Quinta-feira, 28 de março de 2024

Após 3 anos, Rua do Lazer padece por falta de atrativos

Local foi reformado em 2019, mas não se tornou atrativo como prometido para o benefício dos comerciantes

Postado em: 08-09-2021 às 08h15
Por: João Paulo
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Local foi reformado em 2019, mas não se tornou atrativo como prometido para o benefício dos comerciantes | Foto: Reprodução

Rua do Lazer. O nome até parece sugestivo de que se encontrará uma variedade de atrações para você se divertir, mas não é isso que as pessoas encontram na também conhecida como Rua 8. O local passou por uma reforma em 2019 na expectativa de levar um novo espaço para os lojistas e se tornar mais atrativa para as pessoas que passam pelo local. Infelizmente, todo o trabalho realizado no local não surtiu efeito, segundo os lojistas do local.

Elízio Alves de Moura, gerente de uma loja de roupas no cruzamento da Rua 3 com a Rua 8, conta que houve a expectativa de que atrações culturais fossem levadas para o local para chamar o público. Mas isso nunca aconteceu.  “Fizeram obras que acabaram sendo seis por meia dúzia. Faltou segurança, incentivo para trazer as pessoas para o Centro. Aqui o que foi feito mesmo foi só reforma e nada mais. Antigamente, as pessoas vinham aqui para conversar e tomar um café. Hoje não tem mais isso”, destaca.

O gerente pontua que o local carece de segurança, já que a Guarda Civil Metropolitana não faz uma ronda mais ostensiva na via. Além disso, ele pontua que a limpeza não é feita regularmente, o que acaba levando a um acúmulo de lixo no local. “Muitas vezes, eles só vêm à noite e o lixo fica acumulado durante o dia. Isso acaba sendo ruim para as pessoas que ficam com aversão de passarem por aqui”, reforça.

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Segundo ele, uma saída seria a exploração do espaço com atividades culturais ou a realização de uma feira, que acontecia aos sábados, mas que hoje não existe mais.

Centro está morrendo

Elízio pontua que a loja está há 30 anos no local e que passou por uma reestruturação no quadro de funcionários para atender a nova realidade. “Antes tínhamos seis vendedores, o gerente e uma caixa. Hoje temos só dois vendedores. E está suprindo a demanda atual da loja”, conta.

Isso é apontado por ele como o reflexo das intermináveis obras que levaram certas vias do Centro a não contarem com infraestrutura para facilitar a vida de quem vai ali. “São várias obras que passam por aqui que afetaram a gente. Ruas que não têm estacionamentos. A gente conta com uma loja no shopping. Você acha que a pessoa vai preferir trocar aqui com a facilidade de ir num lugar onde ela vai ter mais conforto e facilidade? O preço que ele gasta de gasolina indo até o centro de compras é o valor do estacionamento”, afirma.

Elízio diz que o Centro está morrendo e que alguma coisa deve ser feita para trazer o público de volta para a área de onde partiu a construção de Goiânia. “A gente está abandonado. Quem se lembra do Centro antigamente não reconhece a atual situação dele. Era movimento. As pessoas gostavam de vir para cá. Por isso a gente precisa de mais incentivos para atrair o público. Uma feira, cinema ao ar livre, peças de teatro. Algo que atraia as pessoas”, finaliza.

Falta de segurança

A falta de segurança também é um fator apontado por João Paulo Rodrigues, que é dono de uma ótica na Rua do Lazer. “A rua leva esse nome por levar porque não tem nada de lazer aqui. Infelizmente se tornou a rua do ponto de tráfico. Antes, a pessoa podia tomar um sorvete, comer um pastel, mas não tem isso por aqui mais”, pontua.

Segundo ele, as obras em si trouxeram muitos transportes, mas depois de pronta, nenhuma vantagem foi vista por ele e demais comerciantes do local. “O Centro no geral está passando por um trágico momento. Está difícil a gente sobreviver. O Centro de Goiânia não parece o Centro de uma Capital. É preciso fazer algo”, destaca.

Ele relembra da feira que tinha aos sábados na via. Segundo ele, a saída dos feirantes configura um retrocesso muito grande. “A gente desanima de toda a situação. A gente vê o Cine Ritz, que se tornou tão tradicional na cidade, chegar na situação que chegou. É de doer o coração”, destaca.

