Taxas mais rígidas para controle de colesterol passam a ser adotadas

A mudança atinge principalmente o índice do LDL, chamado de colesterol ruim

Postado em: 15-08-2017 às 10h00
Por: Lucas de Godoi
Imagem Ilustrando a Notícia: Taxas mais rígidas para controle de colesterol passam a ser adotadas
A mudança atinge principalmente o índice do LDL, chamado de colesterol ruim

Os cardiologistas terão novos parâmetros para delimitar a
taxa de colesterol ruim (LDL) em exames. A Sociedade Brasileira de Cardiologia
(SBC) atualizou a Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção de
Aterosclerose e alterou os valores de referência para colesterol e
triglicérides, modificando os limites considerados ideais para pacientes em
perfis de risco, que já sofreram ou sofrem de problemas cardiovasculares.

Na prática, os novos exames de colesterol indicarão os
valores de referência conforme o risco cardíaco do paciente. A mudança atinge
principalmente o índice do LDL, chamado de colesterol ruim. De acordo com
atualização, o ideal, que antes era de 70 miligramas por decilitro de sangue,
passa a ser de 50 miligramas para pessoas com risco cardíaco muito alto – ou
seja, quem já sofreu infarto, derrame ou amputações devido à doença arterial.

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Os diabéticos entram no grupo de alto risco e devem ter o
LDL abaixo de 70 miligramas por decilitro. O índice para pessoas sem fatores de
risco é de até 130 mg/dl.

Com o novo parâmetro, o País passa a ser o mais rígido no
controle do colesterol. No Brasil, a cada dois minutos uma pessoa morre devido
aos males no coração, o que coloca o País entre os dez com o maior índice
desse tipo de mortalidade.

“Quando uma pessoa que infartou via que o valor ideal [de
colesterol ruim] era abaixo de 160, nem voltava ao médico. Mas, para ele, a
meta tem de ser mais baixa”, disse André Faludi, presidente do Departamento de
Aterosclerose da SBC.

O motivo da alteração é a maior facilidade da avaliação e
eficiência do tratamento quando considerados os fatores de risco. A partir de
agora, os laboratórios devem mudar os índices de referência nos exames. “A
primeira diretriz que reduziu os níveis de colesterol LDL para 50 é a do
Brasil. Mas a Sociedade de Diabetes Europeia já reduziu para 55 nos pacientes
diabéticos com doença cardiovascular. Existe uma tendência. Nos Estados Unidos,
para o indivíduo que já teve fator de risco, o tratamento é para reduzir o
colesterol o máximo possível”, explicou Faludi.

As novas regras mudam ainda o valor desejável de colesterol
total – antes de 200 mg/dl, agora é de 190 mg/dl. Segundo Faludi, manter os
índices de colesterol ruim baixos pode ser benéfico para os pacientes, pois
reduz o risco de infarto e derrame. No entanto, a maior arma contra o
colesterol são as mudanças no estilo de vida, principalmente entre os pacientes
de alto risco. Além do acompanhamento médico, a diminuição das gorduras
saturadas e trans da dieta e a prática regular de exercícios físicos são essenciais.

O documento com as novas diretrizes apontou que o consumo de
uma a duas porções de soja está associado a uma redução de 5% no colesterol
ruim. Além disso, a inclusão de fibras na alimentação e a decisão de banir o
cigarro também ajudam.

“A medicação tem de ser usada em muitos casos, mas a
primeira ação é a mudança de estilo de vida. Não é nosso objetivo que a
população simplesmente tome mais remédio”, concluiu Antonio Carlos Chagas.

O cardiologista Arthur Rocha afirma que 70% do colesterol é
produzido pelo organismo, no fígado, enquanto 30% é proveniente da dieta. Ele aponta
que existem vários fatores de risco do aumento no colesterol que é chamado de dislipidemia.
Entre eles estão obesidade, falta de exercícios físicos (sedentarismo), tabagismo,
diabetes, má alimentação ou, ainda, um histórico genético de colesterol alto na
família.

O nutricionista João Carlos Cavalcante avalia que tanto os
homens quanto as mulheres estão sujeitos a sofrer com aumento do colesterol. Os
principais fatores que causam o aumento do Colesterol LDL são a má alimentação,
rica em alimentos ultraprocessados, como lasanhas prontas, refrigerantes,
salgadinhos, doces em geral e alimentos com alto teor de gordura, como carnes
gordas, uso de óleo e banha de porco sem orientação correta, gerando alterações
no lipidograma do paciente.

É importante, segundo João Carlos, o acompanhamento
nutricional para o ajuste da alimentação e o direcionamento ao médico para que
possam ser tomadas medidas corretas após o diagnóstico. “A pessoa deve ser
analisada de acordo com o seu perfil, levando em consideração a sua
individualidade. Evitar alimentos ultraprocessados, gordurosos, embutidos, óleo
em excesso e ricos em açucares são medidas que previnem um possível aumento dos
níveis de colesterol”, esclarece. 

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