Moradores impedem linha de transmissão de rede elétrica

Representante de moradores da região sudoeste de Goiânia foi à Tribuna Livre da Câmara de Vereadores expressar insatisfação com obras

Postado em: 07-07-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Representante de moradores da região sudoeste de Goiânia foi à Tribuna Livre da Câmara de Vereadores expressar insatisfação com obras

Marcus Vinícius Beck

As obras da linha de transmissão da rede de alta tensão da Companhia de Eletricidade de Goiás (Celg) estão paralisadas, na região sudoeste de Goiânia. Na tarde de ontem (6), moradores se reuniram para sessão de Tribuna Livre na Câmara de Vereadores cujo tema era insatisfação deles com as obras. 

Os moradores tentam há mais de dois anos paralisar as obras, mas a Celg alega que o projeto, elaborado há mais de 10 anos, está correto e não há nada de anormal. A população chegou a denunciar o fato à Agência Nacional de Energia Elétrica (Anel), que constatou alguns erros no projeto e condenou a instalação da rede. 

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Moradora há 19 anos do Parque Anhanguera, Soraia Tereza Petrone, 53, afirma que a obra está travada desde 2015, porém os moradores começaram a reclamar sete anos antes, em 2007. “A obra trará melhorias para a região, sim. Mas eu penso que tem outra alternativa, pois afetar 20 mil pessoas para abastecer apenas Campinas não faz sentido”, queixa-se ela. “Se tiver início, a gente vai fazer, sem dúvida, alguma resistência”, assevera.

Com a pretensão do projeto de cortar vários pontos do parque Macambira/Anicus, o movimento de resistência relatou os episódios para o Banco Internacional de Desenvolvimento (BID), que é responsável pelo financiamento do Parque. Então, foi feito um laudo técnico apontando várias irregularidades ambientas, e a Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA) suspendeu licença para instalação da rede de alta tensão. 

Os moradores argumentaram que, caso haja liberação do alvará da construção da rede de alta tensão, aproximadamente 20 mil moradores serão afetados. A potência da rede é de 138.000. Soraia ainda diz que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT) estão ao lado dos habitantes, porque, segundo ela, precisa haver uma distância entre a rede de alta tensão e a casa dos moradores.

Impasse

O impasse entre moradores da região e a Celg está longe de ter um desfecho. Várias reuniões foram marcadas, mas praticamente nada foi resolvido. Até hoje, as obras seguem paradas e moradores da região reclamam de que a Companhia não faz a menor questão de arrumar uma segunda alternativa. “Conversamos com um engenheiro e ele nos disse que há, de fato, uma saída”, afirma ela.

Suspensão

Em 2014, a juíza Suelenita Soares Correira deferiu liminar requerida pelo Ministério Público Federal (MP-GO) e determinou suspensão das obras de instalação da linha de transmissão de energia que passaria pelos bairros da região sudoeste de Goiânia. A liminar especifica que as obras terão de ser suspendidas em trecho de medida inferior a 16 metros. 

Se houvesse descumprimento da decisão, uma multa diária no valor de R$ 5 mil foi fixada. A juíza também determinou que a intimação da AMMA em que seria necessário apresentar cópia integral do requerimento da linha de transmissão.  

Por meio de nota, a Celg ressalta que a instalação desta linha de transmissão se faz necessária para garantir o adequado fornecimento de energia para os moradores da região. De acordo com a Companhia, o sistema é “imprescindível” para melhoria do atendimento aos moradores do local, que reclamam das obras. 

“O objetivo é ligar subestações e ampliar o serviço de fornecimento de energia em Goiânia. A Celg, das várias opções de trajeto, optou pela que beneficiaria o maior número de pessoas, passando pelos bairros Parque Anhanguera, Residencial Canadá, Setor Faiçalville, Setor Santa Rita, Jardim Presidente, Três Marias, Jardim Europa e Parque Amazonas”, diz a nota. 

Postes no chão 

Em novembro do ano passado foi encontrado dentro de um poste num canteiro da Avenida Viena, no Setor Jardim Europa, um dos bairros em que as obras da Celg estão paralisadas, o corpo de Dagoberto Rodrigues Filho, 68. Segundo relatos da família, ele tinha transtorno mental e costumava ficar perambulando pela rua. 

Moradores do bairro, porém, afirmaram à época que o local era usado como ponto de drogas e pediram que as estruturas fossem retiradas dali. No entanto, a Celg disse que não os retirou porque espera obtenção do alvará de licença ambiental da Prefeitura de Goiânia para continuar as obras de implantação dos fios de alta tensão. 

O poste onde foi encontrado o corpo de Dagoberto é um dos que estão ainda abandonados na região. 

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