Iphan analisa instalação de pontos do BRT na obra na Praça Cívica

Executivo entregará estudo com maiores definições para construção das estações no local

Postado em: 20-07-2021 às 08h13
Por: João Paulo
Imagem Ilustrando a Notícia: Iphan analisa instalação de pontos do BRT na obra na Praça Cívica
Executivo entregará estudo com maiores definições para construção das estações no local | Foto: Reprodução

O avanço das obras do BRT na Praça Cívica, no Centro de Goiânia, trouxe um novo desafio para a Prefeitura de Goiânia. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) deu aval para que fosse feita a concretagem no anel interno da Praça, mas ainda espera que o Executivo lhe oferte um estudo para maiores definições das paradas de ônibus que serão colocadas no local. Até lá, a construção das mesmas não está autorizada. Os trabalhos da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) tem previsão de início pro próximo sábado (24).

O superintendente do Iphan, Allyson Cabral, explica que o objetivo é fiscalizar e observar todas as intervenções que podem afetar os conjuntos de prédios construídos em Art Déco no local. Segundo ele, todo o processo já acontece desde que as obras chegaram na Avenida Goiás. “Mesmo com essa intervenção, ocorreu o despencamento da Torre do Relógio. A gente não sabe se coincidiu com o tempo da obra, mas foi feito a restauração e um reforço estrutural para que ela aguente as vibrações”, explica. 

Diante desse episódio, Allysson conta que orientou a Prefeitura para que utilizasse uma técnica de compactação diferente. “Ultimamente, é usado um rolo chamado de ‘pé de carneiro’ que é um rolo liso que usa pedra e brita. Isso causa um trepidação maior e que danifica a integridade dos prédios construídos na década de 1940, que tem uma técnica construtiva diferente de hoje e com as trepidações elas ficam mais sensíveis”, destaca. 

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Diante disso, Allyson reforça que houve uma garantia para que uma outra metodologia seria usada, que é menos prejudicial e que pode causar uma influência menor dos prédios. “Além disso, a prefeitura garantiu que haverá engenheiros e técnicos que estarão acompanhando as obras em tempo real, assim como a construção do piso rígido do anel interno e na construção das estações, levando em consideração as dimensões e altura. Também será levado em consideração o impacto visual que as novas estações causarão no local”, pontua. 

Allyson reforça que é difícil precisar um modelo ideal agora. “O objetivo não é imitar um patrimônio, mas que o moderno contraste com o patrimônio histórico. Não temos um modelo definido agora. Por isso, vamos aguardar o retorno da Prefeitura para analisarmos juntos os impactos e definir o tamanho de toda essa estrutura. Outro fator interessante é que a Prefeitura se disponibilizou em promover uma ação patrimonial, que será realizada na própria Praça. Com isso, haverá uma divulgação desses prédios tombados para que a população fique mais próximos desses bens da humanidade”, destaca. 

A prefeitura de Goiânia reforçou que ocorreu a contratação de uma equipe especializada que terá a obrigação de monitorar todos os dias, com imagens e outros registros, a situação dos prédios durante a intervenção. A obrigação desta equipe será informar em caso de qualquer alteração nas construções. Em situações como esta, as obras deverão ser interrompidas até que se decida o que pode ser feito para que não haja mais comprometimento de bens tombados. 

Em janeiro do ano passado, o episódio da Torre do Relógio levou o Iphan a solicitar a suspensão das obras com o risco de agravar as estruturas dos itens históricos. Dois meses depois, foi pedida a abertura de processo para licenciamento ambiental da área por receio do impacto em todo o acervo. O Ministério Público Federal deu parecer, em agosto, contrário à suspensão e recomendou a troca do maquinário para a execução. Com isso, a obra foi retomada. 

Prefeitura

Fausto Sarmento, titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura da Capital, reforça que todos os trabalhos que serão realizados no local terão a compactação controlada. Ele explica que, tradicionalmente, eles usam um rolo vibratório para compactação que, normalmente, funciona no nível máximo de vibração. Porém, ele afirma que nas regiões que têm características históricas, será usado o nível mínimo para não haver prejuízos.

