Bares e cinemas são prioridade pós-covid, diz pesquisa

Com o avanço da vacinação, público retorna aos bares, restaurantes e cinemas da Capital.

Postado em: 25-09-2021 às 08h30
Por: Daniell Alves
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Com o avanço da vacinação, público retorna aos bares, restaurantes e cinemas da Capital. | Foto: Reprodução

Um estudo feito pela consultoria Bain & Company com 2 mil brasileiros apontou que, com o fim das restrições impostas pela Covid-19, o que os consumidores mais têm vontade de fazer é ir ao cinema (57%), frequentar bares e restaurantes (65%) e fazer compras em lojas físicas (40%). Após o avanço da vacinação e flexibilizações aumentou o número de pessoas frequentando esses estabelecimentos.

A gerente comercial do bar Cantinho Frio, em Goiânia, Ana Izaura Rodrigues, diz que, nas últimas semanas, o número de clientes aumentou em cerca de 30%. “Desde a abertura parcial do comércio os clientes já estavam voltando aos poucos a frequentar o bar”, diz. O Cantinho Frio é um bar tradicional no setor Leste Universitário (33 anos). São servidos caldos, pizzas, panelinhas, pratos à la carte, petiscos, cervejas e chopps.

De acordo com a gerente, a principal adaptação foi a implantação do sistema de entregas após o início da pandemia. “Além disso, foram demitidos 90% do quadro de funcionários, ficamos basicamente com a família e alguns poucos funcionários trabalhando. Agora, com a volta do público, atendemos em média 12 mil pessoas por mês (almoço e jantar)”, informa Ana.

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Já o espaço de eventos funciona mediante reserva prévia. Ela explica que não é cobrado nenhum valor pelo espaço, apenas a consumação. “O espaço suporta 50 pessoas e o cliente pode decorar como quiser”.

Comportamento dos consumidores

Durante a pandemia, 79%, 65% e 60% das pessoas, respectivamente, deixaram de ir a bares, cinemas e restaurantes. “Mas diferentemente dos Estados Unidos e da Europa, onde mais consumidores aumentaram suas economias durante a pandemia, os brasileiros viram sua renda diminuir no período”, diz Federico Eisner, sócio da Bain & Company.

“Essa retomada encontra consumidores com muito menos dinheiro no bolso”, diz Eisner. E isso vai impactar diretamente o ritmo do retorno das atividades. “Nos Estados Unidos, por exemplo, os restaurantes já chegaram a 86% do nível de reservas de antes da pandemia”. No Brasil, os que não fecharam as portas, ainda estão em processo de retomada. “As pessoas querem voltar a frequentar os restaurantes, mas perceberam que fazer comida em casa sai muito mais em conta”, afirma Eisner.

Em entretenimento, diz o pesquisador, o levantamento não é conclusivo a respeito das tendências. “Muitos brasileiros querem voltar aos cinemas, mas já gastaram com serviços de streaming por conta da pandemia”, afirma. “A dúvida é se eles vão manter os serviços, diante do fim das restrições”, diz Eisner, que aposta em uma redução no tempo gasto com videogames.

Entre os maiores desejos de consumo dos brasileiros com o fim das restrições, também estão participar de um grande evento social (41% dos entrevistados), se hospedar em um hotel (39%) e até mesmo de voltar a ir ao cabeleireiro, ou qualquer outro compromisso que não seja essencial (38%).

Após primeira dose

O jovem Yan Pablo, 22 anos, voltou a frequentar boates, bares, tabacarias e restaurantes após tomar a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Ele conta que, anteriormente, optava pelos eventos com menos pessoas e aglomerações, dentro de casa. “Por escolha minha e cautela à minha saúde, preferi esperar pelo menos a 1ª dose”.

