Vinte idosos de abrigo em Jaraguá correm risco de serem despejados; advogado denuncia ação sem autorização
No domingo (28), o órgão responsável pelo abrigo tentou transferir os idosos sem autorização judicial, nem acompanhamento do Ministério Público.
Por: Ícaro Gonçalves
Mais de 20 idosos residentes do Abrigo São Vicente de Paulo, na cidade de Jaraguá, podem ser despejados a qualquer momento. A decisão foi tomada pelo Conselho Central dos Vicentinos Metropolitano de Anápolis (Norte), órgão que administra o asilo. Na manhã do último domingo (28/11), uma van foi direcionada ao local para começar a transferência, porém foi impedida por um advogado da região.
Segundo denúncias de pessoas que trabalham no local, o principal motivo para o despejo dos idosos seria o valor do imóvel, avaliado em R$ 3 milhões, que possivelmente seria vendido após o despejo. Já o Conselho Central alega que não existem alvarás para funcionamento da instituição, e nem diretoria e pessoas responsáveis para cuidar dos idosos, mesmo com duas chapas registradas para assumir a direção do local.
“Por meio de decreto administrativo, o Conselho fez uma intervenção que destituiu a antiga direção do asilo, usando como argumento a falta de alvarás na Prefeitura e no Corpo de Bombeiros, situações que se resolvem facilmente. Neste documento não há citação de quando haverá eleição para nova diretoria”, afirmou o advogado Biracy Camargo.
Para evitar que o fechamento do abrigo, o advogado acionou a Polícia Militar e cobrou autorização judicial por parte dos representantes do Conselho Central dos Vicentinos Metropolitano. Em imagens registradas durante a tentativa de despejo, no último domingo (28), é possível ver veículos parados na rua em frente ao asilo, como forma de impedir que a van levasse os residentes do local sem autorização legal.
A ação impediu momentaneamente a transferência dos idosos. O Conselho Central dos Vicentinos Metropolitano afirmou possuir ordem judicial, mas o documento não foi apresentado. Segundo Biracy, na tentativa de transferência não haviam profissionais para prestar assistência médica aos idosos, e nem representante do Ministério Público.
“Sendo uma instituição privada, eles podem tomar suas medidas para administrarem a unidade de Jaraguá. Mas eles simplesmente não querem que a unidade funcione. As questões levantadas durante a intervenção realizada em julho, podem ser resolvidas praticamente de um dia pro outro, mas esse não parece ser o interesse da instituição”, finalizou o advogado Biracy Camargo em entrevista ao O Hoje.
