Líder de ocupação onde ocorreu chacina é assassinado no Pará

A informação foi confirmada pela organização não governamental Justiça Global, que presta auxílio social e jurídico ao acampamento

Postado em: 08-07-2017 às 14h30
Por: Toni Nascimento
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A informação foi confirmada pela organização não governamental Justiça Global, que presta auxílio social e jurídico ao acampamento

Foi assassinado, na noite dessa sexta-feira (7), um dos
líderes da ocupação na Fazenda Santa Lúcia, em Pau D’Arco (PA), local onde 10
camponeses foram mortos durante uma operação policial no dia 24 de maio deste
ano.

O crime ocorreu em uma cidade próxima, Rio Marias, para onde
o líder Rosenildo Pereira de Almeida, de 44 anos e conhecido como “Negão”,
havia ido na noite de sexta-feira para se esconder, após reiteradas ameaças de
morte. Segundo informações preliminares da Comissão Pastoral da Terra (CPT),
ele teria sido executado com três tiros na cabeça por dois motoqueiros.

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A informação foi confirmada pela organização não
governamental Justiça Global, que presta auxílio social e jurídico ao
acampamento. A assessoria da Polícia Civil do Pará também confirmou as
circunstâncias do homicídio, mas disse desconhecer se a vítima era uma
liderança da ocupação na Fazenda Santa Lúcia.

“O que nós podemos afirmar é que ele era uma liderança lá do
acampamento e vinha recebendo ameaças de morte por conta dessa função”, disse
José Batista, coordenador jurídico da CPT em Marabá, maior cidade da região.

De acordo com a coordenadora da Justiça Global, Sandra
Carvalho, o assassinato expõe a situação de contínua ameaça à qual os
integrantes da ocupação na Fazenda Santa Lúcia encontram-se submetidos,
especialmente após a Polícia Federal ter sido autorizada, no início de junho, a
investigar as mortes em Pau D’Arco.

“Esse processo de investigação e de apuração para desmontar
uma farsa de que houve conflito, e não chacina, está deixando as pessoas que
cometeram esses crimes preocupadas, fazendo com que continuem a ameaçar”, disse
Sandra à Agência Brasil. Ela criticou a Secretaria de Segurança Pública do Pará
(SSP-PA), a quem acusou de ignorar os pedidos de proteção às pessoas no local.

A reportagem tentou diversas vezes entrar em contato com a
secretaria, por meio do telefone fixo e dos celulares de plantão da assessoria
de imprensa do órgão, mas ninguém atendeu às ligações.

A Justiça Global disse ter solicitado a inclusão imediata de
outras três lideranças camponesas de Pau D’Arco, cujo paradeiro no momento é
desconhecido, no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas do Pará
e também no Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, mantido pelo
governo federal.

“Neste exato momento, estamos tentando localizar essas três
pessoas para prestem imediatamente depoimento ao delegado da Polícia Federal
que investiga a chacina”, disse Sandra.

Nesta semana, lideranças sociais que acompanham o caso
realizaram um ato na seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) para pedir que as mortes de camponeses em Pau D’Arco não fiquem
impunes.

(Agência Brasil) 

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