Reportagem completa: advocacia consagra Rafael Lara novo presidente da OAB-GO

“Continuaremos a modernizar a nossa instituição e a construir um caminho repleto de oportunidades para todos, sempre com a seriedade e a coerência que exige o exercício da advocacia”, disse Lara ao celebrar a vitória

Postado em: 20-11-2021 às 09h01
Por: Felipe Cardoso
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“Continuaremos a modernizar a nossa instituição e a construir um caminho repleto de oportunidades para todos, sempre com a seriedade e a coerência que exige o exercício da advocacia”, disse Lara ao celebrar a vitória | Foto: reprodução

A disputa pelo comando da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Goiás (OAB-GO) chegou ao fim na noite desta sexta-feira (19/11) quando a advocacia goiana optou por consagrar o jurista Rafael Lara da chapa Compromisso OAB para a presidência da Ordem. A gestão é de três anos, ou seja, Lara, que venceu a eleição com 39,57% dos votos válidos, comandará de 2022 a 2025. 

Com 100% das urnas apuradas, o segundo colocado foi Pedro Paulo Medeiros com 34,11%. Depois, aparece o nome de Rodolfo Mota com 14,92% e depois Valentina Jungmann com 11,40%. Ao todo, foram 18.966 votos computados, o que equivale a 25,,77% do eleitorado. Outros 25,77% não compareceram. O percentual equivale a 6.583 advogados faltosos. Dos votantes, 252 votaram branco e  320 nulo. 

“Hoje celebramos o início de um novo ciclo para a advocacia do estado de Goiás. Graças ao trabalho incansável da chapa que tem Compromisso com a OAB, continuaremos a modernizar a nossa instituição e a construir um caminho repleto de oportunidades para todos, sempre com a seriedade e a coerência que exige o exercício da advocacia”, escreveu Lara ao celebrar a vitória nas redes sociais. 

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E continuou: “Agradeço a todos os advogados e advogadas que confiaram essa responsabilidade a mim e a esse time excelente de profissionais que compõem a nossa chapa. De uma coisa vocês podem ter certeza: nós estamos preparados para entrar de cabeça em cada uma das nossas propostas”.

Na mesma mensagem de agradecimento, o futuro presidente da Ordem prometeu, ainda, lutar pela redução das custas judiciais, por uma Ordem mais plural, pela ampliação da Comissão de Prerrogativas, pelo auxílio e orientação à abertura de novos escritórios, pelo combate à violência contra a mulher, “e uma série de iniciativas que fizeram do nosso projeto o mais qualificado para atender os anseios dos profissionais de todo o estado”, acrescentou. 

Disputa

A campanha, que se arrastou por pouco mais de um mês, teve início em 6 de outubro com o registro das chapas concorrentes. Mas, conforme mostrado pela reportagem do Jornal O HOJE, em meados de agosto já era possível observar os pré-candidatos se movimentando pela capital e interior do estado pautados pela ideia de angariar votos pelos quatro cantos do estado. 

A princípio, eram cinco concorrentes na disputa: Rafael Lara Martins, Pedro Paulo de Medeiros, Rodolfo Otávio Mota, Valentina Jungmann Cintra e Julio Cesar de Meirelles. Porém, como já previsto, as conversações avançaram com o esquentar do pleito e alianças foram formadas. 

Em 17 de setembro, os dois últimos citados resolveram se unir e formar uma única chapa: “OAB pra Tod@s”. Valentina Jungmann manteve candidatura e Júlio César foi indicado ao comando da Casag na composição do grupo. Os demais juristas mantiveram suas candidaturas encabeçando as seguintes chapas: ‘Compromisso OAB’, ‘Muda OAB’ e ‘Ordem Unida’, respectivamente.

Por conta da eleição, que perdurou do início da manhã até o final da tarde, o trânsito da região central da capital precisou ser alterado. O tráfego da  Rua 30 com a Av. Tocantins foi bloqueado e a fiscalização reforçada. Isso porquê o maior polo de votação foi o Centro de Convenções de Goiânia, localizado nas intermediações de ambas as vias. 

Nos bastidores, a eleição de 2021 foi tida como atípica ante a divisão, em quatro diferentes grupos. Isso porquê os advogados Rodolfo e Valentina terminaram eleitos no ano de 2018 na chapa encabeçada pelo atual presidente da Ordem, Lúcio Flávio, porém, mais tarde, acabaram se dividindo em chapas distintas. Rafael Lara, no entanto, seguiu voo solo como o candidato da situação apoiado pelo atual presidente à sucessão da OAB-GO.

A campanha desse ano, assim como as demais, também movimentou um montante significativo de recursos. Estima-se que foram gastos, ao todo, mais de R$ 5 milhões. Três, dos quatro candidatos, gastaram um montante de R$ 4,6 milhões. Conforme levantamento do jornal O Popular, a coordenação da campanha do candidato de Lúcio Flávio, Rafael Lara, estimou um gasto de cerca de R$ 2 milhões com a disputa. 

Valentina Jungmann, por sua vez, informou um gasto de aproximadamente R$ 1,3 milhão. O valor é parecido com o repassado pela equipe do presidente da Casag, Rodolfo Mota: R$ 1,35 milhão. A equipe de Pedro Paulo, por sua vez, declarou ao jornal  ainda não haver uma estimativa do valor aplicado, reforçando, em seguida, que a prestação de contas ocorrerá 30 dias após a eleição.

Sentimento comum

Entre as principais queixas percebidas não apenas entre os candidatos como também pelos comentários que circulam entre a advocacia goiana, está o uso da Ordem para articulações políticas e alavancagem de escritórios. Conforme mostrado pela reportagem do jornal O HOJE, sem citar nomes, o advogado Julio Meirelles, por exemplo, rememorou que “professores do Direito, que sequer atuavam como advogados, depois de se tornarem presidentes da Ordem, abriram seus próprios escritórios e gozam das movimentações financeiras mais rentáveis do estado”.

Outro a confirmar o ponto de vista comum entre os advogados foi o candidato Rodolfo Mota que ao ser questionado sobre o uso da Ordem para promoção pessoal, disse que essa é uma prática que “infelizmente existe”. Lara, por sua vez, disse que essa era uma prática observada apenas até o ano de 2015. “Vimos, por exemplo, advogados deixando a Ordem para assumirem secretarias de governo. Hoje a realidade é diferente. Temos uma relação saudável e inteligente com os governos”, destacou o candidato à sucessão de Lúcio Flávio.

Mas esse não é o entendimento de Meirelles que, na contramão, criticou o uso das atribuições da OAB-GO para estreitamento de laços e criação de alianças políticas: “Infelizmente a atual gestão está aparelhada ao governo. vários componentes possuem cargos indicados na gestão do governador Ronaldo Caiado. A OAB-GO está politicamente aparelhada. O irmão do presidente Lúcio Flávio, por exemplo, é um auxiliar direto do Caiado”, disse o advogado Júlio Meireles.

Mas não apenas a gestão Caiado foi lembrada pelos candidatos. Conforme mostrado pela reportagem, em visita recente à Câmara de Goiânia para pedir votos para a chapa, Lara bateu duro, sem citar nome, no adversário Pedro Paulo de Medeiros, apoiado pelo ex-presidente da entidade, Henrique Tibúrcio. Da tribuna, Lara sustentou que o grupo dele recebeu “uma OAB-GO dilapidada e agachada”, das mãos do grupo de Tibúrcio, que deixou a presidência para integrar o governo de Marconi Perillo, em 2015, inclusive, se filiando, depois, ao PSDB.

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