Desigualdade salarial: homens ganharam em média 31,6% a mais que as mulheres em Goiás
Em Goiás, as mulheres apresentaram o rendimento médio real do trabalho principal de R$ 1.772 em Goiás
Por: Daniell Alves
Os homens seguem ganhando a mais que as mulheres. No último ano, no Estado, eles ganharam em média 31,6% a mais que as mulheres, aponta a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento, o rendimento médio real do trabalho principal habitualmente recebido em 2020 foi R$ 2.107 em Goiás.
No país, a média desse rendimento foi R$ 2.372. Na separação por sexo, as mulheres apresentaram o rendimento médio real do trabalho principal de R$ 1.772 em Goiás, enquanto os homens receberam R$ 2.332, ou seja, 31,6% a mais do que o rendimento do sexo feminino.
Vânia Mahnic, que trabalha na área de Gestão de Pessoas, diz que as mulheres, de forma geral, são mais atenciosas e detalhistas na entrega de seus trabalhos. “Quando se dá a oportunidade a uma mulher de ocupar cargos de gerência, supervisão ou direção, na maioria das vezes os resultados apresentados pela mulher são iguais ou superiores aos dos homens”, explica ela.
Por outro lado, no dia a dia das empresas, muitas vezes é considerado o custo de reposição desta mulher nos casos de licença maternidade e outros afastamentos inerentes ao gênero. Segundo ela, outro fator que prejudica uma igualdade de gênero dentro do mercado de trabalho é a cultura machista em que estamos inseridos, onde a mulher muitas vezes é subjugada, deixando de se avaliar suas competências profissionais. Tudo isso acaba refletindo em seu desenvolvimento. As oportunidades acabam sendo restritivas, muitas mulheres são desmotivadas a buscar seu desenvolvimento, seja no campo profissional ou mesmo em seu ambiente familiar”, destaca.
A SIS analisa a qualidade de vida e os níveis de bem-estar das pessoas, famílias e grupos populacionais, a efetivação de direitos humanos e sociais, bem como o acesso a diferentes serviços, bens e oportunidades, por meio de indicadores que visam contemplar a heterogeneidade da sociedade brasileira sob a perspectiva das desigualdades sociais.
Possibilidades de ação
O Relatório de Desenvolvimento Humano, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), faz um chamado para a ação e recomenda políticas públicas que podem apoiar os governos de todo o mundo no combate às novas e variadas formas de desigualdade, que vão para além da renda e das médias.
Políticas, por exemplo, que auxiliam os países a progredir em equidade e eficiência ao mesmo tempo. Elas restringem a capacidade das empresas, nivelando o campo de atuação e aumentando a eficiência, e levam a resultados mais equitativos, reduzindo a concentração da renda. O caminho é fortalecer o arcabouço regulatório, garantindo o funcionamento do mercado concorrencial. Tais medidas contribuem para a redução da pobreza e para impulsionar o crescimento e a produtividade.
A mudança depende não só de políticas públicas que incentivem e/ou desonerem os afastamentos citados acima, mas principalmente de uma mudança cultural, explica Vânia. “É preciso trabalhar a concepção de que homens e mulheres são iguais em suas capacidades, dependendo exclusivamente do desenvolvimento e desempenho de cada um, no intuito de entregar resultados”, diz o documento.
Divisão por cor ou raça
Já na divisão por cor ou raça, a pesquisa aponta uma diferença semelhante. As pessoas de cor preta e parda apresentaram rendimentos de R$ 1.892, enquanto as pessoas de cor branca receberam R$ 2.494, ou seja, 31,8% a mais que as pessoas autodeclaradas de cor preta ou parda.
A pesquisa também investigou o rendimento domiciliar per capita das pessoas residentes em Goiás. Em 2020, o rendimento médio era R$ 1.236 por pessoa do domicílio. Entretanto, quando observada, a mediana revela um valor ainda menor, R$ 904. Isso significa que metade da população do estado apresenta rendimento domiciliar per capita de até R$ 904. Na separação por sexo, a mediana do homem é R$ 931, enquanto a da mulher é R$ 877. Por cor ou raça, a diferença é ainda maior: metade da população de cor branca tem rendimento domiciliar de até R$ 1.024, enquanto a metade da população de cor preta recebe menos que R$ 830. (Especial para O Hoje).