Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Aumenta violência contra crianças em Goiás

Violência praticada contra menores preocupa especialistas que sugerem melhor aplicação da lei e cuidado por parte dos responsáveis

Postado em: 29-05-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Violência praticada contra menores preocupa especialistas que sugerem melhor aplicação da lei e cuidado por parte dos responsáveis

Wilton Morais

Dados da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciaria (SSAP-GO) apontam aumento no índice de crimes contra crianças no Estado. Apenas neste ano, a Secretaria registrou até a quarta-feira (25), cinco casos de Lesão Corporal Seguida de Morte. Em 2016, não houve nenhum tipo de crime dessa natureza, em todo o ano. 

Se tratando de lesão corporal dolosa, são 52 casos, em 2016. O que representa em balanço, 4,3 casos por mês. Neste ano, foram registrados 26 casos de lesão corporal dolosa, na proporção 5,2 casos por mês, durante os cinco primeiros meses deste ano.

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Por outro lado, se comparado à média de homicídio contra crianças, no ano passado, por mês foram 1,25 – do total de 15 registros. De janeiro até maio deste ano, a proporção é igual a 0,8 registros. Foram quatro casos até maio. Mesmo assim, os números sugerem tanto no ano anterior quanto neste ano, que houve praticamente um caso por mês.

O aumento também foi registrado nas tentativas de homicídios. Apenas no decorrer de 2016, aconteceram 21 tentativas. Já nesse ano, aconteceram 12 tentativas de homicídios contra crianças. Em proporção, foram 1,7 tentativas por mês, em 2016. E de janeiro até maio deste ano – 2,4 tentativas. 

Combate

A delegada titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Paula Meotti, assegura que para evitar o crime de tentativa de homicídios, em Goiânia, o foco da delegacia consiste em dar celeridade e prioridade nas investigações. “Damos prioridade, para termos uma resposta rápida por parte do Estado. Apurando o caso de forma eficiente”.

De acordo com a delegada, o encaminhamento rápido da investigação para a Justiça assegura que a tentativa de homicídio não se torne crime de homicídio. “Se o processo tramita rápido, não haverá a sensação de impunidade”, disse.

“A gente não percebeu um acréscimo desses números, em Goiânia, não nesta delegacia. De 2015 para 2016 houve decréscimo. Em Goiânia não estamos sentindo esse impacto. Vemos um caso isolado, como o da Ana Clara, foi o único caso. É uma exceção não é uma realidade do município”, assegura Paula Meotti.

Cuidado

Conforme o coordenador do Núcleo de Estudos sobre Criminalidade e Violência (Necrivi), da Universidade Federal de Goiás (UFG), Dijaci David de Oliveira, a violência contra criança sempre foi alta no Brasil. 

“É uma violência muito silenciosa. Não se houve falar muito. Já teve leis importantes para coibir essa violência”, explica ao considerar a falta da aplicação da legislação. 

“Esses dados, ao serem divulgados nos alerta, para compreender mais o que tem levado os adultos a terem essas atitudes. É preciso mais levantamento para saber sobre a prática cultural da violência contra menores”, explica. Na visão de Dijaci falta divulgação da legislação, como exemplo, a lei da palmada. “É preciso reconhecer a vulnerabilidade das crianças”.

Como orientação, o coordenador do Necrevi, aconselha a prática do cuidado e do diálogo. “Por exemplo, não posso mandar uma criança sozinha para o parque, temos a obrigação de acompanha-los, sem negligencia”, alerta.

Além disso, crianças tendem a esconder o fato real. “Chegam ao hospital com uma marca, ou braço quebrado, dizem ser queda ou brincadeira. Elas não falam o que aconteceu. Mas a realidade, retrata que foram agressões de pessoas responsáveis por elas”. 

Geralmente essa prática de ‘educar com palmadas’ terminam com agressões mais contundentes e até a morte, alerta o professor, ao considerar a positividade de leis eficientes para combater a violência. 

Marca da violência 

No inicio do ano, a Polícia Civil, investigou o caso da menina Ana Clara Pires Camargo, de 7 anos. O crime comoveu toda a cidade, e até o noticiário nacional. O suspeito de ter atentado contra a vida de Ana Clara foi assassinado em troca de tiros com a Polícia Militar, poucas horas após o corpo da criança ser encontrado. O suspeito, o vendedor ambulante Luis Carlos Costa Gonçalves, teria colocado fogo no corpo da vítima para evitar provas. 

Além dos pontos considerados pelo coordenador do Necrive/UFG, há a cultura de desrespeito. “Na subtração da Ana Clara, e ações libidinosas, a prática só será coibida quando tivermos acompanhamento das crianças e adolescentes”, disse.

O professor considerou que no caso da garota, mesmo assim, era uma situação diferente. “Difícil imaginar essa possibilidade, mas é claro que também é difícil pensar que o lugar que onde você mora a 10 ou 15 anos, está sujeito a esse crime”. Para Dijaci o País ainda tem um histórico muito forte de violência contra criança. “Existe a necessidade do Estado criar mecanismo para coibir e evitar essas práticas, como de homicídio.  

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