Excesso de fios elétricos expostos poluem e causam problemas

Projetos para fiação subterrânea não emplacaram

Postado em: 21-08-2021 às 08h51
Por: Maiara Dal Bosco
Imagem Ilustrando a Notícia: Excesso de fios elétricos expostos poluem e causam problemas
Projetos para fiação subterrânea não emplacaram | Foto: Jota Eurípedes

Quedas de energias e acidentes por conta de fios elétricos expostos há muito tempo são problemas enfrentados nas grandes cidades, e Goiânia não seria diferente. Por este motivo, ainda em 2019 foi apresentado à Câmara o projeto de lei nº 85/2019, que obrigaria as concessionárias de distribuição de energia de baixa tensão e comunicação a substituir toda a fiação dos postos por redes de cabeamentos subterrâneos. Entretanto, ao que apurou a reportagem de O Hoje, a questão não foi mais discutida. 

Anterior a este projeto de lei já existia em Goiânia a lei municipal nº 10.206/2018, que obriga a concessionária de energia a tornar todo o cabeamento de linhas de transmissão de energia superior a 69 KV subterrâneo. À ocasião da apresentação do projeto de lei nº 85/2019, o então vereador Álvaro da Universo, autor da proposta afirmou que foi verificado que a respectiva lei não abarcava as linhas de distribuição de baixa tensão que levam a energia para as ligações prediais, além de que boa parte do emaranhado de fios que poluem e colocam em risco a população são de outras concessionárias e prestadoras de serviços públicos, como empresas de telefonia.

A arquiteta e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-GO, Adriana Mikulaschek, explica que o cabeamento subterrâneo, além de ter o fator estético muito importante, porque limpa a cidade, também interfere na questão principal, que é a do choque que os fios têm com a arborização. “Quando vêm os ventos, as chuvas e a energia acaba, pessoas e empresas têm problemas e danos em decorrência disso”, afirma. Segundo Adriana, que também é conselheira federal suplente pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU), o gasto público com a poda das árvores para evitar esses problemas também é um fator importante a ser levado em conta, uma vez que é bastante expressivo, não só com a poda, mas também em cada vez que a energia acaba. 

Continua após a publicidade

“Quando o cabo está aéreo, por outro lado, é como se não pudéssemos ter árvores. E, pensando em Goiânia, se torna complicado porque temos períodos de secas que duram três, quatro meses. Com isso, a umidade relativa do ar fica baixa, então as árvores têm um papel fundamental nessa questão, que acaba sendo atrapalhado”, destaca a arquiteta.

Custos

Sobre os custos, a arquiteta explica que o cabeamento subterrâneo tem um custo alto para ser instalado. “Por isso que se pensa muito sobre essa questão, porque os cabos subterrâneos são bem onerosos. Entretanto, a longo prazo o custo se paga porque existem estudos que mostram que regiões com maior quantidade de árvores e áreas verdes gastam menos energia, já que o ambiente fica mais úmido, a umidade vem com o vento e deste modo há menos necessidade do uso de ar condicionado, por exemplo”, ressalta Adriana Mikulaschek. 

A arquiteta destaca que a questão do cabeamento subterrâneo se torna, a cada dia que passa, mais importante, sobretudo por conta do aspecto ambiental. “É uma questão séria. Estamos nos atentando para as mudanças climáticas que estão acontecendo e não estamos adaptando a cidade a isso. Então se trabalharmos o cabeamento subterrâneo, e aumentarmos o número de árvores, já seria um pequeno passo, e é muito importante que [a alteração] seja feita logo”, pontua. 

Segundo a especialista, a alteração dos fios depende da verba e também do interesse público. “Os fios serão enterrados nas calçadas. Muitas dessas calçadas foram reconstruídas recentemente e adaptadas para acessibilidade, então teria que quebrar e refazer. O que a prefeitura poderia fazer seria calçamentos unificados, para que toda a calçada fosse igual. Claro que os benefícios são muitos, que vão desde a economia com a manutenção da fiação até a própria melhoria do microclima”, pontua Adriana, que acredita que a mudança ainda deve ser realizada na Capital. (Especial para O Hoje)

Veja Também