Greve dos médicos deixa população de Anápolis sem atendimento

Insatisfeitos com as condições de trabalho, médicos paralisaram atividades e alegam que não houve tentativa de negociação

Postado em: 16-10-2021 às 09h01
Por: Daniell Alves
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Insatisfeitos com as condições de trabalho, médicos paralisaram atividades e alegam que não houve tentativa de negociação | Foto: Reprodução

Mais de 250 profissionais que atuam nos hospitais públicos de Anápolis cruzaram braços a partir desta sexta-feira (15). A maioria decidiu pela greve em assembleia realizada na noite desta quinta entre o Sindicato dos Médicos de Anápolis (Simea) e a prefeitura de Anápolis. De acordo com o Sindicato, enquanto durar a greve os atendimentos eletivos estarão suspensos. Porém, os atendimentos de urgência e emergência serão mantidos nas Unidades de Pronto Atendimento – fichas vermelhas, laranjas e amarelas. Pacientes com fichas verdes serão encaminhados para atendimento nas Unidades Básicas de Saúde.

Após os médicos declararem greve, o prefeito do município, Roberto Naves, afirmou que irá entrar na Justiça. Segundo a prefeitura, a justificativa da judicialização é que a greve ocorreu após duas atitudes tomadas pela gestão: a instalação de pontos eletrônicos para registro de presença dos profissionais e criação de agendamento de consultas via WhatsApp.

O prefeito alega que está cobrando o ponto para que as pessoas cumpram o horário de trabalho. “Se prestou concurso para trabalhar oito horas, tem que trabalhar oito. Se prestou concurso para trabalhar quatro horas, tem que trabalhar quatro. Até porque eles estão recebendo o dinheiro do povo, então tem que prestar serviço para o povo. Além disso, outra coisa que mexemos e que gerou insatisfação foi a questão das agendas. Nós levamos tudo na palma da mão, já que é possível marcar uma consulta no posto de saúde via WhatsApp, sem precisar sair de casa, dando mais comodidade a população”, afirma.

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Essas questões não foram abordadas pela categoria na nota de esclarecimento publicada pelo Sindicato. Com relação às questões da falta de fornecimento de EPIs e manutenção de equipamentos, o prefeito afirma que irá se manter à disposição para solucionar todas as questões abordadas pelos médicos.

Ele cita também a intenção de negociar uma solução com os profissionais. “Existem pontos que o Sindicato está pedindo para que nós possamos avançar, que são pontos que precisam realmente de uma atenção, sim. Inclusive, fizemos uma reunião com o Sindicato e topamos deliberar semanalmente alguns pontos. Estamos conversando com os profissionais e os médicos e estamos dispostos a atender aquilo que for possível”, afirmou.

Simea nega

O Simea afirma, em nota, que não houve qualquer “apresentação de proposta, mas unicamente o compromisso de abertura de canal de negociações a partir da próxima semana”. Também ressalta que, apesar das declarações do chefe do Executivo municipal, “não há qualquer reinvindicação acerca do ponto de registro de ponto dos médicos em seu local do trabalho”. “É bom ressaltar que, em circular encaminhadas aos médicos em 2019, o Sindicato dos Médicos de Anápolis reiterou a obrigatoriedade de registro da jornada de trabalho”, justifica.

Paralisação

O Sindicato alega que, apesar de inúmeras tentativas de abrir um canal de comunicação com o Prefeito Roberto Naves e com o Secretário de Saúde, a categoria médica não obteve sucesso. “A última tentativa aconteceu no dia 16/09, quando foi entregue em mãos um ofício com reinvindicações para Secretário de Saúde Julio César Espindola, além do encaminhamento ao Prefeito de igual correspondência. O secretário se comprometeu a responder antes do dia 27/09, porém não o fez”, diz.

Foram destacadas 21 reivindicações não atendidas. As principais irregularidades promovidas pelo Executivo Municipal, que induziram o movimento paredista pela categoria são: a não convocação dos médicos aprovados em concurso, dando prioridade para contratação via credenciamento; salários defasados – o salário do médico concursado atual é praticamente a metade do valor pago para um médico credenciado.

Além disso, o Simea destaca a retirada da gratificação concedida em 2017 para amenizar o problema do salário na época, com redução da remuneração em média de R$ 2.000; e a perseguição dos concursados: proibindo o atendimento do profissional na unidade que trabalha, não disponibilização de plantões extras para os concursados, sendo aberto somente para os credenciados e suspensão dos deferimentos de pedidos de férias e licenças de saúde, prêmio e por interesse particular. (Especial para O Hoje)

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