Transporte coletivo perde cerca de 3 milhões de passageiros diariamente

Associação diz que, em 2016, número de passageiros transportados por ônibus caiu 4,6% em relação a 2015

Postado em: 24-08-2017 às 15h25
Por: Victor Pimenta
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Associação diz que, em 2016, número de passageiros transportados por ônibus caiu 4,6% em relação a 2015

A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos
informou hoje (23) que cerca de 3 milhões de passageiros deixam de usar o
ônibus como transporte público diariamente no país. Os dados anuários são
referentes a 2016/2017. “É uma queda expressiva e preocupante”, disse
o presidente da entidade, Otávio Cunha. A pesquisa foi feita em nove capitais.

Segundo o relatório da associação, nos últimos três anos, o
nível da queda de passageiros atingiu 18,1%. Só em 2016, o número de
passageiros transportado diariamente por ônibus caiu 4,6% em relação a 2015. A
associação faz o monitoramento dos dados de transportes públicos urbanos desde
1994, totalizando 24 anos de acompanhamento. Para o mês de outubro, a previsão
é de queda de 46,3% no número de passageiros transportados.

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Para Otávio Cunha, fatores como a tarifa, o tempo de viagem,
o estado de cada veículo e o trânsito cooperam para a queda do transporte nos
ônibus. “Pesquisas apontam que a redução da tarifa e a volta dos investimentos
em infraestrutura podem atrair novamente o usuário do ônibus como transporte
público. A melhoria da qualidade do transporte, atrairá demanda”.

O presidente da associação ressaltou que pequenas ações podem
trazer resultados positivos e rápidos. “Pequenos investimentos, como a criação
de faixas exclusivas e o monitoramento, para evitar invasões, podem encurtar o
tempo de viagem. Isso influencia na hora da escolha do transporte”, disse.
“Hoje em dia, os ônibus disputam espaço nas vias com os carros e investimentos
precisam ser feitos”.

De acordo com o levantamento, o desemprego e a crise
econômica são os principais responsáveis pela baixa nos números dos usuários do
transporte público. Contudo, Otávio Cunha avaliou que outros fatores contribuem
diretamente para o cenário atual. “Temos que levar em conta as distorções do
sistema de transporte público urbano, tal como a falta de fontes de
financiamento para a tarifa, que hoje é paga, exclusivamente, pelo usuário”.

Desde a Constituição de 1988, a atribuição do financiamento
do serviço passou a ser dos municípios. Ao menos 17% dos custos do transporte
público estão ligados às gratuidades para idosos, pessoas com deficiência,
estudantes e outros motivos, que são financiados pelos usuários que pagam as
passagens de ônibus. 

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