Obesidade: cresce o número de cirurgias para redução de estômago em Goiás

Este ano, só a prefeitura de Goiânia realizou 53 procedimentos

Postado em: 29-12-2021 às 08h00
Por: Redação
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Este ano, só a prefeitura de Goiânia realizou 53 procedimentos | Foto: Reprodução

Ítallo Antkiewicz

Considerada epidemia mundial, a obesidade em Goiás também não dá trégua para 18,6% das mulheres e 20, 6 % dos homens. Este grupo está, segundo mapa da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), com Índice de Massa Corporal (IMC) acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O índice é calculado por meio da divisão do peso corporal pela altura em metros quadrados. Se o valor estiver entre 18.5 e 24.9, é considerado normal. Já entre 30.1 a 39,9 o grau é de obesidade. 

Este ano, somente a prefeitura de Goiânia realizou 53 cirurgias para redução de estômago. E outras 17 serão feitas em 2022, além das reparadoras para retirada de excesso de pele. As cirurgias foram feitas por meio do Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas).

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De acordo com a endocrinologista Jane Eyre Alves Ferreira a obesidade pode ser prevenida desde a infância. “Esse índice, entre as crianças, tem crescido exponencialmente e com isso, as comorbidades também como diabetes, dislipidemia (alta taxa de gordura no sangue), hipertensão, mesmo infantil”, diz. 

Segundo ela, a obesidade é uma doença séria e multifatorial. Não é só uma questão comer em excesso. Ela tem de ser corrigida com programa de orientação alimentar e atividade física. E na infância, diz a especialista, tem de se preocupar muito com a questão genética. “Se é uma obesidade mórbida em crianças, o tratamento é obrigatório. E fazer um painel genético sobre a obesidade é preponderante”, explica.

“Por ser uma doença multifatorial tem como ser prevenida com hábitos de vida saudáveis. Ao ensinar a alimentação saudável desde a meninice, com atividade física – que é adoção do hábito de vida para sempre: controle alimentar e atividades físicas”, completa.  Ela também diz que é necessário descartar causas hormonais e genéticas. O que for genético a gente não vai conseguir mudar (só com adoção dos hábitos)  e os fatores hormonais, deve-se buscar tratamento. 

Já o endocrinologista George Brito explica que para evitar a obesidade infantil, assim como o fato da criança se tornar um adulto com excesso de peso, os pais são responsáveis por contribuir para que seus filhos tenham alimentação adequada e saudável.

“Os hábitos alimentares devem ser formados ainda na barriga da mãe, estendendo-se para os primeiros anos de vida, e seguindo por todo seu período de crescimento. Com a introdução alimentar correta aos seis meses, a criança deve ter oferta e aceitação de variedade e quantidade de alimentos nutritivos com o passar dos anos, assim como estímulos para atividades físicas”, reforça.

Desde este momento, segundo e endocrinologista, as consultas de rotina devem estar presentes na vida das crianças, anualmente. É durante essas consultas que os pediatras podem observar o IMC da criança, solicitando exames importantes para a identificação desses distúrbios e doenças, como a obesidade infantil, para o auxílio de diagnósticos e tratamentos adequados.

Desta forma, para evitar a obesidade desde a infância, além de bons hábitos alimentares e o estímulo de práticas físicas, as consultas de rotina e exames preventivos também são fundamentais na vida da criança. 

Doença perigosa

Estudos apontam que o obeso tem mais propensão a desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, além de problemas físicos como artrose, pedra na vesícula, artrite, cansaço, refluxo esofágico, tumores de intestino e de vesícula. Sendo a cirurgia bariátrica procedimento delicado e invasivo que deve, ao máximo, ser evitado com adoção, quando possível, de hábitos saudáveis. 

Em 2025, a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade, isto é, com um índice de massa corporal (IMC) acima de 30.

Brasil

No Brasil, essa doença crônica aumentou 72% nos últimos treze anos, saindo de 11,8% em 2006 para 20,3% em 2019. No conjunto das 27 cidades, a frequência de excesso de peso foi de 55,4%, sendo ligeiramente maior entre homens (57,1%) do que entre mulheres (53,9%). 

