Cemitério sem muro pelo segundo ano no Dia de Finados

Neste Dia de Finados, quem for ao Cemitério Parque da Capital prestar algum tipo de homenagem a um ente querido sepultado ali

Postado em: 01-11-2021 às 08h22
Por: Daniell Alves
Imagem Ilustrando a Notícia: Cemitério sem muro pelo segundo ano no Dia de Finados
Moradores próximos ao Cemitério Parque dizem que o local se tornou abrigo de criminosos. | Foto: Jota Eurípedes

Neste Dia de Finados, quem for ao Cemitério Parque da Capital prestar algum tipo de homenagem a um ente querido sepultado ali terá um motivo a mais para se lamentar. O local ainda não teve parte do muro reconstruído e os túmulos seguem sendo alvos de ações de vandalismos, na Rua Via de Acesso, no setor Granja Cruzeiro Sul. Os trabalhos no local tiveram início em julho do ano passado para dar mais segurança. Os moradores vizinhos estão revoltados com o abandono da construção e descaso.

Isto porque o cemitério está sendo utilizado para descarte de resíduos e entulho. Os vizinhos alertaram para a falta de segurança, já que as famílias que vão visitar seus entes queridos que já faleceram correm o risco de encontrar sepulturas reviradas. A obra foi parar na Justiça. Na ação, o Ministério Público pediu para fazer o muro e a calçada.

A costureira Franciele da Costa, moradora do setor Urias Magalhães, que fica ao lado do cemitério, lamenta a situação. “Já tem anos que era para essa obra ter terminado, mas até agora não vimos o problema ser resolvido. É uma falta de respeito com as pessoas que vêm visitar os entes que já se foram. Não dá para continuar desse jeito, porque pode até trazer novos problemas para quem mora perto”, diz.

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Já o encarregado de hortifrúti, Paulo Henrique Monteiro, que mora no setor Granja Cruzeiro do Sul, diz que a prefeitura prometeu que iria acabar a obra o mais rápido possível. “Até hoje nada de finalizar com esse muro do cemitério. Tem essa ‘lixaiada’ aí. As pessoas vêm de outro setor e joga o lixo tudo aí. A prefeitura não cata o lixo daí vai só acumulando. Lá para abaixo tem muitos entulhos e até hoje nada. Só promete. E nada faz esse muro sair logo”, lamenta.

Além disso, ele destaca que a insegurança no local é um problema antigo. “Segurança zero. Ninguém zela desse cemitério. Já tem mais de 20 anos que moro aqui e antes disso os vizinhos já reclamaram que eram os mesmos problemas. A prefeitura promete cuidar, mas até agora nada foi feito que beneficia a população. Fala que vai ter GCM vigiando, mas vem de vez em quando”, reclama.

A administração municipal salientou que parte do serviço sofreu com as chuvas que caíram na cidade no início do ano. Em um dos pontos, pelo menos dois metros de construção caíram. Em outro lugar, a construção de parte da estrutura estava apoiada prestes a cair. Além disso, houve a reclamação da falta de materiais de construção e contaminação de colaboradores que atuavam para os trabalhos no local pelo novo Coronavírus.

Abrigo de criminosos

O local ainda tem sido usado para abrigar suspeitos de cometer crimes. “Os bandidos que roubam aqui correm para o cemitério e vão atravessando tudo para dentro. Ninguém pega. Precisa melhorar a segurança do setor e fazer esse muro o mais rápido possível que estamos num lugar que fica a desejar sem essa obra. Está assim desde o ano passado e nada acontece para melhorar”, cobra.

Quando foi ao local prestar homenagem aos pais que faleceram, a empresária Alessandra Rocha Almeida diz ter sofrido uma dor superior à que sentiu quando seus entes queridos faleceram. “Fui com o meu neto acender uma vela nos túmulos de meus pais e quando cheguei, as sepulturas estavam abertas”, relatou a filha, em lágrimas. Alessandra afirma que ficou doente com a situação. “Depois desse dia eu sinto uma dor forte e constante na cabeça que não passa. Adoeci com esse desrespeito absurdo”, lamenta. Ela não crê que a construção do muro vá inibir a depredação.

