Registro de nascimentos diminui ano após ano em Goiás

Em 2021 foram registrados 79.544 nascimentos em Goiás, 2.854 a menos que os 82.398 registrados em 2020

Postado em: 08-01-2022 às 08h45
Por: Maiara Dal Bosco
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Em 2021 foram registrados 79.544 nascimentos em Goiás, 2.854 a menos que os 82.398 registrados em 2020. | Foto: Reprodução/Internet

A cada ano que passa o número de nascimentos registrados nos cartórios diminui. Em Goiás, dados do Portal da Transparência do Registro Civil apontam que em 2021 foram registrados 79.544 nascimentos, 2.854 a menos que os 82.398 registrados em 2020. Já a nível nacional, os dados demonstram que em 2021 foram registrados 18.035 nascimentos a menos que em 2020, quando os cartórios emitiram 2.641.934 registros.

Para a professora de Clínica Médica e de geriatria na Faculdade de Medicina do Centro Universitário São Camilo – SP, Gisane Cavalcanti Rodrigues, a redução das taxas de natalidade observadas no Brasil podem ser explicadas por vários fatores. “O papel da Educação da população teve um impacto fundamental nesse processo: maior escolarização da população, determinando mais oportunidades profissionais às mulheres, bem como o acesso à educação sexual ainda no ensino fundamental”, afirma a especialista.

Segundo Gisane, o acesso ao planejamento familiar também é um importante determinante para a redução da taxa de fecundidade, permitindo o acesso à métodos contraceptivos à população como um todo. “Por fim, podemos acrescentar que o custo para se ter filhos hoje no Brasil é muito elevado o que dificulta essa experiência de forma mais planejada à algumas famílias”, destaca.

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Envelhecimento da população

De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde, a expectativa é de que em 2035 o Brasil tenha 20% da sua população constituída de pessoas idosas, ou seja, com 60 anos ou mais.  Para a professora do Centro Universitário São Camilo, o envelhecimento populacional é uma realidade mundial. “No entanto, o que é o mais preocupante é a grande velocidade com que esse processo vem ocorrendo no Brasil, nos permitindo ter pouco tempo para ajustarmos os serviços de saúde à demanda do idoso com, por exemplo, capacitação de profissionais para assistência ao idoso e melhor coordenação dos serviços de saúde para um cuidado integral e multiprofissional”, afirma Gisane.

Economia

A reportagem de O Hoje também conversou com um economista para entender os efeitos econômicos da diminuição de nascimentos em um país. O economista Aurélio Troncoso, professor e coordenador do Centro de Pesquisas do Mestrado da UNIALFA, explica que, ao falarmos em população, seja crescimento ou queda no crescimento demográfico, percebe-se que o mundo está passando por um processo um pouco diferente do que era visto no passado.

“Antigamente, as famílias tinham muitos filhos para que houvesse mão de obra barata para a família, que trabalhavam nas empresas. O tempo foi passando e a quantidade de filhos foi diminuindo. Isso acontece, entre outros fatores, porque o custo de vida aumentou”, afirma Aurélio.

O especialista detalha que um dos problemas na diminuição de nascimentos, está relacionado à aposentadoria. “Sobretudo hoje teremos pessoas com longevidade maior, então quando o país começa a envelhecer, vimos que a maioria da população vai chegar aos 76 anos de vida e se aposentar aos 65, o que representa 11 anos para receber do INSS. Nesses 11 anos, dependendo do tempo que vão começar a contribuir, vai chegar em um ponto em que as pessoas mais velhas que têm benefícios para receber, irão se igualar às pessoas que estão entrando no mercado e, com isso, o INSS quebra”, afirma o economista.

O professor e coordenador do Centro de Pesquisas do Mestrado da UNIALFA destaca ainda que, uma vez que a economia gira em torno do aspecto populacional, é preciso estar atento uma vez que, quanto menor a quantidade de pessoas que nascem, e quanto maior é a quantidade de pessoas que estão envelhecendo, possa existir a necessidade de se pensar em um modelo diferente de aposentadoria no futuro.  (Especial para O Hoje)

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