Quinta-feira, 28 de março de 2024

Gravidez na adolescência tem queda de 51,3% em Goiás

Em 2019, Goiás registrou a gravidez de 11.444 adolescentes

Postado em: 12-10-2021 às 09h03
Por: Maiara Dal Bosco
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Em 2019, Goiás registrou a gravidez de 11.444 adolescentes | Foto: Reprodução

Dados divulgados de um estudo inédito apontam queda na gravidez entre adolescentes nos últimos 20 anos no Brasil. Em Goiás, o resultado da pesquisa, realizada pela ginecologista Dra. Denise Leite Maia Monteiro, secretária da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infanto Puberal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), apontou que a queda foi de 51,3% no respectivo índice, acima do registrado na média nacional. 

A pesquisa revelou que, entre os estados brasileiros, a redução média foi de 40,7% no número de nascidos vivos de mães adolescentes. Cada estado, no entanto, apresentou uma realidade distinta, variando de – 17,4% no Maranhão, a -56,1% no Distrito Federal. “A proporção de nascidos vivos de mães adolescentes do Sudeste e Sul são as menores do País, o que demonstra tendência inversamente proporcional ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”, afirmou a médica ginecologista. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), as regiões Sudeste e Sul apresentam os maiores IDH do País (0,80), seguidas do Centro-Oeste (0,79), Norte (0,73) e Nordeste (0,71).

Cenário

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Para chegar aos resultados, a pesquisa considerou o número de nascidos vivos (NV) de mães de 10 a 19 anos de idade, entre os anos 2000 e 2019. No primeiro ano observado, mães adolescentes foram responsáveis por 23,4% do total de nascidos vivos. Já no último ano do levantamento, o índice caiu para 14,7%, revelando uma queda de 37,2%. A especialista aponta que apesar da importante evolução, o cenário da gestação adolescente continua preocupante no País. Dados do DataSUS/Sinasc apontam que a cada dia ocorram cerca de 1.150 nascimentos de filhos de adolescentes.

Em Goiás, dados da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) apontam que, somente em 2019, 11.444 adolescentes ficaram grávidas. O percentual de nascidos vivos por mães adolescentes no Estado em 2019 foi de 13,36%. Os dados da SES-GO também apontam que os indicadores de gravidez na adolescência em Goiás vêm mostrando queda, mas as diferenças regionais são bem evidentes, o que demonstra a necessidade do trabalho de prevenção. Para se ter uma ideia, em 2015, Goiás registrou 17.781 mães adolescentes no Estado, 6.337 a mais do que o registrado em 2019.

Evasão escolar

Outro ponto destacado pela pesquisadora foi que a gravidez na adolescência está associada à evasão escolar, maior perpetuação da pobreza gerando impactos pessoais e sociais. De acordo com a médica, na esfera da saúde, “a gravidez precoce acarreta inúmeras consequências para a adolescente e o recém-nascido. As complicações gestacionais e no parto representam a principal causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos mundialmente, pois existe maior risco de eclâmpsia, endometrite puerperal, infecções sistêmicas e prematuridade, segundo a Organização Mundial da Saúde. Ainda há consequências sociais e econômicas como rejeição ou violência e interrupção dos estudos, comprometendo o futuro dessas jovens”, explica Denise.

Prevenção

Com o objetivo de disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência, foi instituída, pela Lei nº 13.798/2019, a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência. Os adolescentes – indivíduos com idades entre 10 e 20 anos incompletos – representam entre 20% e 30% da população mundial; estima-se que no Brasil essa proporção alcance 23%. Dentre os problemas de saúde nessa faixa etária, a gravidez se sobressai em quase todos os países e, em especial, nos países em desenvolvimento.

Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de gestação na adolescência no Brasil é alta, com 400 mil casos/ano. Quanto à faixa etária, os dados revelam que em 2014 nasceram 28.244 filhos de meninas entre 10 e 14 anos e 534.364 crianças de mães com idade entre 15 e 19 anos. Esses dados são significativos e requerem medidas urgentes.  (Especial para O Hoje)

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