Cunha diz que Moro não terá sucesso contra Lula e Bolsonaro

Para o ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB-RJ), a candidatura ao Palácio do Planalto de Sergio Moro (Podemos), ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, é “inviável” e não será capaz de quebrar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Lula (PT).

As declarações de Cunha foram dadas durante entrevista exclusiva ao programa Face do Poder, do canal O Hoje News. A íntegra estará disponível no YouTube a partir das 19 horas de quinta-feira (25).

“Não acredito em terceira via”, afirma o ex-deputado federal. “Haverá polarização entre Lula e Bolsonaro até o fim do segundo turno. Não acredito que nem Moro, nem qualquer outro vá quebrar essa polarização.”

O emedebista cita uma pesquisa espontânea em que Moro aparece com 2% de intenções de voto e 61% de rejeição para argumentar que sua “capacidade de ter sucesso eleitoral é muito pouco provável”. Segundo ele, “é uma candidatura inviável, e é bom que enfrente esse processo e seja derrotado”.

Na avaliação de Cunha, Moro já atuava como político enquanto era juiz. “Agora ele se despiu da toga e está se apresentando com seu verdadeiro sentido, que sempre foi a disputa política.”

Cunha diz que é a participação do ex-juiz na disputa eleitoral é “boa para que ele possa ser desmascarado perante a sociedade para mostrar que tudo o que ele fez foi no sentido político” e que era “chefe, comandante e mentor” de uma “organização política” responsável por “atos que poderiam ser considerados criminosos e mereciam ser julgados”. 

Lançamento

Cunha estará em Goiânia nesta terça-feira (23) para lançar o livro “Tchau, querida: o diário do impeachment” (Matrix Editora), escrito em parceria com sua filha Danielle Cunha.

O lançamento está marcado para ocorrer na Livraria Leitura, localizada no Goiânia Shopping, a partir das 18h30. O livro tem mais de 800 páginas e é vendido a R$ 99.

Na obra, o ex-parlamentar, que presidiu a Câmara dos Deputados durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), menciona diversos políticos goianos, como Marconi Perillo (PSDB), Jovair Arantes (MDB), Henrique Meirelles (PSD) e Alexandre Baldy (Progressistas).

“O livro tem um propósito não só de falar do processo de impeachment”, de acordo com Cunha. “É uma construção histórica”, que faz uma análise do processo político brasileiro desde a formação da República até as recentes eleições presidenciais, passando também pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor e comparando-o com o de Dilma.

“Busquei inserir detalhes que protagonizei junto com outros detalhes que foram de conhecimento público. Condensei isso e apresentei de uma forma ordenada para que a sociedade possa conhecer tudo o que aconteceu sobre as articulações e os fatos que levaram ao processo de impeachment e os antecedentes também”, destaca. “Há detalhes que eram desconhecidos, e as pessoas se assustam um pouco.”

Retorno à política

Para 2022, Cunha é cotado para disputar mandato de deputado federal por São Paulo, enquanto sua filha Danielle, também filiada ao MDB, deve concorrer ao mesmo cargo pelo Rio de Janeiro.

Com seu mandato cassado em 2016 e condenado a quase 16 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Cunha obteve, no primeiro semestre de 2021, o direito de responder às acusações em liberdade.

Juridicamente, ele ainda não pode disputar as eleições do ano que vem, mas trabalha para anular as acusações e está confiante de que poderá ter seu nome nas urnas e, assim, retornar à política em definitivo. (Especial para O Hoje)