Desigualdade salarial: homens ganharam em média 31,6% a mais que as mulheres em Goiás

Em Goiás, as mulheres apresentaram o rendimento médio real do trabalho principal de R$ 1.772 em Goiás

Postado em: 04-12-2021 às 09h56
Por: Daniell Alves
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Em Goiás, as mulheres apresentaram o rendimento médio real do trabalho principal de R$ 1.772 em Goiás | Foto: Reprodução

Os homens seguem ganhando a mais que as mulheres. No último ano, no Estado, eles ganharam em média 31,6% a mais que as mulheres, aponta a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento, o rendimento médio real do trabalho principal habitualmente recebido em 2020 foi R$ 2.107 em Goiás. 

No país, a média desse rendimento foi R$ 2.372. Na separação por sexo, as mulheres apresentaram o rendimento médio real do trabalho principal de R$ 1.772 em Goiás, enquanto os homens receberam R$ 2.332, ou seja, 31,6% a mais do que o rendimento do sexo feminino. 

Vânia Mahnic, que trabalha na área de Gestão de Pessoas, diz que as mulheres, de forma geral, são mais atenciosas e detalhistas na entrega de seus trabalhos. “Quando se dá a oportunidade a uma mulher de ocupar cargos de gerência, supervisão ou direção, na maioria das vezes os resultados apresentados pela mulher são iguais ou superiores aos dos homens”, explica ela.

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Por outro lado, no dia a dia das empresas, muitas vezes é considerado o custo de reposição desta mulher nos casos de licença maternidade e outros afastamentos inerentes ao gênero. Segundo ela, outro fator que prejudica uma igualdade de gênero dentro do mercado de trabalho é a cultura machista em que estamos inseridos, onde a mulher muitas vezes é subjugada, deixando de se avaliar suas competências profissionais. Tudo isso acaba refletindo em seu desenvolvimento. As oportunidades acabam sendo restritivas, muitas mulheres são desmotivadas a buscar seu desenvolvimento, seja no campo profissional ou mesmo em seu ambiente familiar”, destaca.

A SIS analisa a qualidade de vida e os níveis de bem-estar das pessoas, famílias e grupos populacionais, a efetivação de direitos humanos e sociais, bem como o acesso a diferentes serviços, bens e oportunidades, por meio de indicadores que visam contemplar a heterogeneidade da sociedade brasileira sob a perspectiva das desigualdades sociais.

Possibilidades de ação 

O Relatório de Desenvolvimento Humano, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), faz um chamado para a ação e recomenda políticas públicas que podem apoiar os governos de todo o mundo no combate às novas e variadas formas de desigualdade, que vão para além da renda e das médias.

Políticas, por exemplo, que auxiliam os países a progredir em equidade e eficiência ao mesmo tempo. Elas restringem a capacidade das empresas, nivelando o campo de atuação e aumentando a eficiência, e levam a resultados mais equitativos, reduzindo a concentração da renda. O caminho é fortalecer o arcabouço regulatório, garantindo o funcionamento do mercado concorrencial. Tais medidas contribuem para a redução da pobreza e para impulsionar o crescimento e a produtividade.

A mudança depende não só de políticas públicas que incentivem e/ou desonerem os afastamentos citados acima, mas principalmente de uma mudança cultural, explica Vânia. “É preciso trabalhar a concepção de que homens e mulheres são iguais em suas capacidades, dependendo exclusivamente do desenvolvimento e desempenho de cada um, no intuito de entregar resultados”, diz o documento.  

Divisão por cor ou raça 

Já na divisão por cor ou raça, a pesquisa aponta uma diferença semelhante. As pessoas de cor preta e parda apresentaram rendimentos de R$ 1.892, enquanto as pessoas de cor branca receberam R$ 2.494, ou seja, 31,8% a mais que as pessoas autodeclaradas de cor preta ou parda.

A pesquisa também investigou o rendimento domiciliar per capita das pessoas residentes em Goiás. Em 2020, o rendimento médio era R$ 1.236 por pessoa do domicílio. Entretanto, quando observada, a mediana revela um valor ainda menor, R$ 904. Isso significa que metade da população do estado apresenta rendimento domiciliar per capita de até R$ 904. Na separação por sexo, a mediana do homem é R$ 931, enquanto a da mulher é R$ 877. Por cor ou raça, a diferença é ainda maior: metade da população de cor branca tem rendimento domiciliar de até R$ 1.024, enquanto a metade da população de cor preta recebe menos que R$ 830. (Especial para O Hoje).

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