Informalidade em Goiás cresce acima da média nacional

Goiás tem taxa de informalidade de 41,7%, aponta IBGE

Postado em: 01-09-2021 às 07h38
Por: Maiara Dal Bosco
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Goiás tem taxa de informalidade de 41,7%, aponta IBGE | Foto: Reprodução

Goiás está com uma taxa de informalidade de 41,7%. É o que demonstra dados da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar Contínua (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a pesquisa, a quantidade de trabalhadores dessa categoria em Goiás foi estimada em 1,32 milhão de pessoas. Com isso, o IBGE apontou que Goiás está acima da taxa média nacional, que foi de 40,6% no segundo trimestre de 2021.

Segundo o IBGE, integram a respectiva taxa os empregados no setor privado e empregados domésticos – ambos sem carteira de trabalho assinada, empregadores sem registro no CNPJ, trabalhadores por conta própria sem registro no CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.

O relatório apontou ainda que, em Goiás, a taxa de desocupação foi de 12,4% no segundo trimestre de 2021, o que indica estabilidade em relação ao trimestre imediatamente anterior, quando foi registrado 13,5%. Em números absolutos, o valor representa 447 mil desocupados no Estado entre os meses de abril e junho deste ano. A taxa estadual foi 1,7 ponto percentual menor que a nacional (14,1%). Neste cenário, Goiás se posicionou como o oitavo estado com a menor taxa de desocupação do País.

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Vulneráveis

O mestre em Economia, Luiz Carlos Ongaratto, explica que a taxa de informalidade surge porque é uma necessidade do trabalhador de ganhar dinheiro e trabalhar. Contudo, como a economia ainda está frágil, não surgem postos de trabalhos formais. “Com isso, o trabalhador que precisa sustentar a família, está disposto a ir para a informalidade”, afirmou.

Para o economista, outra situação é que não houve a reabertura de todos os postos de trabalho que fecharam. “Além disso, também por questões que agora estamos observando a partir de agosto, é interessante ver porque crianças não estavam na escola, estavam em casa, então isso fez com que os familiares que cuidam também não pudessem voltar ao emprego formal, tinham que voltar a informalidade para ter a renda. Tudo isso compõe o índice, além da questão da mulher, das mães, que têm que trabalhar de casa. Para elas, o índice é ainda mais elevado”, pontua.

O economista alerta para as desvantagens do trabalho informal para o trabalhador e para o Estado. Para o trabalhador, Luiz Carlos destaca que os trabalhadores estão mais vulneráveis nesta situação. “Há, entre outras, a questão da jornada de trabalho extenuante e sem direitos trabalhistas, por exemplo. Com isso, perdem também as questões previdenciárias, sobre aposentadoria, como FGTS, INSS e até mesmo a questão de proteção a esse trabalhador em caso de acidente no trabalho, não havendo direito a auxílio saúde e afastamento remunerado, questões cobertas pela CLT”, pontua.

Já para o Estado, o especialista destaca que sem a formalização, não é possível saber se as atividades exercidas são, por exemplo, legais. “Neste cenário não temos controle sobre os tributos. Além disso, o alto grau de informalização resulta na dificuldade de fazer políticas públicas, uma vez que não temos dados exatos da economia informal. Um diagnóstico real, feito com os trabalhadores informais mostraria que poderíamos estar em um cenário pior do que podemos ver hoje por meio da pesquisa apresentada”, afirma Luiz Carlos.

Para o especialista, com relação aos próximos meses, a tendência é que haja alguma recuperação no que se refere à taxa de informalidade, mesmo que pequena, devido a própria flexibilização da pandemia. “Por outro lado, não devemos esperar uma grande melhora, sem um plano realmente coordenado para emprego, porque é algo que não é do dia para noite, é um plano que demora anos para que seja possível ver resultados efetivos”, finaliza Luiz Carlos. (Especial para O Hoje)

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