Alessandra conta que tentou reclamar com os responsáveis pela administração do cemitério e recebeu como resposta que a depredação de sepulturas no Cemitério Parque é comum. “O povo gosta de falar que é vandalismo, mas são os próprios funcionários do cemitério que violam as covas dos corpos para vendê-las a outras pessoas”, defende.

Por meio de nota, a prefeitura informou que houve um problema com a documentação da obra e a empresa responsável ainda na gestão anterior. Também destacou que as documentações estão sendo organizadas e os trabalhos serão retomados em breve. O órgão afirma saber da importância do muro tanto para familiares que enterraram os seus entes queridos no cemitério quanto para quem vive nas redondezas.

Mais de um ano

Em julho do último ano, a prefeitura iniciou as obras do muro e calçamento em torno do Cemitério Parque, onde já foram feitos mais de 200 mil sepultamentos. O novo muro deve ter 2,2 metros de altura e 1,9 mil metros de comprimento, além de 4 mil metros de calçamento com acessibilidade.

Na época, a prefeitura informou que o objetivo da benfeitoria era dar maior segurança ao local, preservando o respeito e a memória daqueles que contribuíram muito com nossa cidade. O ex-secretário municipal de Assistência Social, Mizair Lemes Júnior, destacou que a obra seria de fundamental importância para a cidade. “Esse muro é também uma forma de valorizar e dar dignidade aos entes queridos da nossa capital e seus familiares”, afirmou.

Local pode ser foco para Aedes aegypti

Um vídeo publicado nas redes sociais mostra uma moça reclamando dos atos de vandalismo no Cemitério Parque. Durante o vídeo, ela ainda mostra túmulos com vários copos cheios de água e reclama que os recipientes podem ser propícios à proliferação de mosquitos da dengue.

Com a denúncia, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Goiânia começou uma ação intensificada de vistorias nos cemitérios da cidade. A ação foi realizada nos dias 25 e 26. O objetivo foi identificar locais que possam ser criadouros do Aedes aegypti, o mosquito responsável pela transmissão da dengue, zika vírus e chikungunya.  “Os agentes procuraram objetos que possam acumular água, principalmente vasos e arranjos de flores que vêm embrulhados em enfeites plásticos, e ainda iremos orientar os funcionários dos cemitérios quanto a retirada desses materiais para que não sirvam de multiplicadores de mosquitos”, afirmou Izaías de Araújo, gerente de controle de vetores da Zoonoses. 

A ação foi realizada nos maiores cemitérios da Capital, o Cemitério Santana e o Cemitério Parque. Com relação ao vídeo divulgado na internet, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social de Goiânia informou que todos os dias equipes realizam a manutenção e limpeza dos cemitérios municipais e que esse fato está sendo resolvido.

Central de Óbito

Goiânia possui uma Central de Óbitos sendo, assim, visitada por representantes de inúmeros outros municípios e capitais brasileiras com o objetivo de conhecer a estrutura e o funcionamento do serviço. É o Departamento que tem por finalidade a supervisão dos Serviços Funerários e a Administração dos Cemitérios Municipais, sendo: Cemitério Parque, Santana, Vale da Paz e Jardim da Saudade.

Visando garantir a transparência e sistematização dos serviços prestados à população com relação aos óbitos ocorridos, o município de Goiânia optou pela implantação de uma Central de Óbitos, na estrutura da Secretaria Municipal de Assistência Social, fato que contribui para qualificar e humanizar os serviços.

A logística da Central de Óbitos na Semas possibilita a efetivação da oferta do benefício eventual de auxílio funeral, na modalidade de prestação de bens e serviços por meio da isenção de taxas públicas, concessão de roupas e urnas para o sepultamento do corpo de pessoas provenientes de famílias em situação de vulnerabilidade social ou indigentes. (Especial para O Hoje)

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