Goiânia: enquanto cresce número de pessoas na rua, venda de apartamentos de luxo dobra

Desigualdade social tem crescido em todo o Brasil, mas a capital de Goiás é destaque negativo em relação ao assunto

Postado em: 12-12-2021 às 14h23
Por: Carlos Nathan Sampaio
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Desigualdade social tem crescido em todo o Brasil, mas a capital de Goiás é destaque negativo em relação ao assunto | Foto: Nathan Sampaio

Enquanto a venda de apartamentos de luxo em Goiânia vem aumentando durante a pandemia, o oposto também ocorre: o número de pessoas em situação de rua tem crescido muito. Sobre os imóveis, no Brasil, as vendas em 2020 apresentaram um crescimento de quase 230% acima comparadas a 2019. Em 2021, a expansão, no primeiro trimestre, foi de 247% em comparação com o mesmo período de 2020. Os resultados apurados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) identificaram um aumento nos lançamentos de 114,6% no segundo trimestre, foram 60.322 unidades. 

Goiás segue o mesmo ritmo. De acordo com dados da pesquisa da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), realizada pela Brain Inteligência Estratégica, a venda dos apartamentos de luxo e superluxo – que tem valor acima de um milhão de reais – mais que dobraram no primeiro semestre de 2021, em relação ao mesmo período do ano anterior. O crescimento foi de 122%.

Já em relação às pessoas em situação de rua, o aumento foi de 33% nos últimos cinco meses, de acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SEDHS). Em março a pasta informou que eram 1,2 mil pessoas que estavam nas ruas, já em agosto, o novo dado mostrou que esse total de pessoas subiu para 1,6 mil. Com a pandemia, muitas pessoas ficaram desempregadas e, em busca de sustento, acabaram nas ruas pedindo dinheiro ou vendendo algum tipo de produto.

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Pelas ruas

Apesar disso, não é preciso de pesquisa para notar como a população de rua cresceu em Goiânia. Seja quais forem os bairros que rodeiam o centro da capital, basta uma volta a pé, de carro ou sentar em algum estabelecimento com mesas perto da calçada a abordagem é certa: alguém pede dinheiro ou está vendendo algo para garantir alguma renda. Na última semana, a reportagem fez o teste e saiu da Praça do Cruzeiro, no Setor Sul, e foi até o Parque Vaca Brava, no Setor Bueno, passando, também, pelo Centro da cidade e pelo Setor Oeste em um trecho de cerca de 6 km.

Ainda na Praça do Cruzeiro, estavam três moradores de rua. No percurso, feito de carro, haviam pedintes em seis semáforos. Destes, dois pediam emprego ou ajuda em dinheiro, três vendiam doces ou algum outro tipo de produto, e um pedia apenas esmola. No caminho ainda havia uma das feiras do Setor Bueno e, no local, ao menos 8 pessoas pediam dinheiro para comida e/ou vendiam algum produto, também para complementar renda.

Apesar da quantidade de pessoas, a reportagem não apurou, ao certo, quais deles de fato estavam em situação de rua, ou apenas pedindo dinheiro/vendendo na rua. a situação, porém, não deixa de ser menos triste e preocupante.

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