Equoterapia revela um campeão

Com força de vontade e empenho nos exercícios, Osmary Souza se tornou esportista e conquistou título de campeão mundial de Jiu-Jitsu

Postado em: 03-07-2017 às 07h00
Por: Sheyla Sousa
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Com força de vontade e empenho nos exercícios, Osmary Souza se tornou esportista e conquistou título de campeão mundial de Jiu-Jitsu

Da Redação

Há três anos, Osmary Souza dos Santos, de 30 anos, viu sua vida mudar repentinamente. Ele sofreu um acidente automobilístico e teve uma lesão medular, comprometendo a sensibilidade do corpo e o movimento do tronco e das pernas. Por causa do acidente e da lesão, Osmary ficou paraplégico. Mas o acidente não foi motivo para tirar a vontade de viver. Osmary conta que após o acidente mudou de Goiânia – onde recebia tratamento médico inicial de fisioterapeutas – para o município de Itumbiara. Ele teve receito de não poder dar continuidade ao acompanhamento. Porém, um amigo que mora na cidade falou sobre o Centro de Equoterapia Crescer, instalado no Parque de Exposição do município.

Esse mesmo amigo viu na internet que a equoterapia era indicada para pessoas com lesão medular. Sem perder muito tempo, Osmary procurou o Centro e começou a frequentar as sessões de equoterapia. Os resultados logo surgiram. “Hoje considero que evolui muito, já recuperei sensibilidade e agora consigo ter certo controle do tronco. Não consigo ficar sem frequentar a equoterapia. Tem um ano e meio que venho aqui toda semana. Além do trauma físico, as pessoas acidentadas chegam com traumas psicológicos, mas com a ajuda da equipe de profissionais fica mais fácil superar”, conta.

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Agora, uma vez por semana, Osmary troca a cadeira de rodas pela égua Bolinha, por pelo menos 40 minutos do dia para sessões equoterepêuticas. Superação e determinação têm sido os objetivos de vida do jovem. “A gente chega no Centro desacreditado. Mas aqui o lema é provar que nenhum diagnóstico é definitivo. Por isso, provamos o contrário. Depois que sofri o acidente entendi que mesmo tendo limitações é possível ser feliz”, ressalta.

Antes de sofrer o acidente, Osmary não tinha contato nenhum com cavalos. A rotina mudou e hoje o momento da sessão de equoterapia é um de seus maiores prazeres. “Quando subo no cavalo, me sinto realizado. É um momento especial, onde tenho contato direto com o animal e volto a sentir movimentos. Isso me dá muita alegria”, explica.

O amigo que mostrou a equoterapia para Osmary também lhe apresentou algo que ele nunca imaginava praticar, por causa da lesão medular: o esporte. A modalidade escolhida foi o Jiu-Jitsu. Após seis meses de treino, as medalhas vieram. Depois, ele se tornou campeão no estado de Goiás, Uberlândia e São Paulo, sendo que o último título é o de campeão mundial de Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. “Antes do acidente eu não montava em cavalos e nem praticava nenhum tipo de esporte. Depois que passei a frequentar a equoterapia, também passei a treinar o Jiu-Jitsu. Hoje sou bicampeão brasileiro, bicampeão mundial e recentemente primeiro cadeirante mundial do estado de Goiás a receber prêmio nos Emirados Árabes.  Eu só tenho a agradecer a toda a equipe de profissionais da equoterapia. Jamais teria conseguido tudo isso sozinho”, diz.

Quem também comemora essas conquistas é a equipe de profissionais do Centro de Equoterapia Crescer, já que a fisioterapeuta Marcela Pereira Paganuccei acompanha Osmary desde o início. “A equoterapia é um trabalho físico, emocional e intelectual muito importante para todos que praticam. Conseguimos trabalhar na parte física, a correção de postura e na parte emocional, por exemplo, o exercício de dominar o cavalo faz muito bem ao praticante”, descreve a fisioterapeuta.

No Centro de Equoterapia, em Itumbiara, a equipe é formada por duas fisioterapeutas, um fonoaudiólogo, uma psicóloga e um professor de educação física. O paciente pode ser encaminhado para o local pela rede de saúde ou alguma entidade que atenda pessoas com algum tipo de deficiência. A busca por atendimento no Centro vai desde a correção da fala, postura, crianças encaminhadas por escolas por apresentar algum distúrbio de aprendizagem e acidentados como foi o caso de Osmary.

A evolução do tratamento de quem pratica a equoterapia vai de acordo com cada paciente. No caso de Osmary, a força de vontade e o empenho superaram as expectativas da equipe e surpreenderam a fisioterapeuta Marcela Pereira, que lembra que nas primeiras sessões ele não conseguia segurar as rédeas do animal. 

 

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