Pela 1ª vez imprensa visita hospital que trata pacientes com Covid-19 em Goiânia

Imunizado contra a doença, o repórter assinou termo de visita presencial, foi paramentado e conheceu todas as instalações. Confira a 1ª parte da visita

Postado em: 08-08-2021 às 15h00
Por: Nielton Soares
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Imunizado contra a doença, o repórter assinou termo de visita presencial, foi paramentado e conheceu todas as instalações. Confira a 1ª parte da visita | Foto: Nielton Soares

Após o registro hospitalar do primeiro caso do novo Coronavírus em Goiás, confirmado oficialmente em 12 de março do ano passado, pela primeira vez um hospital em Goiás permitiu a entrada da imprensa para mostrar à população como funciona todos os procedimentos para o tratamento de pacientes atestados com a pior doença contagiosa dos últimos anos.

Do final daquele mês até os dias atuais, todos nós tivemos que enfrentar restrições e isolamentos sociais, além do uso obrigatório de máscaras e outras medidas de segurança sanitárias. Tudo para evitar a disseminação da doença e a sobrecarga no sistema de Saúde, sobretudo dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Cientificamente, ainda não há medicamentos que cure ou evite precocemente a Covid-19. Por enquanto, a única garantia de eficácia é a vacinação, mas também não é 100%. Eu, por exemplo, recebi a primeira dose da vacina, no dia 28 de junho, quando os jornalistas entraram para o grupo de prioritários da imunização no Estado.

O convite para que O Hoje fosse conhecer todas as instalações do Hospital Gastro Salustiano, localizado no Setor Aeroporto, partiu da própria direção da unidade. A decisão foi em resposta a uma denúncia de uma leitora ao jornal, que alegava não receber informações de um parente internado com Covid-19 na unidade e, além disso, citava altos índices de óbitos registrados no local.     

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A reclamação sobre o atendimento do hospital foi feita pelos canais do jornal, por onde os leitores costumam entrar em contato. Como é critério do bom jornalismo, o qual se deve ouvir todos os envolvidos de um fato. Inicialmente, no dia 26 de julho, o hospital foi procurado e, assim também, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego).

Em menos de uma hora, daquele dia, a direção do Gastro respondeu, estendendo o convite para que eu visitasse internamente o hospital. Por ser algo incomum, dado o momento ainda de restrições, e o que também motivou reclamações por quem busca informações de pacientes presencialmente, comuniquei a chefia da redação, que deixou ao meu critério a ida à unidade. Senti-me na responsabilidade de aceitar, como resposta aos nossos leitores, mas também para trazer mais detalhes de como é o funcionamento de um hospital que se especificou para o tratamento da Covid-19.

Depois de confirmar e combinar a visita, que apenas permitia uma pessoa, recebi um termo de visita presencial informando sobre os riscos e os cuidados para serem tomados. Assinado, enviei o documento por WhatsApp. E no dia 29 de julho me dirigi ao hospital. Lá, fui recepcionado pela coordenadora geral de enfermagem Ana Paula Araújo e pela coordenadora de UTIs Lilian Siqueira. Próximo à recepção, uma porta dá acesso a um corredor, onde há pias, álcool em gel e papéis toalha. Lá me instruíram a higienizar as mãos, fui paramentado e recebi mais uma máscara, além da que já estava utilizando. Logo do lado esquerdo, já ficam os leitos de UTIs. “São 20 leitos de UTIs aqui”, apontou Lilian. Fiquei em dúvida se realmente poderia entrar ali. Mas sim, a direção estava disposta a mostrar tudo. E imagina para quem exerce uma profissão, que dentre as características, está a curiosidade?    

Dentro da UTI

Logo na entrada da UTI, um painel de TV mostra em tempo real cada leito (foto). “Esse monitoramento é feito também pelo celular”, mostrou-me Lilian, a mesma imagem no aparelho dela. Anexada à parede, ela indicou a lista da equipe multidisciplinar composta por 11 profissionais responsáveis por aquele departamento. Quando estávamos ainda na UTI, chegou o diretor do hospital, o médico Salustiano Gabriel Neto, que passou a me conduzir pelas instalações. Voltamos para a recepção, onde ele mostrou o primeiro procedimento quando a pessoa é internada na unidade. “O responsável recebe um documento, informa o nome e telefone. E é para ele que iremos ligar e passar o boletim diário sobre o paciente”, explicou.

No próprio celular, Salustiano mostrou todo o controle das ligações realizadas pela equipe aos parentes. “São feitas três tentativas de ligações”, apontou ele em uma planilha, contendo alguns dados dos pacientes e nome dos responsáveis. Para o diretor, o ato de ligar foi uma escolha mais segura e permite aos pacientes tirarem dúvidas com os profissionais. Porém, ele cita que há casos em que a pessoa não atende, por vários motivos, inclusive, por internação também por Covid-19.

Ainda sobre a comunicação, o diretor mostrou diversos casos em que a família preocupada com o estado de saúde do familiar, buscou informações fora do horário do termo de internação. Situações em que são mediadas pelo próprio médico, como também pedidos de autorização para terceiros receberem o boletim e interpretar melhor as informações, como exemplos, médicos da família. “Houve um caso de uma professora de um rapaz de 15 anos que estava internado aqui, e a mãe pediu para passarmos informações para ela”, mostrou o diálogo no WhatsApp, contendo vídeos do adolescente deitado em uma cama. “Infelizmente, ele morreu”, lamentou.

A visita ao hospital durou quase 2h30, período que pude percorrer os caminhos da chegada do paciente até a sua internação, seja na UTI ou na enfermaria. Você vai entender como é feita a triagem de quem, por exemplo, tem exame falso negativo. Leia a continuação desse relato que será publicado aqui no ohoje.com no próximo domingo (14/08).

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