euzébio Ferreira, três policiais militares foram detidos suspeitos de matar a tiros o estudante. A prisão deles foi convertida de flagrante para preventiva na tarde de ontem (19). De acordo com Ferreira, os militares alegaram legítima defesa. Segundo ele, os agentes também disseram que receberam informações de que no local funcionava um ponto de venda de drogas. Segundo a Polícia Civil, os militares invadiram a casa da família e balearam pai e filho.

De acordo com Ferreira, os militares alegam que o pai do adolescente atirou primeiro. Segundo o delegado, Roberto realmente estava armado. No entanto, a madrastra do adolescente e o filho dela, de 14 anos, que estavam na casa e presenciaram o crime, já tinham confirmado esse fato e explicaram que o homem adquiriu o revólver para defesa pessoal depois que foi vítima de um assalto. Testemunhas ressaltaram em depoimento que os policiais já chegaram atirando.

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Investigação

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) informou que os policiais já foram ouvidos pela Corregedoria da Polícia Militar, que apura as circunstâncias do fato e acompanhará todo o trâmite legal. A Polícia Militar de Goiás informou que os militares estão detidos no Presídio Militar.

Um vídeo gravado logo após o crime mostra o desespero da madrasta do adolescente. Nas imagens é possível ver que a mulher afirma que a casa foi invadida e alvejada por policiais militares. De acordo com a madrasta, a família estava em casa quando todas as luzes se apagaram. Assim, o pai e o menor saíram para ver o que tinha acontecido e ela e os outros dois filhos do casal, de 14 e 8 anos, ficaram no interior do imóvel.

Segundo a mulher, ao sair, as vítimas perceberam que todos os outros vizinhos tinham energia e já ficaram apreensivos, pois a família foi vítima de um assalto há três meses, quando foi feita refém e teve um carro roubado. Desde então, o pai comprou uma arma para se defender. A mulher relatou que homens que estavam do lado de fora exigiam que Roberto Lourenço abrisse o portão, mas ele se recusou.

Drogas

De acordo com o delegado, os policiais, pertencentes ao Serviço Reservado da PM, tentaram justificar o motivo que os levaram a entrar na residência. “Eles disseram que receberam uma informação de que no local funcionava um ponto de venda de tráfico de drogas. Porém, não revelaram de onde nem como tiveram acesso a essa suspeita. No local, também não foi encontrado nenhum tipo de entorpecente”, destaca. A dedução sobre a presença de drogas na residência foi mencionada pela madrasta de Robertinho, que estava na casa. Pedindo para não ter a identidade revelada.  (Rhudy Crysthian) 

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