Funai cria grupo de trabalho para investigar ataque a índios Gamela no Maranhão

De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), pelo menos 13 índios foram feridos

Postado em: 02-05-2017 às 17h10
Por: Toni Nascimento
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De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), pelo menos 13 índios foram feridos

Os indígenas foram atacados por homens armados com facões e
armas de fogo. A região é palco de conflitos agrários. De acordo com o Conselho
Indigenista Missionário (Cimi), pelo menos 13 índios foram feridos.

Costa disse que a Funai irá acompanhar também o inquérito
policial que apura o caso. “A partir desta tarde, as providências estão sendo
tomadas para que servidores se desloquem para o local para providência de um
relatório. Além disso, tem também as providências jurídicas que estão sendo
tomadas pela nossa procuradoria-geral para o acompanhamento legal do inquérito
junto à delegacia de Viana”, disse Costa após comandar reunião na sede da Funai
em que o tema foi discutido.

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O presidente do órgão indigenista disse que o pedido de
solicitação de demarcação de terra dos Gamela só chegou efetivamente à Funai em
2016 e que a instituição não tem pessoal suficiente para analisar os vários
processos. “Ele faz parte de um rol de vários processos de solicitação de
demarcação de terra e que, devido à quantidade de processos que a Funai tem
hoje e a mão de obra escassa que a instituição vem passando nos últimos anos,
impossibilita a instituição de poder acompanhar todas essas solicitações”,
justificou.

Costa disse que vai se reunir esta tarde com o
secretário-executivo do Ministério da Justiça, José Levi, para tratar do caso.

Visita a Viana

Após visitar hoje o local do conflito, o secretário de
Segurança Pública do Maranhão, Jefferson Portela, disse que o estado está
tomando as medidas para garantir a segurança na região e aguarda as
providências dos órgãos federais. “Não vamos permitir ações violentas.
Conversamos com todo os lados envolvidos e dissemos que o estado vai garantir a
integridade de todas as pessoas, a lei e a ordem”, disse.

Pelo Twitter, o governador do Maranhão, Flávio Dino, postou
fotos de ofício que, segundo ele, foi enviado em agosto de 2016 pelo governo
estadual à Coordenação Regional da Funai no Maranhão pedindo informações sobre
as providências adotadas quanto à criação de um grupo de trabalho para estudos
de identificação, demarcação e delimitação do território Gamela para evitar o
agravamento de conflitos. Outra foto traz um documento com a resposta da Funai
registrando que desde 2012 a instituição não dispõe de mecanismo de contratação
de profissionais externos para compor e coordenar grupos de trabalho.

Também no Twitter, Flávio Dino escreveu que “se a Funai não
tem nenhuma verba para ir à região fazer estudos e reuniões, me disponho a
pagar, para que haja paz”.

Demarcação

Os índios da etnia Gamela reivindicam uma área no Norte do
Maranhão que teria sido doada pela Coroa Portuguesa no século 18 e que eles
reclamam ter sido ocupada por fazendeiros ao longo dos anos. Os indígenas
querem a demarcação das terras.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) repudiou
os ataques e disse que os Gamela já vinham denunciando os planos de fazendeiros
para matar lideranças de seu povo.

“Não admitimos mais a morte de nosso povo e iremos até as
instâncias internacionais cobrar a responsabilização daqueles que de forma
descarada violam e incitam violências contra nossas comunidades confiando na
impunidade de seus atos”, disse a entidade em nota.

(Agência Brasil) 

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