Com retomada da importação de carne pra China, impacto será positivo para Goiás

Superintendente de Negócios Internacionais destaca que Goiás está preparado para atender demanda interna e externa; economista alerta para possibilidade de aumento nos preços

Postado em: 16-12-2021 às 06h20
Por: Maiara Dal Bosco
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Superintendente de Negócios Internacionais destaca que Goiás está preparado para atender demanda interna e externa; economista alerta para possibilidade de aumento nos preços | Foto: reprodução

Nesta quarta-feira (15/12), a China, principal destino da carne produzida no Brasil, autorizou a retomada das importações de carne bovina brasileira. A suspensão da compra de carne do Brasil teve início no mês de setembro, após a identificação de dois casos de bovinos com Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), registrados em Nova Canaã do Norte (MT) e em Belo Horizonte (MG). Para entender os impactos desta retomada, a reportagem de O Hoje conversou com o Superintendente de Negócios Internacionais da Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação e também com um economista. 

Ao jornal O Hoje, o Superintendente de Negócios Internacionais da Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação (SEDI), Alexandre César Batista Freire, avaliou a medida anunciada de forma muito positiva. “A China é o principal parceiro comercial de Goiás. Com o fim do embargo, a expectativa é que a média mensal dobre nos próximos meses, chegando a mais de 20 mil toneladas, o que já havia ocorrido no mês anterior à medida. Goiás é o terceiro maior exportador de carne bovina do Brasil, então a volta das exportações é muito importante para o Estado”, explicou Alexandre. 

Para o superintendente, os preços não devem aumentar, já que o Estado tem uma produção acentuada, que corresponde à demanda do mercado interno e também das exportações. “O mercado interno é abastecido, porque temos uma produção acentuada. Conseguimos equilibrar o setor porque este é um setor que investe muito em genética e em tecnologia, por exemplo. Embora a China seja o principal parceiro comercial, nós estamos promovendo outros acordos para acessar novos mercados”, destacou Alexandre.

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Segundo ele, a balança comercial vem sendo fortalecida com as exportações, que salvaram Goiás durante o período de pandemia. “Temos um rebanho que está sobrando e que poderá atender os dois mercados, o nacional e o internacional”. Goiás é um Estado em que aproximadamente 80% da economia vem da agropecuária”, finalizou o superintendente de Negócios Internacionais. 

Contraponto 

Na visão do economista Aurélio Troncoso, professor e coordenador do Centro de Pesquisas do Mestrado da UNIALFA, para Goiás, tratando-se do Produto Interno Bruto (PIB) goiano, o impacto também é positivo, uma vez que Goiás, um dos grandes produtores de carne do Brasil, vai exportar mais e, com isso, o PIB crescerá. 

Entretanto, para o consumidor final, a medida não deverá ser tão positiva assim, segundo acredita o especialista. Ele destaca que, com o aumento da exportação, a tendência é que o produto comece a faltar internamente. “Possivelmente teremos uma quantidade menor de carne sendo colocada dentro do mercado interno goiano. Com isso, o preço da carne com certeza deverá subir”, afirmou Aurélio.

Como saída para os goianos diante do cenário que vem se desenhando a partir do desbloqueio da China aos produtos animais, principalmente da carne bovina, o especialista lembra que, dentro da Economia, há os bens substitutos ou concorrentes. “Isso significa que, se a carne bovina está cara, uma opção é migrar para a carne de frango, que está mais acessível às famílias goianas, ou mesmo para a carne suína”, destacou. 

Previsão 

Para o especialista, os preços deverão voltar ao normal – isto é, em torno de 30% menores do que são hoje, no mês de junho ou julho de 2022. “Temos um aumento na exportação mundial. Todos os países estão exportando, e com isso, os preços estão aumentando. É o que chamamos de ‘efeito chicote’. Possivelmente, no meio do ano que vem já tenhamos os produtos voltando à normalidade em termos de preço”, aponta, explicando ainda que, em 2022 o cenário também deve melhorar porque a inflação deverá ser menor com a normalização da produção pós pandemia.  (Especial para O Hoje)

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