Ele também critica o grande volume de obras que passaram pela região de uma só vez. “A impressão que eu tenho é que essas obras são intermináveis. Eles tinham que focar em terminar uma para poder começar a outra. Mexer em tudo de uma só vez acaba prejudicando as outras partes que, no caso, somos nós”, finaliza.

Ponto de encontro

Na década de 80, o espaço era o ponto de encontro dos jovens da época. O espaço que vai da Rua 3 até a Anhanguera contava com lanchonetes, discoteca e até um cinema: Casablanca. O espaço era tido por diversos urbanistas como “exemplo extraordinário” pois beneficia as pessoas, já que se torna uma via exclusiva para pedestres.

Em 2019, o espaço passou por uma grande reforma. O trecho, exclusivo para pedestre, ganhou novo calçamento, iluminação e becos decorados com grafites. “É o projeto de revitalização do Centro de Goiânia, começando pela Rua 8, um local onde indiscutivelmente será um ponto de encontro das famílias, de todos os segmentos sociais”, disse o prefeito Iris Rezende à época da inauguração.

Além disso, a prefeitura também realizou obras para melhorar o sistema de drenagem da água da chuva e evitar alagamentos. Também houve a instalação de novos bancos de concreto. As obras começaram em abril de 2019 e tinha a previsão de ficar pronta em três meses. Mas houve um atraso e a obra só foi entregue em outubro daquele mesmo ano.

Os becos da região ganharam novos desenhos que foram feitos por 140 grafiteiros. Houve a expectativa de instalação de câmeras de monitoramento na região para ajudar na segurança. Mas isso não aconteceu.

Respostas

O Hoje entrou em contato com a Secretaria Municipal de Cultura (Secult), que disse que está sendo feito um planejamento do que pode ser feito no local. Sobre a segurança, a GCM afirmou que não há registros de denúncias de frequentadores e lojistas nos locais e que as rondas de segurança são intensificadas de acordo com que são solicitadas.

O Hoje entrou em contato com a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), mas não obtivemos retorno até o fechamento do texto.

Prefeitura prepara medidas de valorização do Centro

A Prefeitura de Goiânia pretende lançar um pacote de medidas para revitalizar e valorizar o Centro da cidade. As alterações, por meio do novo Código Tributário, foram apresentadas pelo prefeito Rogério Cruz no último dia 01.

Entre as ações sugeridas, estão a diminuição de impostos, o incentivo à aquisição de imóveis, e estímulo ao setor empresarial. O documento deverá ser encaminhado à Câmara Municipal na próxima semana para tramitação na Casa.

De acordo com o secretário-executivo da Secretaria de Finanças (Sefin), Lucas Morais, todas as pessoas que comprarem o primeiro imóvel em novos prédios no Setor Central, no valor venal de até R$ 150 mil, ficarão isentas do pagamento do Imposto Sobre Transmissão de Imóveis (ISTI).

Da mesma forma, os empresários que fizerem a primeira aquisição de vaga em edifícios e garagens subterrâneas, no Setor Central, terão a isenção do pagamento do Imposto de Transmissão de Imóvel (ISTI), assim como os que adquirirem o primeiro imóvel empresarial, localizado em polo de desenvolvimento econômico da Região.

Além disso, o novo Código Tributário estabelece a redução de 30% de ISTI para a primeira aquisição de imóvel empresarial na Região da Rua 44, próximo à Rodoviária de Goiânia.

Com as mudanças, a alíquota do IPTU, no Centro, também sofrerá redução. Hoje, o percentual que incide sobre o Valor Venal dos imóveis residenciais, no bairro, chega a 0,55%. Com a alteração, o limite máximo será de 0,39%.

“Não queremos um Centro, em uma cidade como Goiânia, morto, isolado, deixado, abandonado, porque muitos não estavam dando conta de pagar tributos. Pelo contrário. Queremos um Centro com qualidade de vida e pujança econômica, por isso sugerimos essas propostas e temos certeza de que serão acatadas pelos nossos vereadores”, comentou Rogério Cruz. (Especial para O Hoje)

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