Número de usuários do transporte público cai pela metade em comparação com o período anterior à pandemia

Dados apontam que a rede registrou 288.079 validações de passageiros por dia, um recuo de 44,8% em um ano

Postado em: 10-01-2022 às 08h41
Por: Maiara Dal Bosco
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Dados apontam que a rede registrou 288.079 validações de passageiros por dia, um recuo de 44,8% em um ano | Foto: Reprodução

Perto de completar dois anos de pandemia de Covid-19, mudanças significativas relacionadas à locomoção dos goianienses podem ser observadas. Se por um lado o número de usuários do transporte coletivo caiu quase pela metade no comparativo com o período anterior à pandemia, o número da frota de veículos aumentou no Estado.

Sobre o transporte coletivo, dados da Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC) apontam que, no último dia 06 de janeiro, a rede registrou 288.079 validações, um recuo de 44,8% nas validações durante todo o dia, ou seja, menos 233.884 validações deixaram de ser feitas no sistema. No comparativo com o dia 9 de março de 2020, antes da pandemia de Covid-19, a demanda era de 521.963 usuários.

No caso do SIMA – Sistema Integrado Metropolitano Anhanguera, antes da pandemia foram registradas 180.076 validações no dia 09 de março de 2020. Já no último dia 06, seguindo a mesma base comparativa, observa-se que houve queda de 44,8% nas validações no sistema, o que equivale a 80.645 validações a menos. Na Capital, que alcançou 217.211 validações no transporte público antes da pandemia, em comparativo com a quinta-feira (06), foram registrados 114.334 usuários, um volume 47,4% menor de validações – o que equivale a menos 102.877 validações.

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Veículos próprios

Com relação a frota de veículos, dados do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás apontam que, no último ano, a frota registrada no Estado teve um aumento de 3,5%, passando de 4,17 milhões em 2020 para 4,23 milhões no fechamento de 2021. Mesmo diante da crise que se instalou com a pandemia e o desemprego crescente, o Estado de Goiás registrou um aumento no número de veículos em 2021.

Na Capital, o crescimento da frota foi menos expressivo, 1,88% no último ano comparado a 2020. Frente ao número de 2015 (1,15 milhão), o levantado em 2021 (1,27 milhão) apresentou aumento de 10,88%. Em 2020, foram registrados 23.582 veículos no ano passado. Ao todo, são 311.352 veículos de duas rodas e 966.433 de quatro ou mais rodas. Já Aparecida de Goiânia é o município com a segunda maior frota do Estado, com 320.964 veículos. Seguido por Anápolis (297.390), Rio Verde (157.160), Itumbiara (89.537) e Catalão (86.633). No total, a frota goiana é composta por 1.225.369 veículos de duas rodas e 3.099.456 veículos de quatro ou mais rodas.

Uma dessas pessoas que deixou de usar transporte coletivo e comprou carro foi o representante comercial Olavo Cassiano. Ele conta que comprou o carro durante a pandemia, em novembro de 2020. “Decidi comprar o carro porque devido ao meu trabalho de representante comercial, estava difícil visitar os clientes dependendo de carros de aplicativo, como Uber ou 99, ou, ainda, utilizar um carro emprestado. Então a compra do veículo foi pensada justamente para facilitar esse trabalho”, afirma.

Para ele, que antes de ter o próprio veículo, utilizava aplicativos de corrida, transporte coletivo e até mesmo bicicleta como meio de transporte, a compra do carro impactou bastante em sua rotina. “O que mudou na minha rotina foi o fato de que, querendo ou não, com o carro próprio é possível ter um pouco mais de liberdade para ir e vir, sem precisar ficar esperando por muito tempo o ônibus ou mesmo o Uber. Você pode fazer o que quiser na hora que quiser, o que é bastante positivo. A parte ruim é que com o carro, os gastos aumentam, por conta, principalmente, do combustível”, aponta Olavo.

Análise

De acordo com o Mova-se Fórum de Mobilidade, o que mais chama a atenção nos dados, é o fato de que o que mais cresceu foi o número de pessoas que compraram veículos e ganham mensalmente entre R$ 2 e R$ 4 mil.  De acordo com Ronny Medrano, engenheiro civil, doutor em Transporte e integrante do Mova-se, os novos tipos de emprego como transporte por aplicativo para pessoas e cargas, na área urbana, pode ser uma causa desse aumento na frota de veículos, principalmente fomentando a migração para trabalhar de moradores da Região Metropolitana para Goiânia.

“Um efeito no longo prazo é o aumento do congestionamento, do risco de acidentes e queda do nível de serviço nas vias e cruzamento em horários de maior pico”, afirma.

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