Goiás registrou mais de 28 mil casos de violência contra mulher até setembro de 2021

Somente os crimes de ameaça contra a mulher chegam a quase 8 mil casos neste ano

Postado em: 03-12-2021 às 08h31
Por: Daniell Alves
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Somente os crimes de ameaça contra a mulher chegam a quase 8 mil casos neste ano | Foto: Reprodução

Goiás registrou aumento no número de casos de violência doméstica contra a mulher. Até setembro deste ano, foram 35 casos de feminicídio contra 31 registrados no último ano no mesmo período. No total, foram mais de 28,2 mil casos confirmados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-GO) neste ano. O boletim divide os casos em cinco categorias: feminicídio, estupro, ameaça, lesão corporal e crimes contra a honra. 

Apesar de apresentar leve aumento, o cenário é bastante preocupante em Goiás. Os crimes de ameaça totalizaram 7.859 em 2020 no mesmo período e 7.930 neste ano. Dentre as várias formas de violência, a titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), Josy Alves, cita a física, que é quando a mulher é empurrada, leva chute, é amarrada, violentada e apanha; a moral, que envolve ações de calúnia, injúria e difamação, e a psicológica, que acontece quando a mulher é humilhada, insultada, isolada até dos parentes, perseguida ou ameaçada.

Além disso, há a violência sexual, quando a mulher é pressionada a práticas de que não gosta, quando o parceiro se nega a usar preservativo ou quando lhe é negada o direito a métodos contraceptivos. “Há ainda a violência patrimonial e econômica, que é quando o homem controla o dinheiro, não permitindo acesso a compras, ou quando destrói objetos pertencentes à mulher, não a deixa trabalhar ou oculta bens e propriedades”, ressalta a delegada.

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Os feminicídios, por exemplo, são crimes que não só cessam vidas de mulheres, mas produzem também muitas vítimas de forma indireta. É o que aponta o Anuário de Segurança Pública divulgado no último ano. “Em alguns casos ligados à violência doméstica, as violências são perpetradas na presença dos filhos crianças ou adolescentes, o que provoca uma série de traumas psicológicos. Além dos resultados mencionados, os filhos que se veem desamparados financeiramente pelos progenitores podem enfrentar uma série de dificuldades socioeconômicas acrescidas aos problemas emocionais”, diz trecho do documento.

Operação Resguardo

Em Goiás, a Operação Resguardo, realizada em março deste ano, foi uma das maiores já realizadas no país no combate à violência contra a mulher. Segundo a SSP, a Polícia Civil realizou 135 prisões. Foram instaurados 1.920 inquéritos policiais e concluídas outras 1.806 investigações. Por meio da ação, foram expedidas 1.233 medidas protetivas de urgência. Foram também cumpridos 17 mandados de busca, que resultaram na apreensão de 141 armas de fogo, dentre outros objetos.

Sinal vermelho 

Em ação de proteção às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, o Estado sancionou em maio deste ano a Lei Nº 21.001 que institui o Protocolo Sinal Vermelho. A autoria do projeto é do deputado Lissauer Vieira, por solicitação feita pela Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego).

Com a medida, as vítimas poderão buscar ajuda mostrando “X” na palma da mão em repartições públicas e estabelecimentos comerciais, entre outros parceiros do programa. Por meio desse sinal, feito com caneta, batom ou qualquer outro material acessível, de preferência na cor vermelha, e sendo mostrado com a mão aberta, fica clara a comunicação de “pedido de socorro”.

Disque denúncia

Para denunciar casos de violência doméstica ou para tirar dúvidas, basta entrar em contato com a Central de Atendimento à Mulher pelo 180. A ligação é gratuita e confidencial. Funciona 24 horas por dia, de segunda a domingo, em todo o Brasil. O serviço é da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos (MDH). (Especial para O Hoje).

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