MP denuncia quadrilha que fraudava vestibulares de medicina em Goianésia

Após aceitar participar do esquema, o vestibulando tinha que desembolsar a quantia negociada, que variava de R$ 80 mil a R$140 mil

Postado em: 27-07-2017 às 09h15
Por: Thais Tomás
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Após aceitar participar do esquema, o vestibulando tinha que desembolsar a quantia negociada, que variava de R$ 80 mil a R$140 mil

O promotor de Justiça Felipe Oltramari ofereceu denúncia
contra dez pessoas integrantes de uma organização criminosa especializada em
fraudar o vestibular de medicina da Universidade de Rio Verde (Unirv) – Campus
Goianésia. O grupo pedia entre R$ 80 e R$ 140 mil de cada candidato para
integrar a fraude.

Foram denunciados pelo crime de organização criminosa
(artigo 2º, da Lei nº 12.850/2013) Carlos Menem Alves, Elisângela Nunes Borges,
Fernando Batista Pereira, Lucas Souza Soares, Matheus Ovídio Siqueira, Osmar
Pereira Evangelista Filho, Ricardo Gomes Matos, Rodolfo Gomes Matos, Rogério
Cardoso de Matos e Rogério Cardoso de Matos Filho. O MP pediu ainda a
decretação da prisão preventiva dos acusados, tendo em vista que existem os
requisitos necessários para sua decretação. De acordo com o promotor, foi
demonstrado que “se trata de uma organização criminosa, com diversos tentáculos
e atuantes em vários municípios brasileiros, causando, há anos, prejuízos à
sociedade, com dano incalculável à lisura de certames de interesse público,
demonstrando, assim, a necessidade da custódia cautelar para a garantia da
ordem pública, bem como também para a garantia da instrução processual e
aplicação da lei penal”.

Os estudantes beneficiados são investigados em autos
separados, objetos de nova investigação.

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O esquema 

Conforme apontado na denúncia, de forma planejada cada denunciado possuía sua
função na organização criminosa, desde o aliciamento dos vestibulandos até o
treinamento destes e recebimento do valor cobrado pelo esquema. Segundo
detalhado, Rogério de Matos era o chefe operacional da organização. Ele
arquitetou todo o projeto, bem como selecionou os participantes que atualmente
integram o esquema. Rogério de Matos Filho, Ricardo Gomes e Rodolfo Gomes são
irmãos, filhos de Rogério de Matos, e tinham a função de aliciar os
vestibulandos para participar das fraudes e de negociar os valores.

Osmar Evangelista, Lucas Soares e Carlos Menem também eram
aliciadores. Eles captavam vestibulandos interessados na compra de vagas do
curso, bem como utilizavam-se de redes sociais para essa finalidade. Cabia a
Fernando Pereira treinar os vestibulandos que participavam da fraude, bem como
ser o mensageiro. Unido a Elisângela Nunes, sua mulher, eles repassavam para os
vestibulandos o gabarito por mensagem de texto.

Já Matheus Siqueira era “piloto”, se inscrevia no
vestibular, fazia a prova e repassava por mensagem de texto o gabarito para
Fernando e Elisângela que, após recebê-lo, enviava para os vestibulandos que
integravam a fraude.

Envolvimento dos
candidatos
 

Após aceitar participar do esquema, o vestibulando tinha que desembolsar a
quantia negociada, que variava de R$ 80 mil a R$140 mil, sendo o pagamento
parcelado de acordo com a negociação. Na semana do vestibular, os candidatos
recebiam um treinamento, oferecido pela organização, bem como o aparelho
celular utilizado na fraude, o qual recepcionava as respostas às questões já
resolvidas pelo “piloto”. Em tal treinamento, os contratantes eram orientados
sobre como deveriam se vestir para esconder o aparelho, além de como se portar
quando o gabarito chegasse por mensagem de texto.

No dia do vestibular, os “pilotos” inscritos faziam a prova
e repassavam as respostas para os mensageiros que, em posse do gabarito, o
repassavam por mensagem de texto aos alunos aliciados, os quais, ao sentir o
aparelho celular vibrar, pediam ao fiscal da prova para irem ao banheiro, onde
visualizavam o gabarito e, ao retornar para sala, repassavam para suas
respectivas provas. 

Ministério Público de Goiás

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