Precisando de demandas, desgastes denunciam últimos suspiros do Mercado Central

Referência histórica e cultural da cidade, o Mercado Central da Rua 3, Centro, teve sua última reforma na década de 90

Postado em: 06-11-2021 às 05h30
Por: Redação
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Referência histórica e cultural da cidade, o Mercado Central da Rua 3, Centro, teve sua última reforma na década de 90 | Foto: Jota Eurípedes

Por Alzenar Abreu

Referência histórica e cultural da cidade, o Mercado Central da Rua 3, Centro, teve sua última reforma na década de 90. Mesmo sendo considerado um dos maiores patrimônios históricos e culturais da Capital, o espaço precisa de obras de revitalização para dar um ar mais moderno e atrativo ao local. De acordo com vendedores, o Mercado possui boa estrutura, mas precisa de reforma e que seja reativado o terceiro piso, fechado há 4 anos.

Em entrevista com prestadores de serviços do Mercado, pontos como pintura total de fachada, reforma do piso de corredores e lojas, reforma de escadas – algumas carcomidas pelo tempo -, e sinalização de estacionamento para descarga de produtos, foram apontados como necessidade. Isso porque os fornecedores deixam os carros estacionados por muito tempo e impedem a agilidade para entrega de outras mercadorias.

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Na visão dos comerciantes, a estrutura do Mercado é boa porque é toda erguida em concreto, mas precisa de uma boa forração em todos os andares para esconder a fiação e deixá-lo mais bonito. Um posto médico para atendimento de consumidores e vendedores também é outra necessidade apontada.

Ponto histórico de Goiânia bem visitado por turistas e pela população, o Mercado Central foi inaugurado em 1950, durante a legislatura do ex-prefeito Eurico Miranda. Começou a funcionar onde hoje se encontra o prédio do Parthenon Center. Posteriormente, foi transferido para o Mercado Centro Comercial Popular, onde existe, atualmente, o Camelódromo do Centro.

Já em 24 de outubro de 1986, foi novamente transferido para sua sede definitiva, na Rua 3, no Setor Central. Possui área construída de 6.787 metros quadrados, divididos em três pavimentos. Os comerciantes mais antigos dizem que o local já servia os clientes desde 1947, onde o desembarque dos produtos era feito na avenida Paranaíba e muitos produtos perecíveis chegavam de carroça.

Acesso ao mercado

A gestão daquela época decidiu tomar medidas para facilitar o acesso ao mercado. Uma delas foi a construção de um estacionamento. O que permitiria maior conforto para quem estivesse de passagem pelo Mercado Central de Goiânia. Hoje, o local funciona com dois pisos destinados ao comércio. A parada para o lanchinho é quase que obrigatória para degustar queijos variados, pastéis, salgados, tortas doces artesanais, sucos e cafés torrados na hora.

O comerciante José Mendonça Ribeiro, de 95 anos, diz que trabalha no mercado desde de janeiro de 1950. Ele mesmo, até hoje, organiza as compras e abre e fecha o caixa. Se diz feliz e satisfeito com o fruto do trabalho no comércio. “Formei todos os meus filhos. Moro numa casa boa e confortável. Sou muito realizado”, diz ele que já vendeu muita carne de gado, no passado. O que lhe rendeu boa renda.

Antes de assumir a banca no Mercado Central ele conta que veio de Morrinhos onde tinha uma fazenda. “Meu capital era pequeno. Assim, resolvi mudar para Goiânia e investir no pequeno comércio, no Mercado. Cheguei a ter cinco casas de carne na cidade, mas agora trabalho com doces, castanhas e outras variedades. Estou satisfeito”, diz.

A presidente da Associação responsável pelo Mercado Central, Sônia Sarlo, diz que a principal demanda dos comerciantes do Mercado é a reabertura do terceiro piso, fechado há quatro anos. “A área é de 2.500 m² e tivemos a ideia de abrir ali um Atende-Fácil da Prefeitura de Goiânia (que serve ao cidadão para prestar serviços administrativos à população), por exemplo. É uma ideia. Mas estamos aguardando novos projetos”, diz.

Mercado possui uma grande variedade de produtos

Das delícias caseiras como doces típicos de buriti, pé-de-moleque com rapadura, goiabada cascão; e as tradicionais ervas, óleos e produtos usados para “curar de tudo” – depoimentos não faltam para atestar o poder dos extratos coloridos extraídos da natureza – o Mercado Central traz o que não se acha em mercados tradicionais. 

Além desse apelo, existe uma variedade de artigos de cama, mesa e banho com bordados feitos à mão, cheios de criatividade e beleza. Objetos de palha como chapéus, cestas diversas também são típicos do artesanato goiano. Artigos que não se acham em lojas comuns como o fumo de rolo podem ser comprados ali. Sem falar da gastronomia bem representada pelos empadões goianos. E o cheiro típico da venda do mix de temperos que colorem as banquinhas arrumadas para atrair o olhar do cliente.

Além das opções gastronômicas com a comida típica goiana, é possível encontrar no Mercado peças feitas em couro (sandálias e botas, por exemplo), filtros de barro, panelas de ferro, tachos de cobre fundido e apetrechos para cozinha que só existem por lá. Como pilão de farinha ou arroz, rústico e útil para fazer farofas, poçocas de carne e mistura para condimentos. Sair desse Mercado de mãos vazias é difícil. Afinal, sempre aparece um item que se precisa.

O Mercado foi criado para abastecer a cidade de alimentos. No entanto, com o tempo, novas propostas foram sendo adequadas ao ambiente e acabou por perder o enfoque central. Com o desenvolvimento da cidade, outros centros de compras se espalharam rapidamente por Goiânia. A concorrência acabou por desestimular compradores e comerciantes que viam nas prateleiras dos pequenos mercados ou armazéns, mais praticidade para fazer compras. Porque ficava mais perto de onde moravam, na cidade que não parava de se expandir. (Especial para O Hoje)

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