Cigarro, álcool e HPV aumentam risco de câncer de cabeça e pescoço

As pessoas que fumam um maço por dia, por 20 anos, têm risco de cinco a dez vezes maior de desenvolver esse tipo de câncer

Postado em: 16-07-2017 às 18h30
Por: Lucas de Godoi
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As pessoas que fumam um maço por dia, por 20 anos, têm risco de cinco a dez vezes maior de desenvolver esse tipo de câncer

A prevenção ao tabaco, a bebidas alcoólicas e ao
papilomavírus (HPV) faz parte do alerta do julho verde, mês em que são
reforçadas as campanhas contra o câncer de cabeça e pescoço. O Instituto
Nacional do Câncer (Inca) estima que mais de 10 mil pessoas tenham morrido de
câncer de laringe e cavidade bucal em 2015, de acordo com o levantamento mais
recente.

Os tumores do câncer de cabeça e pescoço manifestam-se em
lesões na boca, na faringe, na laringe e na tireoide. Não são classificados
nessa modalidade de câncer os tumores no cérebro e nos olhos. Segundo Luiz
Paulo Kowalski, diretor do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e
Otorrinolaringologia do Hospital A.C. Camargo, a automedicação e a falta de
diagnóstico correto fazem com que de 70% a 80% dos pacientes cheguem ao médico
com a doença em estado avançado.

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Os sintomas do câncer incluem lesões brancas ou vermelhas,
feridas, caroços, incômodo para engolir, rouquidão, dor e desconforto, com
duração maior que duas semanas. “São sintomas que se confundem com doenças
comuns. No caso da doença comum, em duas semanas os sintomas desaparecem, com
ou sem tratamento. O câncer vai se tornando cada vez pior, os sintomas só se
agravam. Aí deve despertar a atenção, 15 dias é o ponto chave”, esclarece o
médico.

No caso de doença avançada, os sintomas são dor,
sangramento, perda de dentes e perda de peso. O diagnóstico precoce traz mais
chances de cura ao paciente. Há 20 anos, a taxa média de cura era 50%.
Atualmente, com o aumento do diagnóstico precoce e os tratamentos mais
modernos, o índice subiu para 65% a 70%. Os tumores de tireoides têm ainda mais
sucesso, com taxa de cura superior a 90%.

A taxa de incidência apurada no país este ano pelo Inca
mostra que homens são os mais afetados por esse tipo de câncer. Para o câncer
de laringe, foram 6.360 novos casos de homens e 990 casos em mulheres. O câncer
da cavidade oral afetou 11.140 pacientes masculinos e 4.350 mulheres.

Prevenção

Evitar os principais fatores de risco, como o cigarro, são a
mais importante forma de prevenção. Segundo o médico, os diversos componentes
químicos da combustão do tabaco, com forte potencial cancerígeno, afetam a
boca, a garganta e a laringe. “As pessoas que fumam um maço por dia, por 20
anos, têm risco de cinco a dez vezes maior que a pessoa que nunca fumou. Se
beber, aumenta de 60 a 80 vezes esse risco”, adverte.

A ingestão de bebidas alcoólicas é outro fator prejudicial.
“O álcool é um solvente que facilita a penetração dos agentes cancerígenos na
mucosa. O indivíduo que bebe muito, se alimenta mal e não tem cuidado com
higiene oral, aumenta a proliferação de bactérias, que podem produzir infecções
crônicas”, explica.

O terceiro fator de risco é o HPV, que pode ser transmitido
para a boca por meio de sexo oral ou até pelo beijo. A incidência do HPV
alterou o perfil do paciente, que antes era, em sua maioria, pessoas entre 55 e
60 anos. Com o vírus, a faixa etária diminuiu para 30 a 40 anos, predominante
até entre pessoas que não fumam ou bebem. Segundo o médico, outras questões como
dieta pobre em frutas e verduras também aumentam os riscos.

Tratamento

A cirurgia ou a radioterapia podem ser o tratamento nos
estágios iniciais. Com o avanço do câncer, a quimioterapia ou a combinação das
terapias também passam a ser indicadas. Kowalski destaca que a cirurgia, nos
tempos atuais, deixaram de ter caráter mutilador. “Temos mídia assistida,
laser, robótica e técnicas mais refinadas de reconstrução. Hoje, conseguimos
retirar os tumores sem deixar sequelas significativas para o paciente, o sucesso
do tratamento melhorou muito”, destaca.

(Agência Brasil)

Foto: Marcelo Camargo 

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