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domingo, 22 de dezembro de 2024
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Mobilidade

Em cinco anos, capital criou apenas 22 km de ciclovias

Entre 2016 e 2021, ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas de Goiânia passaram de 72 para 94 km

Postado em 25 de outubro de 2021 por Ícaro Gonçalves
Em cinco anos
Entre 2016 e 2021

Em março de 2011 as pistas de ciclismo, que já eram comuns em países da Europa, começaram a chegar em Goiânia. Houve a inauguração da primeira ciclovia na cidade, que ligava o Jardim Guanabara à Praça da Bíblia. Nos cinco anos seguintes, a Capital chegaria a 72,7 km de vias dedicadas aos ciclistas, entregues até o fim de 2016, na gestão do então prefeito Paulo Garcia (PT). Decorridos mais cinco anos, Goiânia possui hoje um total de 94 km de malha cicloviária, apenas 30% a mais do que havia em 2016.

Os números são tímidos quando comparados a outras capitais brasileiras. Segundo estudo do portal Mobilize Brasil, São Paulo (SP) é a capital com a maior malha cicloviária do País, com 496 km ao todo. Na sequência vem Rio de Janeiro (RJ), com aproximadamente 450 km, e Brasília (DF), com 420 km.

Wilismar de Souza, de 53 anos, pratica o ciclismo em Goiânia há mais de 14 anos, usando a bicicleta como meio de locomoção, lazer e esporte, principalmente aos finais de semana e feriados. Entre seus trechos favoritos estão a ciclovia da Avenida Universitária, a da Assis Chateaubriand, e da T-63, além das ciclorrotas dos parques Areião e Vaca Brava. “Prefiro andar mais de bicicleta do que de carro aqui na cidade, em primeiro lugar pela economia de combustível, que é gritante ao final de um mês ou ano. Em segundo lugar, pelos benefícios à nossa saúde física e mental”, afirma.

Wilismar é coordenador da Associação Na Bike com DV (@nabikecomdv), projeto fundado em 2017 e que tem como objetivo promover passeios ciclísticos com pessoas portadoras de deficiência visual, de forma a integrá-los à sociedade através da prática do ciclismo. Ele conta que um grande desafio enfrentado pela Associação é a falta de manutenção das vias por parte do poder público. “Praticamente todos os dias enfrentamos alguma dificuldade nas nossas ciclovias e ciclofaixas, a começar pelos buracos, desníveis e a má conservação das vias, o que ficou pior com todas essas obras e desvios de rotas que estão ocorrendo na cidade”.

Os mesmos problemas são relatados pelo professor Giuseppe Arrastes, de 40 anos. Ciclista habitual desde a construção das primeiras ciclovias de Goiânia, Giuseppe é coordenador do Pedal Retrô (@pedalretrogoiania), projeto com o intuito de resgatar a cultura das bicicletas clássicas e manter viva a memória de ciclistas da antiga Goiânia. Ele afirma que além dos problemas estruturais das vias, ciclistas goianienses ainda enfrentam o desrespeito e a falta de conscientização dos motoristas.

“O motorista goianiense precisa se conscientizar que em cima de uma bicicleta vai uma vida, e que o código nacional de trânsito coloca o pedestre e o ciclista como prioritários. A bicicleta já provou ser o veículo mais sustentável para o mundo em que vivemos, pois não polui, tem baixa manutenção, é acessível a todos, melhora a saúde, e não congestiona o trânsito. O grande desafio é mostrar às autoridades que a bicicleta não é só um meio de lazer, mas também um veículo de transporte como qualquer outro”, afirma Giuseppe.

Precariedade nas faixas

Tendo em vista a precariedade nas faixas destinadas aos ciclistas e o pouco avanço na construção de novas ciclovias, a Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) publicou no Diário Oficial do Município do dia 15 de outubro uma portaria que criou comissão responsável por realizar estudos para elaboração de projeto de ampliação e reestruturação do sistema cicloviário de Goiânia.

No ato da publicação da portaria integravam a comissão Yanna Ferreira Barbosa e Horácio Ferreira Martins, ambos da SMM; Domingos Sávio Afonso, da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC); e Emanuel Araújo Muniz, da Federação Goiana de Ciclismo (FGC). Entretanto, Yanna Ferreira, que ocupava o cargo de Diretora de Gestão do Transporte Público na SMM, foi exonerada do cargo no dia 18 deste mês. O cargo passa a ser ocupado por Danilo Viana Rabelo.

A reportagem entrou em contato com a SMM para questionar a respeito da organização e funcionamento da comissão de estudo, além das demandas e reclamações dos ciclistas ouvidos, mas não obtivemos resposta.

Saúde, esporte e lazer: benefícios do ciclismo

Para aqueles cansados dos engarrafamentos do trânsito, mas que ainda não se convenceram dos benefícios de aderir à bicicleta como meio de transporte habitual, aqui vão alguns pontos que podem ajudar nessa tomada de decisão.

Em primeiro lugar, há o contato com a natureza. A maior parte das ciclovias ou ciclofaixas de Goiânia fazem conexão entre diferentes parques ou praças, como a que conecta a Praça Universitária ao Zoológico, passando pela Praça Cívica, Bosque dos Buritis, e Praça Tamandaré. Tal contato pode melhorar aspectos da nossa saúde, principalmente a mental.

O que remete ao segundo ponto, a redução do estresse e ansiedade. Os congestionamentos são comuns nos bairros movimentados, o que contribui para o aumento do estresse nos motoristas. Em contrapartida, nas ciclovias o caminho está sempre livre. Assim, o ciclismo é relatado por muitos praticantes como responsável por reduzir o estresse, comum na volta para casa nos horários de pico.

Há também aqueles que veem como vantagem a possibilidade de fazer exercícios físicos nos trajetos diários. Enquanto os exercícios em uma academia podem ser monótonos e repetitivos, o ciclismo ao ar livre, com recepção de luz natural, traz bem-estar e maior ânimo.

Por fim, existe a economia de combustível. Nesse período de inflação em alta e com o litro da gasolina chegando próximo a R$ 7, a bicicleta desponta ainda mais como uma opção barata e recomendável, com baixo custo de manutenção. A conta fica mais favorável ao colocar na ponta do lápis os gastos evitados ao pedalar e dispensar o carro: os custos diretos (combustível, IPVA, seguro, estacionamento e multas) e os custos indiretos (por exemplo, médico, nutricionista e academia de ginástica). (Especial para O Hoje)

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