Questionado se os estabelecimentos comerciais que frequenta têm respeitado as regras impostas pelo decreto de Goiânia, ele afirma que grande parte não consegue impor limites aos clientes. “Percebi que eles até tentam, porém olham mais para bolso ou algo assim e acaba extrapolando na quantidade de pessoas no local”, diz ele. “Frequentei um local recentemente que a capacidade de pessoas para ficar lá já tinha sido ultrapassada, mas mesmo assim eles continuaram com o evento”.

A estudante de psicologia Sarah Giulia Martins, 21 anos, também já voltou a frequentar bares e restaurantes. Ela tomou a primeira dose da vacina no último mês, mas conta que sempre frequentou estes locais respeitando as regras de distanciamento e uso da máscara. “Agora com a vacinação em massa e a segunda dose chegando temos a esperança de que tudo irá se normalizar em breve. Tudo está caminhando para isso”, diz.

Novo decreto

Com o novo decreto da Prefeitura, publicado na sexta-feira (24), fica permitido o funcionamento de bares, restaurantes, lanchonetes, pit-dogs, food trucks e congêneres, de acordo com alvará. Aos estabelecimentos autorizados a funcionar durante 24hs, nos termos da legislação vigente, são recomendadas trocas de turnos de maneira a não sobrecarregar o transporte público coletivo no âmbito do Município, preferencialmente fora dos horários de pico.

Além disso, esses locais precisam obedecer rigorosamente a quantidade de mesas com distância mínima de 1,5 metros entre elas, contados de qualquer ponto de suas bordas e o não consumo de pessoas em pé.

Ganho de peso

O levantamento da Bain & Company também apontou que cerca de 80% dos consumidores estão mais preocupados com a saúde do que antes da pandemia. Ainda assim, o ponteiro da balança subiu. Mais de 40% dos consumidores brasileiros relataram ganhar peso durante a pandemia, informa o levantamento, o que sugere desequilíbrios no estilo de vida.

Ainda assim, o levantamento apontou que quase metade dos consumidores relatou comer alimentos mais saudáveis durante o período de confinamento, da mesma maneira que tentaram entrar em forma, muitas vezes usando aplicativos de exercícios, e procuraram beber menos. “O brasileiro é mais sociável que o americano, por exemplo, e tende a retornar para as academias”, diz Eisner. “Essa também é uma das tendências apontadas pela pesquisa”.

CORRELATA

Cerca de 80% destes locais procuraram crédito

De acordo com uma pesquisa feita pela Abrasel, em parceria com a Alelo, bandeira especializada em benefícios, incentivos e gestão de despesas corporativas, quase 4 em cada 5 bares e restaurantes tiveram que captar recursos durante a crise.

O estudo, realizado com 875 estabelecimentos comerciais de todo Brasil durante o mês de junho, mostra que aqueles que procuraram por empréstimo optaram, em sua maioria, por bancos privados (43,7%), seguido das cooperativas de crédito (16,6%) e aplicativos de delivery (9,42%).

Outras opções como amigos ou agentes privados, adquirentes, bancos digitais e aplicativos de pagamento também foram mencionadas.

A pesquisa revela ainda que dos bares e restaurantes que tentaram um empréstimo durante a pandemia, apenas 50% conseguiram. Entre as principais razões para a não liberação dos recursos foram citadas restrições com o nome da empresa (39,3%) ou com o nome do proprietário/sócio (23,2%) e não conseguir apresentar garantias e/ou faturamento suficientes (33,6%).

“Os números expõem a necessidade do mercado de contar com linhas especiais, capazes de democratizar o acesso ao crédito, principalmente nos momentos em que as empresas precisam de ajuda para manter os negócios ativos”, destaca Márcio Alencar, diretor de Estratégia Digital, Marketing e Negócios da Alelo.

“Com o avanço da vacinação e retomada, muitos estabelecimentos buscam reformular as instalações para se adaptar ao novo perfil do consumidor. Diante disso, os recursos serão essenciais para modernização ou até mesmo ampliação do espaço. Cabe a nós apoiá-los”, acrescenta. (Especial para O Hoje)

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