Aniversário de 88 anos de Goiânia é marcado por problemas de mobilidade urbana

Moradores da capital precisam lidar com os problemas de mobilidade urbana e infraestrutura, fatores essenciais para uma melhor qualidade de vida

Postado em: 24-10-2021 às 14h07
Por: Giovana Andrade
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Moradores da capital precisam lidar com os problemas de mobilidade urbana e infraestrutura, fatores essenciais para uma melhor qualidade de vida. | Foto: Jota Eurípedes

Para além da celebração, o aniversário de Goiânia, comemorado neste domingo (24/10), traz à tona reflexões sobre o que poderia ser diferente na capital, que completa 88 anos desde a sua fundação e ainda oferece problemas que dificultam a vida de seus habitantes. Uma variedade dessas dificuldades está ligada à questão da mobilidade urbana, influenciada por inúmeros problemas interligados entre si.

O primeiro a ser citado, notado facilmente ao andar pelas ruas de Goiânia, é o trânsito caótico, do qual parece ser impossível escapar. A situação atual é resultado de uma série de fatores, e o principal é a extensa frota de carros e motos, que disputam espaço nas vias da cidade. Em uma espécie de efeito dominó, a quantidade exagerada de veículos se relaciona à decadência do transporte público.

Na coletiva de imprensa do Mova-se Fórum de Mobilidade, a urbanista e doutora em transportes Érika Kneib apontou que a qualidade do serviço prestado e os atrasos aos usuários do transporte coletivo estão ligados à quantidade de veículos disponíveis, que é insuficiente, e à falta de corredores exclusivos, o que dificulta o trânsito desses veículos. Segundo a especialista, é necessário aumentar a frota e, sobretudo, preparar a cidade para fluxo das vias.

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No evento, Érika destacou ainda que esses problemas não apenas poderiam ter sido superados, como sequer deveriam ter surgido, tendo em vista que o Plano Diretor de Transporte Coletivo (2006) e o Plano Diretor Municipal (2007) prevêem ações para o transporte público que garantiriam uma melhor mobilidade urbana, caso tivessem sido devidamente implantadas. No entanto, embora a priorização do transporte coletivo seja uma premissa legal, dado o caráter de lei do Plano Diretor, muito pouco ou quase nada do que foi planejado foi de fato implementado. A integração entre modos de transporte e a infraestrutura cicloviária são dois pontos essenciais, mas que parecem ter sido esquecidos.

Dessa forma, mais uma vez os problemas se interligam, e as dificuldades enfrentadas por ciclistas também integram o escopo da questão da mobilidade urbana. Na capital, quem pedala precisa lidar com a falta de ciclovias, ciclofaixas, sinalização e iluminação, elementos básicos para sua segurança. Segundo dados da Secretaria de Mobilidade, a capital conta apenas pouco mais de 90 km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. Somado a isso, a falta de respeito e conscientização de motoristas causam diversos acidentes.

Os ciclistas, que constantemente dividem o trânsito com outros veículos, como carros, motocicletas e ônibus, enfrentam problemas em locais como Campinas, onde não há sequer espaço destinado para quem é adepto ao pedal. O mesmo acontece em toda a extensão da Avenida Anhanguera, Castelo Branco, 24 de Outubro e diversos outros pontos da capital. A Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) foi procurada para se posicionar a esse respeito, mas não ofereceu resposta.

Outro ponto que faz parte do debate sobre o transporte coletivo é o BRT Norte-Sul, que tem o potencial de, aumentando a disponilidade de veículos, melhorar a qualidade do serviço oferecido aos usuários. No entanto, esse potencial permanece adormecido enquanto a entrega da obra completa o histórico atraso de cinco anos. Enquanto isso, a interdição de trechos causada pelas obras aparentemente infindáveis continuam atrapalhando ainda mais o trânsito da cidade.

Neste mês, a Prefeitura de Goiânia suspendeu mais uma vez a entrega do Trecho 2 do BRT Norte-Sul, que estava previsto justamente para este dia 24 de outubro. A decisão ocorreu devido a problemas estruturais na obra do viaduto da Goiás Norte com a Perimetral Norte, no setor Urias Magalhães. Segundo a Prefeitura, o viaduto sofreu rebaixamento na cabeceira em um de seus lados. Além do atraso na entrega do viaduto, diversas estações de embarque ao longo do trecho também apresentam atrasos no prazo de entrega.

Em nota, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana de Goiânia (Seinfra), afirmou: “As obras do Trecho II do BRT Norte-Sul, que compreende do Terminal Recanto do Bosque ao Terminal Isidoria, estão avançadas e com previsão de inauguração até dezembro de 2021”.

Somado a esses fatores, a mobilidade urbana também é atingida pelos problemas de infraestrura que acometem a capital, por exemplo, o impacto das chuvas em diversas áreas da cidade, que, além de impossibilitarem o trânsito nesses locais, coloca em risco a vida dos moradores. Na última quarta-feira (20/10), o setor Bairro Feliz foi atingido por uma forte enxurrada, que chegou a derrubar muros e portões. Na Rua das Mangueiras, uma moradora registrou o imenso alagamento cobrindo toda a pista. O mesmo foi visto na Avenida Leste-Oeste, com inundação que invadiu casas e comércios da região. Os moradores reclamam da má infraestrutura das ruas e avenidas da região. 

Neste aniversário de 88 anos, as fragilidades de Goiânia são expostas justamente por serem problemas básicos, que já deveriam ter sido resolvidos, mas que continuam gerando transtornos para aqueles que vivem na capital. Neste momento de celebração, é importante abrir os olhos para o que pode, e deve, melhorar nos próximos anos.

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