Em nota, Adufg repudia declarações do ministro da Educação sobre universidades federais

Milton Ribeiro disse, em entrevista, que “Universidade deveria ser para poucos, no sentido de ser útil para a sociedade”.

Postado em: 10-08-2021 às 16h12
Por: Luan Monteiro
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Milton Ribeiro disse, em entrevista, que “Universidade deveria ser para poucos, no sentido de ser útil para a sociedade” | Foto: Reprodução

A Diretoria do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato) divulgou nesta terça-feira (10/08), nota de repúdio contra as declarações do ministro da Educação, Milton Ribeiro, de que as universidades deveriam ser para poucos.

“Educar os cidadãos não é interessante para o governo Bolsonaro, que gostaria de transformá-los em analfabetos funcionais para tê-los como massa de manobra”, diz trecho da nota do Adufg.

O texto, assinado pelo presidente da entidade, professor Flávio Alves da Silva, também defende reitores e professores dos ataques do titular do MEC. “O ministro não demonstra compromisso com a qualidade do ensino e não tem competência para o cargo que ocupa”, diz o documento.

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Na última segunda-feira (09/08), em entrevista ao programa “Sem Censura”, da TV Brasil, Milton Ribeiro disse que “a universidade, na verdade, deveria ser para poucos” e que o futuro são institutos federais que, segundo ele, formarão técnicos.

Ainda segundo Milton, reitores de universidades não podem ser “esquedistas e lulistas” e que as universidades não podem “se tornar comitês políticos”. “Não pode ser esquerdista, lulista. Eu acho que reitor tem que cuidar da educação e ponto-final, e respeitar quem pensa diferente. As universidades federais não podem se tornar comitê político de um partido A, de direita, e muito menos de esquerda.”, disse.

Confira a nota na íntegra:

Nota de repúdio

A Diretoria do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato) vem a público manifestar seu total repúdio às declarações do ministro da Educação, Milton Ribeiro, que, nesta segunda-feira (09/08), em entrevista à TV Brasil, defendeu que as universidades deveriam ser para poucos. Segundo ele, as instituições não são tão úteis à sociedade. Mais uma vez, por meio do titular do MEC, o governo Bolsonaro demonstra sua falta de compromisso com a igualdade social e com a formação da população.

Milton Ribeiro reforçou o discurso obscuro da atual gestão, que ignora diariamente o conhecimento científico e o ensino público, gratuito, e de qualidade. Educar os cidadãos não é interessante para o governo Bolsonaro, que gostaria de transformá-los em analfabetos funcionais para usá-los como massa de manobra.

Ao contrário do que diz o ministro, as universidades têm papel fundamental na sociedade e são responsáveis por mais benefícios à população do que ele mesmo e o próprio governo. As universidades federais, inclusive, são responsáveis por diversas ações de combate ao coronavírus (Covid-19), como pesquisas de vacinas e medicamentos, além do atendimento aos pacientes na linha de frente aos pacientes.

Milton Ribeiro também criticou parte dos professores brasileiros. Segundo ele, há educadores que agem “com viés político-ideológico” e prejudicam o retorno das aulas presenciais. Causa estranheza que as críticas tenham partido de um ministro cuja pasta foi totalmente omissa durante a pandemia. Assim como as demais áreas do governo, a gestão do MEC foi pautada por negacionismo, afronta à ciência e descaso com a sociedade.

O show de horrores do ministro ainda teve espaço para dizer que “reitores não podem ser de esquerda ou lulistas e que as universidades não podem se tornar comitê político de um partido A, de direita, e muito menos de esquerda”. No entanto, não é isso que o governo tem demonstrado, uma vez que o presidente Jair Bolsonaro ignorou a democracia universitária e nomeou diversos reitores que são seus apoiadores.

Para a Diretoria do Adufg-Sindicato, o ministro Milton Ribeiro não demonstra o menor compromisso com a qualidade do ensino e não possui competência mínima para o cargo que ocupa. Sob a liderança dele, o MEC acumula erros em transferências de recursos, cortes orçamentários e suspeitas de atuação a favor de um grupo educacional religioso.

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