Entenda por que busca por clínicas populares tem aumentado em Goiânia

Com a crise e o desemprego, pacientes sem plano de saúde buscam alternativas de atendimento

Postado em: 13-11-2021 às 09h00
Por: Redação
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Com a crise e o desemprego, pacientes sem plano de saúde buscam alternativas de atendimento | Foto: Reprodução

Por Alzenar Abreu

Atendimentos médicos que não contemplam adesão aos planos de saúde convencionais tiveram, nos últimos seis meses, crescimento na demanda de 50 %. São consultas eletivas (programadas) e também a oferta de exames agendados, em clínicas parceiras. Os preços são atrativos: exames podem chegar a R$ 9 e consultas a partir de R$ 80 com 21 especialidades médicas e equipes credenciadas pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego).

O atendimento não contempla urgência, emergência nem internações. Mas atende a oferta de exames de todas as complexidades. “Desde um hemograma até uma angiorressonância (exame que estuda artérias e veias)”, explica Rafael Mohn, diretor de uma clínica que atende na região de Campinas.

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Com o aumento do desemprego, em função da pandemia, quem tinha plano de saúde ficou desassistido. A propostas desse modelo de atendimento é, justamente, atrair um público que não deseja pagar mensalidades que giram em torno de R$ 650 a R$.4777 (valor médio para duas pessoas). Em alguns planos de saúde convencionais é necessário que o credenciado, além da mensalidade, pague parte da consulta ou exame, são os chamados planos com coparticipação.

As clínicas populares podem oferecer vantagens como atendimento agendado, sem fila de espera e exames com valores mais em conta em estabelecimentos credenciados. Isso porque, segundo diretores desse segmento o fluxo é maior com a indicação do laboratório parceiro. Com maior demanda, o preço ofertado fica mais em conta.

A depender do serviço contratado, um hemograma pode chegar a R$ 9 em laboratórios que respeitam todas as regras sanitárias e protocolos de saúde para adequado funcionamento.

Os públicos mais atendidos não querem aguardar vagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e se valem desse serviço para consultas rotineiras. Por conta da campanha do Outubro Rosa (conscientização para exames preventivos contra o câncer de mama), por exemplo, muitas mulheres foram atendidas nessas clínicas pesquisadas pelo O Hoje.

Elas fizeram as consultas ginecológicas, colheram os exames preventivos e realizaram as mamografias em clínicas parceiras. Cada consulta tem direito a retorno com 15 dias para levar exames e dar prosseguimento ao diagnóstico e tratamento.

Mulheres são maioria

Para a cabeleireira Maria Helena Ferreira de Paula esse tipo de atendimento deu resultado. Ela é diabética e precisava fazer exames de rotina e consultas. “Acabei de fazer um exame de ‘fundo de olho’. Fui muito bem atendida. Já estou com o resultado e vou levar ao médico. Nesta clínica consultam meu irmão e meus filhos. Meu irmão vai entregar um exame de Raio-X. Eu gosto porque não tem de esperar muito. É muito rápido. Explica”.

85% do público atendido nessas clínicas é formado por mulheres. “Elas se cuidam mais e levam os maridos, filhos e amigos”, explica Lucas Paes, administrador de outra clínica que possui sete consultórios e fica no setor Jardim América. De acordo com ele, as consultas com psiquiatria e nutrição têm sido as mais demandadas. E os preços podem variar entre R$ 90 e R$ 110. As clínicas também oferecem atendimento em psicologia.

As consultas são feitas por médicos que atendem planos de saúde e clínicas particulares. A área de psiquiatria, por exemplo, não possui, segundo Lucas, quantidade grande de profissionais no mercado em Goiânia. Portanto, eles estão presentes nas clínicas populares, também. “Nós fazemos o pagamento direto para o médico credenciado que assiste em nossos consultórios, explica”.

Vilmaci da Silva Vieira Leite é cabeleireira e já foi levar os exames. Ela procurou uma clínica popular no Jardim América porque precisava de um atendimento rápido e com um custo acessível. “Um alívio. Estou muito satisfeita com o atendimento”, garante.

Para a pedagoga Neide Ribeiro da Silva a procura pelo médico de uma clínica popular foi por indicação de uma amiga. “Eu até tenho plano de saúde, mas o ortopedista indicado é de confiança de uma amiga. Gostei muito. O profissional é muito atencioso”. (Especial para O Hoje)

Reajuste em planos coletivos é maior do que o teto

Em 2020, os reajustes nos planos de saúde coletivos, tanto empresariais quanto por adesão, foram maiores do que o teto de 8,14% estabelecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos individuais. Os dados fazem parte de uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) feita com cinco empresas que tinham o maior volume de reclamações por parte de consumidores: SulAmérica, Bradesco Saúde, Amil, Unimed Central Nacional e Unimed Rio. 

No ano passado, o reajuste médio entre os planos coletivos analisados foi de 11,28%, ou seja, 3 pontos percentuais acima do máximo estabelecido pela ANS para os planos individuais. No caso da Unimed Rio, que promoveu o maior aumento, o reajuste chegou a 14,55%, mais de 6 pontos percentuais acima do teto da ANS para os planos individuais. Entre as empresas, a única que ficou abaixo do teto para plano individual foi a Unimed Central Nacional, com 7,66% de reajuste.

Os planos coletivos empresariais e por adesão não são regulados pela ANS e, segundo o Idec, representam quase 80% do mercado de planos de saúde. “Os resultados são bastante claros ao evidenciar que a maior fatia do setor de saúde suplementar está completamente fora de controle. É inaceitável que os usuários de planos coletivos sigam absorvendo reajustes muito acima do teto estabelecido pela Agência para os planos individuais”, disse Ana Carolina Navarrete, coordenadora do programa de Saúde do Idec.

Reajustes dentro da lei

Por meio de nota, a Central Nacional Unimed disse que cumpre integralmente a legislação dos planos de saúde e os contratos firmados com seus clientes, o que inclui a aplicação dos reajustes anuais. “É importante considerar que os planos individuais e os planos coletivos estão submetidos a diferentes regras e critérios de reajuste, tornando inadequada a comparação direta entre os percentuais. Além disso, os reajustes são recomposições dos custos assistenciais, que, historicamente, crescem acima da inflação geral medida pelo IPCA”, disse a empresa.

A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa as 15 maiores operadoras de planos e seguros privados de assistência à saúde, incluindo Bradesco Saúde, Amil e SulAmérica, informou que os reajustes aplicados estão de acordo com o permitido pela ANS. “O setor segue contratos, é regulado e fiscalizado e obrigado ao cumprimento de parâmetros atuariais, regulatórios, legais, contábeis e econômico-financeiros severos. O cálculo é feito com base numa série de indicadores, que envolvem particularidades de cada carteira e cada contrato, como idade dos participantes, índice de sinistralidade, severidade dos sinistros registrados”, disse, em nota. (Agência Brasil)

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