Esgoto de Goiânia recebe 40 toneladas de lixo por mês

Resíduos ficam presos no sistema de gradeamento e causam diversos prejuízos operacionais ao longo de todo o processo

Postado em: 31-08-2021 às 08h17
Por: Maiara Dal Bosco
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Resíduos ficam presos no sistema de gradeamento e causam diversos prejuízos operacionais ao longo de todo o processo | Foto: Reprodução

Mesmo reconhecida entre as Capitais com os melhores índices de atendimento com esgotamento sanitário, abrangendo 93,8% da população, com quase 4,5 mil km de redes coletoras, responsáveis por levar o esgoto dos imóveis até a Estação de Tratamento Dr. Hélio Seixo de Britto, Goiânia recolhe, por mês, cerca de 40 toneladas de lixo, que chegam à ETE Goiânia.

Esses resíduos ficam presos no sistema de gradeamento e causam diversos prejuízos operacionais ao longo de todo o processo. Por isso, a Saneago alerta que as redes coletoras não são dimensionadas para receberem lixo. Especialmente nesse período de pandemia, em que as pessoas têm passado mais tempo em casa, o uso correto do sistema de esgotamento sanitário merece atenção.

Itens como papel, pó de café, cotonetes, absorventes, resto de comida e outros resíduos, quando lançados por pias, ralos ou vasos sanitários, podem romper a tubulação, provocando extravasamentos de esgoto nas ruas ou residências – além de aumentar o risco de enchentes e poluição de rios.

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Outra prática bastante prejudicial é a interligação indevida e irregular da água de chuva na rede de esgoto, que faz com que o número de extravasamentos aumente consideravelmente no período chuvoso. Por isso, é fundamental que a água da chuva seja sempre escoada por meio das galerias de água pluvial.

É preciso que cada pessoa entenda a própria responsabilidade no descarte de seus resíduos. Mais do que manter o funcionamento adequado do sistema de esgotamento sanitário, essa é uma questão de saúde pública, que impacta na qualidade de vida das pessoas e na preservação do meio ambiente. Neste cenário, processos de reciclagem são uma boa saída para minimizar a ocorrência de obstruções nas redes de esgoto. Isso porque, além de evitar o descarte indevido que provoca os extravasamentos, essa alternativa permite ainda a reutilização do resíduo.

Conscientização

A Bióloga e Tecnóloga em Saneamento Ambiental Fabiana Alves explica que esgoto não é lixo, diferente do que muitas pessoas acreditam. “É importante entender que esgoto é tudo aquilo que sai da pia, do vaso, do nosso chuveiro, água da máquina de lavar. Esgoto é tudo por onde a água vai embora, ou seja, são locais que não são destinados a lixo e sim água suja, por isso que quando pagamos a taxa de esgoto ela é 50% do nosso consumo de água, porque 50% daquele valor é em esgoto”, destaca Fabiana.

De acordo com a bióloga, o descarte incorreto de resíduos pode ser prejudicial de diversas formas. “Quem mora em regiões que têm coleta de esgoto, você joga lixo pelo esgoto, ele vai para as tubulações. Dentro das tubulações, há alguns gradeamentos, então vai ficando preso esse material que não dissolve em água, acaba ficando retido e isso pode provocar um rompimento dessas tubulações e trazer um prejuízo enorme, tanto para a Saneago, quanto para nós consumidores, que vamos ter que arcar com os custos, quanto para o meio ambiente”, afirma Fabiana.

A especialista pontua ainda que a quantidade de lixo (40 toneladas) encontrada na rede de esgoto é bastante alta. “É um número altíssimo, porque, para começar, no esgoto não deveria ter lixo. Se houvesse uma tonelada já seria muito, porque esse lixo não era para estar lá”, destaca. Para ela, o que falta é a conscientização, não somente de Goiânia, mas da população em geral. “O grande problema do mundo é o lixo, porque vai chegar um momento em que não teremos onde colocar esses resíduos que produzimos. Não é à toa que Goiânia vai começar uma taxa do lixo. Se gasta muito dinheiro com isso, dinheiro que poderia ser economizado ou investido, não fosse ter que retirar 40 toneladas de lixo todo mês”, pontua.

Descarte adequado

Segundo a bióloga, o descarte adequado ajuda principalmente na contribuição de que o destino dele seja adequado. “A gente já tem a facilidade enorme de só colocar o lixo na porta de casa, no local adequado, nos cestos de lixos, nas lixeiras, e outras pessoas que vão fazer o trabalho, então não custa nada dentro de casa fazermos nossa parte que é pegar o lixo e colocar no lixo. Descarte certo, destino certo”, finaliza Fabiana. (Especial para O Hoje)

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