Quando a gordura se acumula entre os órgãos do abdômen e aumenta a barriga, é perigosa, sempre merece ser combatida. Este tipo de gordura está por trás de muitos males fatais associados à obesidade. A medida da circunferência abdominal reflete de forma indireta o conteúdo de gordura entre os órgãos da região. 

Maratona

O objetivo da Prefeitura de Goiânia é zerar o déficit existente para que as pessoas com cirurgias bariátricas marcadas não sofram na fila. Nesse sentido, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, autorizou o Imas a fazer da cirurgia bariátrica procedimento de rotina.

As cirurgias contaram com envolvimento de quatro hospitais e seis médicos auxiliados por equipes multidisciplinares, que acompanharam os pacientes desde a solicitação ao acompanhamento psicológico antes, durante e após a cirurgia. As cirurgias bariátricas custam em torno de R$ 20 mil cada uma. Além disso, o Instituto arcou com honorários médicos, anestesias, materiais cirúrgicos e serviços hospitalares.

Pacientes falam da cirurgia

Durcelene Silva, 47 anos, 1,59 m de altura estava com 110 kg antes da cirurgia, e relata “fiz vários tratamentos para emagrecer sem nenhum êxito. Tomei remédios perigosíssimos, vários tipos de dieta, e nada reduziu o meu peso”.

“A obesidade me trouxe pressão alta, pré-diabete e a obesidade me deu muitas dores pelo corpo todo nas costas nas pernas e muita indisposição para o trabalho e sem falar na baixa autoestima e depressão, então um determinado dia passei muito mal desmaiei e tive dores horríveis resolvi por orientação de amigos procurar um médico especialista cirurgião do aparelho digestivo, me indicaram o Dr Jarbas Jabu Bita Neto e fui muito feliz pois hoje estou com 78 dias que fiz a cirurgia  e já eliminei 25 kilos. Minha saúde é outra, pressão arterial controlada e não tenho mais pré- diabetes.” Explicou

“Hoje, tenho disposição para trabalhar e fazer caminhadas. Reeducação alimentar é muito importante e hoje posso dizer que sou uma outra pessoa.Sou muito grata primeiro a Deus, e, depois por todos os profissionais que cuidaram de mim. Obrigado Deus!” Relatou Durcilene. 

Jaderson Leandro fez a cirurgia há pouco mais de dois anos. Emagreceu 51 quilos e destaca a importância de uma equipe bem preparada para uma boa recuperação: “É fundamental avaliar a equipe. Não só o médico. Todos os envolvidos no pré e pós-operatório porque é com eles que você precisará contar para uma recuperação plena. O auxílio psicológico e a mudança na alimentação são tão importantes quanto a cirurgia em si”, explica.

Também no caso de Jaderson foi a saúde que motivou a cirurgia. Mas a perda de peso é também motivadora, o ganho estético é um grande diferencial: “Minha única taxa, normalmente, era o açúcar, mas independentemente disso o médico falou que eu poderia acordar diabético de uma hora para outra porque o meu pâncreas estava funcionando sob extrema pressão por conta do meu peso. Agora, todas as taxas melhoraram, minha disposição mudou, até o humor e autoestima melhoraram. E poder entrar numa loja e comprar a roupa que eu quero e não só a que cabe é outro grande motivador”, afirma.

Nos últimos dois meses a rotina corrida de trabalho influenciou no ganho de peso, mas a determinação é grande e ele pretende em breve voltar ao resultado ideal: “Quando eu fiz a cirurgia estava com 120 quilos, isso com 1,64 de altura. Perdi 51 e consegui manter esse peso por dois anos, mas nos últimos meses, por conta da rotina, acabei relaxando e engordei 8, especialmente por ter aberto mão dos exercícios físicos. Agora estou começando a fechar a boca, quando passar esse período tumultuado, volto aos exercícios”.

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