Goiânia registra mais de 8 mil notificações de violência contra mulher em 10 anos, aponta SMS

Por meio de um pareamento de dados, foi possível identificar indicadores de risco de agravamento da violência

Postado em: 13-12-2021 às 08h06
Por: Maiara Dal Bosco
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Por meio de um pareamento de dados, foi possível identificar indicadores de risco de agravamento da violência | Foto: Reprodução

Entre 2010 e 2020 foram identificadas 8.295 notificações de violência interpessoal contra mulheres de 10 a 59 anos na cidade de Goiânia, sendo 139 mortes. O dado foi apresentado pela Prefeitura de Goiânia na última sexta-feira (10), e integra as conclusões do projeto “Prevenção de violência de gênero por meio do pareamento de dados do sistema de saúde em Goiânia”. Desenvolvido por meio de uma cooperação técnica entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a organização global de saúde pública Vital Strategies, o projeto teve como objetivo estudar as trajetórias de mulheres vítimas de violência de acordo com dados do sistema de saúde da Capital.

Por meio de um pareamento de dados, foi possível identificar indicadores de risco de agravamento da violência. Para o levantamento, foram pareadas 13 bases de dados com notificações de atendimentos feitos pelos sistemas de informação da SMS de Goiânia nos últimos dez anos (2010 a 2020). Entre as bases, estão a do sistema de mortalidade (SIM), que possibilita a identificação de casos que foram a óbito, a do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan) e a do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS).

Para a médica epidemiologista e assessora sênior da Vital Strategies, Fátima Marinho, que atuou no projeto, com o mapeamento é possível identificar trajetórias comuns de mulheres vítimas de violência no sistema público de saúde e possíveis padrões e perfis que evoluem para casos de maior gravidade. “Essa análise aprofundada permite identificar quais são os indicadores que podem ser usados para monitoramento de casos de mulheres vítimas de violência com maior risco de agravamento (que levem à internação ou óbito). Além disso, é possível identificar ‘oportunidades perdidas’, ou seja, casos em que uma intervenção precoce poderia ter evitado o desfecho fatal”, afirma a especialista.

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Dados

No período analisado, foram identificadas 8.295 notificações de violência interpessoal contra mulheres, sendo 139 mortes – 78,9% foram em consequência de agressões e as demais por causas externas. Entre outros dados, o estudo mostrou um dado alarmante: mulheres com notificação de violência apresentaram um risco de morte por causas externas quatro vezes maior que a população geral de Goiás e de Goiânia. Além disso, o tempo entre a primeira notificação e a morte por causas externas é muito curto. A maior parte das vítimas que foram a óbito faleceram em até 30 dias. 

Também foram considerados fatores que reduzem o risco de internação e morte. Por exemplo, dados preliminares indicam que os encaminhamentos realizados para delegacia especializada e serviços da justiça reduziram em 40% e 55%, respectivamente, o risco de internação. 

O levantamento apontou ainda dados acerca dos principais agressores de meninas e mulheres por faixa etária a partir das notificações do Sinan. Na faixa etária de 10 a 14 anos, familiares correspondem a 40% dos agressores. Entre 15 e 19 anos, desconhecidos correspondem a 38,7%. Entre 20 a 34 anos, 35% dos agressores são parceiros íntimos e 33% são desconhecidos. Já na faixa etária entre 35 a 59 anos, os parceiros íntimos correspondem a 42% dos agressores enquanto 28% referem-se a desconhecidos.

De acordo com a SMS, considerando os fatores que aumentam ou diminuem o risco de internação e mortes por causa externas e homicídios identificados no estudo, a equipe do projeto apresentou nove indicadores de risco de agravamento da violência que devem ser monitorados pelas equipes de Saúde. (Especial para O Hoje)

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