Bueiros entupidos preocupam moradores de Goiânia

População fica receosa com os alagamentos que o período chuvoso pode trazer

Postado em: 17-09-2021 às 07h58
Por: João Paulo
Imagem Ilustrando a Notícia: Bueiros entupidos preocupam moradores de Goiânia
População fica receosa com os alagamentos que o período chuvoso pode trazer | Foto: Jota Eurípedes

Terra, folha seca, sacolas plásticas são algumas coisas que podem ser encontradas em bueiros de Goiânia. Atualmente a cidade enfrenta um período de seca severa onde esse entupimento parece inofensivo, mas em tempo chuvoso – como o previsto para começar na segunda quinzena de outubro – contribui com alagamentos e aparecimento de animais peçonhentos.

A situação é percebida em áreas nobres e nas periferias da cidade. O Hoje encontrou dois bueiros lotados de sujeira em uma única rua, na Rua 23, no Jardim Goiás. Na mesma situação, também localizamos uma boca de lobo entupida na Avenida Goiás com a Rua 55. Um bueiro quebrado também foi localizado na 11ª Avenida, no Setor Universitário.

Bueiros sem tampas foram localizados na Avenida T-9 com a Rua C-159, Rua C-134 com Rua C-162, Rua C-118 com a Rua C-122, no Jardim América. A comerciante Djanira da Silva, que tem um restaurante na Avenida Fued José Sebba, no Jardim Goiás, conta que a via fica alegada com facilidade por causa que a água não escorre com facilidade.

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“Todo ano é a mesma coisa. Aqui parece um rio e a chuva nem precisa ser forte ou durar muito tempo para isso acontecer. Tem pessoas que jogam lixo na rua e ele vai para os bueiros. Tem gente que compra marmitex aqui no meu restaurante e joga a tampa dentro da boca de lobo. É muita falta de educação”, pontua.

Há 24 quilômetros dali, no Setor Real Conquista, a situação também não é diferente. Em uma volta pelo setor a reportagem encontrou bueiro de todas as maneiras: quebrados, entupidos e até com restos de construções. A dona de casa Aurea dos Santos Oliveira conta que a situação deixa o bairro mais feio.

“É muito triste você sair para uma caminhada e se deparar com bueiros nessa situação. Tem uma rua que eu passo que ele está todo quebrado e é bem rente à rua. De noite, fica mais complicado enxergá-lo e quem vem distraído pode cair feio dentro dele”, pontua.

Solicitação pelo app

Ela afirma que a rua que ela mora – RC 12 – tinha um bueiro que ficou entupido por um bom tempo e trazia um mau cheiro para os moradores da região. Ela conseguiu que a prefeitura fosse no local através do aplicativo e fizesse o desentupimento. Mas, segundo a dona de casa, não foi uma tarefa fácil. “Eles tiveram que retornar no outro dia para conseguir desentupir. Segundo os limpadores, tinha muita terra e outros lixos que atrapalhavam a água a transitar dentro das manilhas”, pontua.

Entretanto, ela destaca que não consegue fazer a solicitação de todos os bueiros que estão na mesma situação pelo setor dela. “É muita coisa. A gente sabe que alguns estão cheios de lixo natural, como folhas secas, mas sabemos também que tem pessoas que favorecem demais com o acúmulo de lixo dentro dos bueiros. Tem gente que faz é jogar diretamente dentro da boca de lobo”, pontua.

É claro que a situação não passa despercebida. Os alagamentos são constantes na época de chuva e até mesmo para animais peçonhentos. “Esses dias para trás teve um sapo que estava assustando a todos aqui no setor. Isso é ruim demais”, finaliza.

Limpeza

A limpeza de bueiros e reconstrução fica a cargo da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra). Segundo a pasta, já foram limpas 15 mil bocas de lobo e 400 poços de visita nos seis primeiros meses de 2021. E tudo isso culminou em cerca de 4 mil toneladas de entulho.

