Falta de acesso à internet é evidenciada na pandemia e aumenta desigualdade

Os alunos da Região Metropolitana e periférica de Goiânia sofrem com a falta completa da internet ou com os picos dela.

Postado em: 05-09-2021 às 16h20
Por: Victoria Lacerda
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Os alunos da Região Metropolitana e periférica de Goiânia sofrem com a falta completa da internet ou com os picos dela. | Foto: Reprodução

Diante da pandemia que se arrasta desde o ano passado, os alunos que vivem em situação de vulnerabilidade social têm encontrado uma série de dificuldades para manter uma rotina de estudos em casa. Isso porque a falta de um ambiente adequado para os estudos e a dificuldade do acesso à internet se tornaram mais uma preocupação desses alunos durante esse período. A falta de acesso afetou principalmente as famílias menos escolarizadas, aumentou as desigualdades e reduziu a possibilidade de mobilidade social.

Um estudo publicado pela Federação Goiana de Municípios (FGM) em maio deste ano, revelou que 77,49% dos alunos em Goiás enfrentam problemas de conectividade para assistir às aulas on-line durante o ensino não presencial imposto pela pandemia de covid-19. A pesquisa mostrou que a maior dificuldade dos alunos para assistir aulas é principalmente não ter equipamentos adequados para assistir às aulas, sejam eles notebooks, computadores, tablets ou celulares. Outro problema é a falta de experiência dos próprios alunos ou de seus responsáveis no manuseio destes aparelhos e principalmente a falta da internet. A pesquisa foi realizada em 191 cidades goianas. Destas, 168 afirmam ter dificuldades para se conectar e assistir aulas. 

A pesquisa, iniciada no ano passado, está na terceira etapa: 1.516 famílias responderam a questões sobre educação, renda, alimentação e saúde mental em maio de 2021. “Apesar do esforço de escolas e educadores, estudantes em situação de maior vulnerabilidade têm menos acesso à internet e ao computador, o que limita as suas oportunidades de estudar e aprender adequadamente em casa. Por isso, muitos deles estão cada vez mais excluídos”, afirma Verônyca Santos, professora de física formada pela Universidade Federal de Goiás. 

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No último trimestre antes que a pandemia de covid-19 se agravasse no Brasil, 12,646 milhões de famílias ainda não tinham acesso à internet em casa. Cerca de 39,8 milhões de brasileiros de 10 anos ou mais de idade não usavam a rede, e ainda havia 34,9 milhões de pessoas nessa faixa etária sem aparelho de telefone celular. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação 2019, a Pnad TIC, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado mostra o tamanho do desafio de inclusão digital no País, um pouco antes que a crise sanitária confinasse milhões de brasileiros, provocasse o fechamento de escolas e aumentasse o número de pessoas em trabalho remoto.

Os alunos da Região Metropolitana e periférica de Goiânia sofrem com a falta completa da internet ou com os picos dela, Pamella Camilo é aluna do curso de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de Goiás e explicou que muitas vezes não consegue acompanhar as aulas pois a internet usada na casa dela é muito fraca. “Bom, eu moro num setor de chácara, bem afastado do centro da cidade, isso prejudica o sinal de celular, e não é diferente com a internet. Eu venho sofrendo muito para acompanhar as aulas, porque a internet além de ser lenta, cai com muita frequência. Eu já perdi até provas por causa da internet aqui de casa.”, explicou a aluna.  

Vitória Coimbra mora na região urbana e também tem muita dificuldade com a internet, ela explicou que a internet dela já não era tão boa por ter que suportar vários aparelhos em uma só rede e quando precisava dela, o sinal caia. “Além disso, tinha um computador que já estava comigo há 6 anos, ele estava super lento, pesado e para completar, não conseguia rodar o sistema que a minha faculdade usava para transmitir as aulas. Nisso, tive que desembolsar um valor alto e que não poderia gastar naquele momento, para poder trocar de computador, pois precisava fazer diversos trabalhos e apresentações e não conseguia fazer tudo pelo celular. Porém a internet continuava o mesmo caos de sempre. Diversas vezes perdi chamada, prova importante e apresentações por conta da minha internet ter caído e/ou meu computador ter travado. Após esses episódios, liguei na operadora que disse que estava fornecendo os 15Mb que estava contratado no plano”, completou. 

O número de pessoas que se conectam à internet no Brasil vem crescendo, segundo o IBGE. Em 2019, 78,3% das pessoas de 10 anos ou mais (143,5 milhões) se conectaram à rede. No entanto, o número é muito diferente entre pessoas que vivem em áreas urbanas e em áreas rurais: 84,4% contra 59,3%, respectivamente.

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