Goiás aguarda diretrizes para definir vacinação de crianças contra Covid-19

Goiás aguarda diretrizes do Ministério da Saúde (MS) para definir os próximos passos da vacinação contra Covid-19 em crianças com idades entre cinco e nove anos de idade. Mesmo com o anúncio realizado ontem (03) pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de que as vacinas contra a Covid-19 devem ser distribuídas para os Estados na segunda quinzena deste mês, a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), afirmou que aguarda o documento oficial do MS a respeito do assunto.

“Na segunda quinzena elas começam a chegar e serão distribuídas como nós temos distribuído”, afirmou Marcelo Queiroga. De acordo com membros do MS, as vacinas começam a chegar a partir do dia 10 de janeiro, mas elas precisam passar pelo processo de segurança antes de serem distribuídas.

A vacinação de crianças no Estado pode interferir em uma quantidade significativa no que diz respeito à continuidade da imunização. Para se ter uma ideia, em Goiás, dados do último Censo demográfico realizado, em 2010, apontam para uma estimativa de 472.727 crianças com idades entre cinco e nove anos de idade, sendo 231.094 crianças do sexo feminino e 241.633 do sexo masculino. Já com idades entre 10 e 14 anos, Goiás registrava, em 2010, 530.958 crianças, sendo 261.006 do sexo feminino e 269.952 do sexo masculino. Vale lembrar que a faixa etária acima de 12 anos contra a Covid-19 já ocorre desde setembro do ano passado.

Questionada sobre a organização da vacinação no Estado, e acerca da estimativa de crianças a serem vacinadas em Goiás, a SES-GO somente afirmou por meio de nota que “aguarda o envio de documento oficial do Ministério da Saúde sobre a vacinação de crianças de 5 a 11 anos de idade”.

Entenda

Recentemente, o MS se mostrou favorável à vacinação infantil contra a Covid-19, porém, ressaltou que a decisão só seria tomada após uma consulta pública ser realizada. A intenção do Ministério é recomendar que crianças de 5 a 11 anos sejam vacinadas mediante apresentação de prescrição médica e consentimento dos pais.

Na última sexta-feira (31), entretanto, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, determinou que o presidente da República, Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prestassem esclarecimentos sobre ato que determinou a realização de consulta pública a respeito da vacinação contra a covid-19 em crianças de cinco a 11 anos de idade.

Importância

Sobre a vacinação de crianças contra a Covid-19, o médico sanitarista e professor de Saúde Pública do Centro Universitário São Camilo – SP, Sérgio Zanetta, explica que toda a população deve ser vacinada. “Então na medida em que tenhamos segurança e eficácia comprovada em relação à todas as faixas etárias, devemos vacinar todos, as crianças sobretudo, porque as crianças de 5 a 11 anos, agora com a aprovação da vacina pela Anvisa, podem ter Covid-19 e dessa forma transmitir a toda família, e a outros contatos, professores, avós e pais, por exemplo”, afirma o médico.

Ele destaca que, as crianças muito embora tenham uma quantidade de casos graves menor do que os idosos, ainda assim há casos graves e mortes entre crianças. “Estas mortes são injustificáveis se hoje eu tenho uma vacina disponível. Se durante a pandemia eu tive óbito de uma criança a cada dois dias pela Covid-19, se eu reduzir esses óbitos a 80%, serão crianças que deixarão de morrer de uma doença prevenível com vacina”, destaca Zanetta.

Questionado acerca das contraindicações da vacinação de crianças contra a Covid-19, o médico destacou que não há nenhuma contraindicação formal à vacinação, mas que, se a criança estiver em tratamento para uma doença grave como um câncer, ou estiver se recuperando de uma cirurgia grave, por exemplo, ela deve ser orientada por seus respectivos médicos.

“A vacina que deve ser usada no Brasil é a aprovada pela Anvisa, que por enquanto é a vacina da Pfizer, na dosagem e preparação para crianças. Já há vacina disponível, é só necessário que o Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde encomende, compre e disponibilize as vacinas, se isso for feito, o SUS, as cidades e os Estados, vacinarão as crianças rapidamente”, finaliza o especialista.