Fausto destaca que, se houver necessidade, pode haver a suspensão do uso do rolo vibratório. Ele explica que o rolo em nível máximo utiliza de poucas passadas para chegar no resultado necessário. Porém, no nível mínimo, é necessário a utilização por mais vezes no solo para chegar no ponto necessário para aguentar o peso dos veículos. Diante dessa situação, o secretário acredita que pode levar um atraso no processo que tem previsão de 75 dias de duração. 

O secretário reforçou que haverá uma equipe de arqueólogos da pasta que estarão atuando diariamente nos trabalhos. Segundo ele, os profissionais estavam na frente dos trabalhos que, em maio, encontraram uma galeria de pedra bem em frente à galeria do Grande Hotel e os arqueólogos identificaram que a construção ocorreu na década de 30, bem na época da inauguração do prédio.

Sarmento reconhece a importância do acompanhamento desses trabalhos para que haja a preservação da história da cidade. O BRT Norte-Sul tem extensão de 21,7 km e foi dividido nesses dois trechos: o trecho I, do Terminal Isidória até o Terminal Cruzeiro do Sul, em Aparecida de Goiânia, e o trecho II, do Terminal Recanto do Bosque, na região Norte da cidade, passando pela Praça do Trabalhador, Praça Cívica, Praça do Cruzeiro e chegando até o Terminal Isidória, na região Sul. A expectativa da Seinfra é entregar o trecho II do BRT em outubro de 2021 e o trecho I em 2022. Mas o presidente da Seinfra destaca que o trecho que vai do Terminal Rodoviário ao Terminal Recanto do Bosque vai funcionar até o aniversário de Goiânia (24 de outubro).

Obras no local promove alterações em vias e ônibus

Algumas ruas da região central tiveram o sentido alterado de fluxo. São elas: Rua Dr. Olinto Manso Pereira ( Rua 94), da Av. Assis Chateaubriand à Rua 10. A Rua 14/Rua 1/Rua 12, da Rua 10 à Alameda dos dos Buritis e a Rua 13/Rua 2/Rua 15, da Alameda dos Buritis à Rua 19. 

Outras tiveram conversões alteradas, como na Alameda dos Buritis (sentido Leste/Oeste) terá conversão à esquerda na Rua 13. A Alameda dos Buritis x Rua Dona Gercina Borges (sentido Leste/Oeste) não terá permissão de conversão à esquerda para acesso à Praça Cívica. A Avenida Assis Chateaubriand (sentido Leste/Oeste) terá conversão à esquerda e à direita na Rua Dr. Olinto Manso Pereira ( Rua 94). A Rua 10 x Rua Dr. Olinto Manso Pereira (sentido Sul/Norte) terá conversão à esquerda para acesso à Praça Cívica e o cruzamento da Rua 12 x Alameda Buritis será semaforizado permitindo conversão à esquerda na Alameda dos Buritis

De acordo com Horácio Mello, secretário da SMM, houve uma pesquisa de origem e destino para saber como conduzir essas alterações. “Nós fizemos isso com muito cuidado. Por isso, vamos colocar agentes no local, sinalização e toda tecnologia necessária para que essas mudanças ocorram com toda a segurança possível.”

Ônibus

Seis pontos que estão no anel da Praça Civil serão remanejados. O presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Tarcísio Abreu, explica que a estratégia foi montada após diálogo com usuários, ouvindo a população que usa o transporte público da região.

A CMTC frisa que as linhas que passam pela Praça Cívica também serão alteradas para o anel externo, concentrando os abrigos em pontos estratégicos, sem prejuízo à rotina dos usuários.

“Alguns pontos já foram realocados. Também fizemos um estudo que mostre o volume de pessoas nos pontos e que os passageiros não tenham prejuízos em relação ao horário. Os pontos serão realizados nas proximidades dos antigos pontos, o que não vai trazer grandes surpresas ao usuário”, destaca Tarcísio.

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