Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Um em cada dez estudantes no Brasil já sofreu ‘Bullying’

Para especialistas, discutir o tema e proporcionar recursos é fundamental para combater a violência. Responsabilidade é de todos e respeito às diferenças devem prevalecer

Postado em: 06-05-2017 às 08h00
Por: Sheyla Sousa
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Para especialistas, discutir o tema e proporcionar recursos é fundamental para combater a violência. Responsabilidade é de todos e respeito às diferenças devem prevalecer

Wilton Morais 

Estabeleceu-se, o dia 7 de abril, conforme lei sancionada, no ano passado, o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. Em Goiânia, a prática não foge as estatísticas nacionais, que segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015, um em cada dez estudantes no Brasil é vítima frequente da prática abusiva.

O Bullyng se caracteriza por agressões intencionadas, sejam essas verbais ou físicas, realizadas de maneira repetitiva. Em Goiânia, a prática nas escolas também é real, o que provoca o alerta da sociedade, para o combate e discussão. 

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Dados de 2016, em relação à Educação de Adolescentes Jovens e Adultos (Eaja), revelam que 1% dos estudantes, com 15 ou mais anos, sofreu ameaça ou intimidação na escola, muitas vezes ou quase sempre. Dos 2.596 dos pesquisados, 3% receberam apelidos pejorativos, por muitas vezes ou sempre. A pesquisa também mostra, que 2% sofreram insultos na escola.

“Os dados do Pisa refletem a realidade das nossas instituições. Por meio de relatos, sabemos que o trabalho de forma preventiva tem auxiliado o combate”, considera a responsável pelo apoio técnico ao professor da Superintendência Pedagógica e de Esporte da SME, Gisella de Souza Almeida. 

Combate

A Secretaria Municipal de Educação (SME) procura combater a prática do bullying diariamente e de forma preventiva, na Capital. Gisella ressalta que disponibilizar materiais didáticos, para a formação continua de professores é essencial ao combate. 

“Tanto na educação infantil, ensino fundamental e Eaja, já é de praxe tratarmos da diversidade. Porque, as pessoas vitimizadas pelo bullying, fogem do padrão. É aquela pessoa que é diferente, tímida. São padrões convencionados”, explica Gisella. De acordo com a representante, os funcionários da rede, recebem cursos com essas temáticas, para orientação. 

Apresentações culturais e artísticas, também fazem parte da realidade escolar, em combate a violência. “Mas sabemos diferenciar quando é um ato de brincadeira de mau gosto, de uma coisa mais seria como é o bullying”, disse Gissela. A responsável pelo apoio técnico ao professor, também considera que os dados são de declarações, o que possibilita que nem todas as vítimas queiram falar sobre a violência. 

Responsabilidade 

A professora e doutora adjunta de Psicologia da Educação, na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Jordana Balduíno, alerta que o combate ao bullyng é de responsabilidade de todos. “A sociedade está muito preocupada com rendimento escolar e resultados, não se pode esquecer. A educação é mais que isso. Nós temos esse compromisso como professores e família, não há como negar isso”, alerta a professora.

De acordo com a especialista, o bullyng está presente na sociedade, desde os primórdios da vida humana. “Não é um fenômeno novo e nem isolado da escola. Vivemos isso em todos os períodos da humanidade, considerando os preconceitos raciais, contra a mulher, o negro e outros”, considera.

A professora também ressalta que o ato de culpabilizar a criança e sua família ou o professor por não saber lidar com a situação é equivoco. “Isso inviabiliza os aspectos sociais e históricos, econômicos e culturais, onde o preconceito se fez e faz presente. O bullying é reflexo da vivencia em sociedade”, explica. “Isso é prejudicial ao debate, à criança e sua família, ou o professor por não saber lidar com a situação, o que é um equivoco”, alerta.

Equidade 

Para Balduíno, o princípio de equidade é fundamental para combater o bullyng. “A escola tem que combater reconhecendo as diferenças, mas sem negar o direito da criança. É pensar que somos iguais perante nossos direitos”, considera. Dessa maneira, pensar e exercer o papel de educar, pensando na educação cidadã, respeitando os diferentes pensamentos, bem como as particularidades e singularidades de cada individuo se fazem fundamentais, para a garantia do combate ao bullying. 

A reportagem do Hoje entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), mas devido ao curto prazo, a pasta não conseguiu passar dados que mostrem a realidade das escolas estaduais. Porém, ressaltou que tem realizado métodos de combate ao bullyng semelhante ao município.

 

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