“Encontramos todo tipo de material, incluindo folhagens, latas de bebidas, garrafas, copos de plástico, sofás, roupas, brinquedos”, explica o titular da Seinfra, Fausto Sarmento. Em média, as equipes vistoriaram mais de 2,5 mil bocas de lobo por mês. Entre janeiro e junho deste ano, as equipes fizeram 2.482 viagens de caminhão pipa para auxiliar o serviço. Com relação a bueiros e pontes, quase 500 foram limpos no mesmo período.

A pasta destaca que nos últimos meses 65 bairros de Goiânia foram atendidos, como  o Faiçalville, Aeroporto, Capuava, Conjunto Vera Cruz, Jardim América, Jardim Goiás, Parque Atheneu, Setor Bueno, Campinas e Central. Além disso, a secretaria destaca que a recuperação das bocas de lobos ocorre diariamente, assim como a contenção de erosões provocadas pelas chuvas e construção de novas galerias pluviais para que a cidade sinta cada vez menos os impactos causados por temporais.

A Seinfra destaca que os moradores podem solicitar os serviços através do aplicativo Prefeitura 24h e/ou entrar em contato com o Serviço de Atendimento ao Cidadão, pelos telefones 3524-8363/3524-8373 e WhatsApp 9-8493-7229. “Pedimos o apoio da comunidade para nos ajudar a deixar a cidade mais limpa, mais bonita e saudável com cada um fazendo a sua parte e destinando corretamente os resíduos sólidos. A Seinfra trabalha quase 24 horas por dia com esse serviço, seja de forma manual ou com caminhão hidrojato e CDL (que suga água suja)”, afirma o titular da pasta, Fausto Sarmento.

Esgoto de Goiânia recebe 40 toneladas de lixo por mês

Mesmo reconhecida entre as Capitais com os melhores índices de atendimento com esgotamento sanitário, abrangendo 93,8% da população, com quase 4,5 mil km de redes coletoras, responsáveis por levar o esgoto dos imóveis até a Estação de Tratamento Dr. Hélio Seixo de Britto, Goiânia recolhe, por mês, cerca de 40 toneladas de lixo, que chegam à ETE Goiânia.

Esses resíduos ficam presos no sistema de gradeamento e causam diversos prejuízos operacionais ao longo de todo o processo. Por isso, a Saneago alerta que as redes coletoras não são dimensionadas para receberem lixo. Especialmente neste período de pandemia, em que as pessoas têm passado mais tempo em casa, o uso correto do sistema de esgotamento sanitário merece atenção.

Itens como papel, pó de café, cotonetes, absorventes, resto de comida e outros resíduos, quando lançados por pias, ralos ou vasos sanitários, podem romper a tubulação, provocando extravasamentos de esgoto nas ruas ou residências – além de aumentar o risco de enchentes e poluição de rios.

Outra prática bastante prejudicial é a interligação indevida e irregular da água de chuva na rede de esgoto, que faz com que o número de extravasamentos aumente consideravelmente no período chuvoso. Por isso, é fundamental que a água da chuva seja sempre escoada por meio das galerias de água pluvial.

É preciso que cada pessoa entenda a própria responsabilidade no descarte de seus resíduos. Mais do que manter o funcionamento adequado do sistema de esgotamento sanitário, essa é uma questão de saúde pública, que impacta na qualidade de vida das pessoas e na preservação do meio ambiente. Neste cenário, processos de reciclagem são uma boa saída para minimizar a ocorrência de obstruções nas redes de esgoto. Isso porque, além de evitar o descarte indevido que provoca os extravasamentos, essa alternativa permite ainda a reutilização do resíduo.

Conscientização

A bióloga e tecnóloga em Saneamento Ambiental, Fabiana Alves, explica que esgoto não é lixo, diferente do que muitas pessoas acreditam. “É importante entender que esgoto é tudo aquilo que sai da pia, do vaso, do nosso chuveiro, água da máquina de lavar. Esgoto é tudo por onde a água vai embora, ou seja, são locais que não são destinados a lixo e sim água suja, por isso que quando pagamos a taxa de esgoto ela é 50% do nosso consumo de água, porque 50% daquele valor é em esgoto”, destaca Fabiana. (Especial para O Hoje)

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