Insegurança e medo é rotina dos motoristas do Uber

Profissionais relatam que a atividade é perigosa, especialmente à noite

Postado em: 19-06-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Profissionais relatam que a atividade é perigosa, especialmente à noite

Marcus Vinícius Beck

Incerteza, insegurança e medo. Assim é a rotina dos motoristas do Uber, em Goiânia. Na última semana, por exemplo, três pessoas foram presas depois de assaltarem um profissional do aplicativo, na Vila Bandeirante. Após chamarem a corrida, os criminosos trancaram o condutor no porta-malas do veículo e roubaram seu computador, celular e dinheiro. 

De fato, o que poderia ser um complemento de renda virou um risco à vida. “É uma forma fácil de ganhar dinheiro por fora, mas há incerteza de não sabermos o que enfrentaremos no decorrer da rotina”, explica um motorista que não quis se identificar. Mas a violência nem sempre parte de assaltantes. Taxistas pouco se entusiasmaram com novo modelo de transporte oferecido pela Uber e, corriqueiramente, partem para a violência contra os profissionais do aplicativo.

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Questionado pela reportagem do O Hoje sobre as práticas de violência por parte de taxistas aos motoristas do Uber, o Presidente da Associação de Táxis do Município (PATM), Hugo Nascimento, afirma que Goiânia é uma das melhores cidades para se trabalhar como Uber. “Oficialmente, não há nenhuma ocorrência de violência contra motoristas da categoria”, garante, enfatizando sua contrariedade às agressões. “A gente acredita que nada se resolve desta forma”. 

Em fevereiro deste ano, porém, aproximadamente 200 motoristas do Uber paralisam suas atividades como protesto pela falta de segurança à categoria e pela redução de 15% da tarifa cobrada pela empresa. À época, a companhia retinha 25% dos valores adquiridos pelos motoristas durante as viagens. 

A assessoria de imprensa do Uber informou, em nota à reportagem, que “os motoristas parceiros contam com um número de telefone 0800 para casos de emergência. Além disso, na Uber não existem viagens anônimas – todas as viagens são rastreadas utilizando GPS”.

Violência contra motorista

Raro em Goiânia, os motoristas do Uber relatam que agressões de taxistas agora viraram cotidiano. “Eu recebi o chamado às 9h30 e, quando vi a fila de taxistas na porta, liguei para o passageiro e pedi que ficasse mais à frente, longe dos taxistas, para evitar o conflito”, relatou um motorista à época, que não quis se identificar. 

Ao estacionar, um grupo de taxistas, inclusive alguns com o rosto tampado, correu em direção ao carro, conta ele. O passageiro estava quase chegando ao veículo quando o motorista resolveu arrancar e espaçar dos taxistas. “A gente não sabe quem vamos atender, andamos por lugares que não são seguros, altas horas da madrugada. É complicado”, afirma outro motorista, que preferiu o anonimato, com medo de represálias. 

 

Usuários do uber reclamam do táxi

Conforto. Esta é a palavra mais usada pelos usuários da Uber, em Goiânia. “Desde que optei pelos serviços do aplicativo, recorri ao táxi uma vez para nunca mais”, declara Júlia Aguiar, 20, estudante universitária. “No final da corrida, o taxista praticamente me expulsou do carro. Ficou me assediando, o que foi extremamente desconfortável”, queixa-se à reportagem do O Hoje.

Não é novidade alguma a preferência dos usuários ao Uber. Todos elegem a qualidade como principal fator de optarem pelo aplicativo. Elder Dorneles, também estudante universitário, concorda com Júlia. “Os motoristas são acessíveis e te tratam bem”, diz ele, que é usuário desde que o Uber começou a funcionar na capital. “O preço também é bem acessível em relação ao táxi”.

Júlia também não pretende andar de táxi tão cedo. “É mais barato, mais fácil de chamar e bem mais agradável”, garante, ressaltando a forma como as empresas operam os táxis. “É meio complicado porque integram cooperativas, cujos motoristas servem apenas como uma peça, e que tem de pagar taxas altíssimas pelo carro que dirigem e, sem dúvida, isto se traduz na ineficiência do serviço”, assevera a estudante.

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