Goiás tem a 2º maior média de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti

Outro motivo de atenção é a febre chikungunya, que registrou aumento de 168% desde o último ano

Postado em: 25-10-2021 às 08h24
Por: Daniell Alves
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Outro motivo de atenção é a febre chikungunya, que registrou aumento de 168% desde o último ano | Foto: Reprodução

O Estado tem a maior média do País em casos de dengue por 100 mil habitantes, segundo levantamento do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (MS). Até o último mês, foram registrados mais de 43 mil casos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. O quantitativo fica atrás do Acre (AC), estado com média quase três vezes maior.

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) alerta os municípios goianos para o controle ambiental e químico de combate à proliferação do mosquito Aedes aegipty, transmissor da dengue, zika e chikungunya, doenças chamadas de arboviroses e endêmicas em Goiás e toda a região Centro-Oeste. Com o início do período chuvoso, o mosquito se reproduz com maior facilidade e o número de casos tende a aumentar.

“É importante que os gestores municipais priorizem ações de controle sanitário, como a limpeza urbana, a fiscalização de pontos estratégicos, como borracharias e ferros-velhos, visitas dos agentes de saúde aos domicílios e aplicação de fumacê nos locais específicos. Essas rotinas têm que ser intensificadas diante do possível aumento de casos nesse período”, explica a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim.

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Preocupação

Goiás apresenta 60.333 casos notificados de dengue, uma queda de 26% em relação ao mesmo período do ano passado (semana 39), com 18 óbitos confirmados. Já os casos notificados de zika somam 80 até a mesma semana.

Outro motivo de atenção é a febre chikungunya. Goiás registrou 726 casos notificados da doença, um aumento de 168% em relação ao mesmo período do ano passado. São 306 registros confirmados em 24 municípios goianos, com a presença autóctone (transmissão local) do vírus.

Por apresentar sintomas muito debilitantes e maior risco de sequelas, principalmente nas articulações, a doença é motivo de preocupação das autoridades sanitárias. “O engajamento de toda população no combate aos focos do mosquito é importante. Assim como a dengue, a chikungunya pode levar a quadros graves de internação e óbito”, reforça Flúvia Amorim.

Transmissão

A pasta explica que a chikungunya também é transmitida pela picada do Aedes aegypti. Por ter uma transmissão bastante rápida, é necessário ficar atento a possíveis criadouros do mosquito e, assim, eliminar esses locais para evitar a propagação da doença, que pode causar sequelas como dores crônicas nas juntas por longo período de tempo.

A transmissão da mulher grávida para o feto só ocorre quando a mãe fica doente na última semana de gravidez. Nesse caso, mesmo que nasça saudável, a criança deve permanecer internada por uma semana, para observação e tratamento imediato, caso desenvolva a doença, que pode levar a quadros graves, com manifestações neurológicas e na pele. Também existe transmissão por transfusão sanguínea.

Sintomas

Após a picada do mosquito, o vírus entra na pele e na corrente sanguínea. Após a replicação inicial nos fibroblastos dérmicos, se espalha pela corrente sanguínea, atingindo o fígado, músculos, articulações, baço, nódulos linfáticos e cérebro. A doença é caracterizada por febre alta – acima de 39 graus –, frequentemente acompanhada de dor nas articulações e mialgia, além de erupção cutânea, que pode variar de leve e localizada a uma erupção cutânea extensa envolvendo mais de 90% da pele.

A dor nas articulações costuma ser muito debilitante e, geralmente, dura alguns dias, mas pode se prolongar por semanas, meses ou até anos. Outros sinais e sintomas comuns incluem inchaço nas articulações, dor de cabeça, náuseas e fadiga. Ao apresentar tais sintomas, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde para diagnóstico e tratamento.

Cuidados básicos

A recomendação para evitar a contaminação pelos vírus transmitidos pelo Aedes aegypti é combater justamente o mosquito, e as ações devem começar dentro do próprio domicílio. “Os estudos feitos pelas Secretárias Municipais de Saúde demonstram que mais de 90% dos criadores se encontram nas casas. A gente tem falado muito que o vilão é o Aedes aegypti, mas, na realidade, o próprio vilão somos nós, a partir do momento que não trabalhamos dentro dos nossos imóveis”, pontua o coordenador de Controle de Dengue da SES, Murilo do Carmo Silva.

É preciso colocar areia nos vasinhos de plantas, vedar caixas d’água, tambores, latões, cisternas e desentupir calhas e grelhas, para evitar que a água se acumule e possa se tornar foco desse perigoso mosquito. O Aedes se prolifera em qualquer época, desde que tenha água parada, para colocar seus ovos, e pessoas próximas, para se alimentar de sangue. (Especial para O Hoje)

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