Material escolar está até 30% mais caro: preços variam em até 460% em papelarias e livrarias

Para Antônio, proprietário de uma papelaria no Setor Sul, as listas estão mais enxutas este ano

Postado em: 12-01-2022 às 09h52
Por: Redação
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Para Antônio, proprietário de uma papelaria no Setor Sul, as listas estão mais enxutas este ano | Foto: Reprodução

Por Alzenar Abreu

De um lado diversão e ansiedade para as crianças, ávidas para o retorno das atividades na escola e, do outro, preocupação e dor de cabeça dos pais que veem nas listas de material escolar um rombo nas contas da família. Os valores referentes aos itens continuam sendo os vilões de janeiro. Tanto, que pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE) aponta que os mesmos tiveram alta entre 15% e 30% na comparação com o mesmo período de 2021.

Individualmente, alguns itens registraram aumento médio anual de até 41,38%, como no caso do lápis de cor grande, da marca Faber Castell, cujo preço subiu de R$42,22 em 2021 para R$ 59,69 em 2022. No geral, o aumento médio anual dos materiais escolares ficou em 8,71%. Alguns produtos registraram redução do preço como a caneta esferográfica modelo Cristal, da marca Bic (de R$ 1,50 em 2021 para R$ 1,13 em 2022) – queda de 24,41%.

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Dentre os sete itens mais gritantes na diferença estão a borracha branca nº 20, tipo Mercur (encontrada de R$ 0,50 até R$ 2,80);  placa de isopor de 20mm na marca Centro-Oeste de R$ 3 a R$ 13,70, lápis preto nº  2 – 1ª linha  – Triangular com? Faber Castell de R$ 1,25 a R$ 5,10 e lápis de cor grande com 24 unidades de R$ 14,99 a R$ 63,20.

Variação de até 460%

O Procon Goiás divulgou pesquisa de preços que aponta variação de até 460% em itens essenciais como a borracha branca nº 20 da marca Mercur de R$0,50 a R$2,80. O levantamento conta com 127 itens que fazem parte da lista de material escolar, pesquisados em 14 papelarias de Goiânia no período de 13 a 23 de dezembro de 2021.

Todos os produtos cujos preços são comparados, são considerados idênticos, de mesma marca, modelo e tamanho. Ainda assim, as variações de valores são surpreendentes. Este ano, os preços estão pesando mais no bolso do consumidor, pois são itens que acompanham a alta da inflação e muitos insumos são importados, encarecendo o preço final ao consumidor por causa da alta do dólar.

É o que corrobora o proprietário de uma papelaria do Setor Sul, Antônio Erivaldo. “As massas de modelar, lápis de cor – que diminuíram a quantidade de caixas – além de outros produtos provenientes da China encareceram muito pela alta do dólar”, diz. Por outro lado, Erivaldo diz que este ano, as listas estão mais enxutas. “Acredito que pela reclamação dos pais e, também, pela consciência dos comerciantes em função da pandemia, os pedidos estão menores. Ele diz que muitas escolas não estão pedindo mais o papel branco, e nem exagerando em quantidades. “A maior parte está sendo solicitada pela metade como tubos de cola quente, folhas de EVA, de seda ou cartolina, ou caixas de tinta e lápis de cor; que em geral, pediam mais de uma”, diz.

Para a advogada Marcela Macedo, mãe de Paula, 8 anos, David, 7 anos, e Laura, 6 anos, todo ano é o mesmo desafio: correr atrás de descontos, porque a compra é triplicada. “Eu me adianto sempre. Não perco tempo e pesquiso em vários locais em Goiânia. Eu achei preços muito bons no Centro da cidade. Mas tem de andar nas lojas. Este ano, o que ficou mais pesado foram as mochilas. Da mesma marca, eu comprei de R$ 130, ano passado. Agora, não vi nenhuma mais barata do que R$ 200”, compara.

De acordo com a advogada Ana Carolina Freury, especialista em direito das mulheres, além de pesquisar, é preciso saber o que é proibido pedir na lista: “ Eu exemplifico ao dizer que todo material de uso coletivo que não influenciará no processo pedagógico de aprendizagem, deve ser questionado. Exemplo: copo descartável, algodão, grampos, papel, palitos de picolé, bastão de cola quente, clipes, cola para isopor, cotonetes, álcool em gel e vários.

Segundo Ana Carolina, é preciso ter bom senso. “Na dúvida, pergunte. Questione. Como será usado aquilo que está sendo pedido”, ensina.  Outra forma de abuso por parte das escolas é obrigar os pais a comprarem os livros oferecidos na escola. “Isso é proibido. Se a publicação editorial existir no mercado, ou pode ser adquirida pela internet por um preço melhor, é facultado aos pais essa iniciativa”, adverte.

Ana Carolina, que tem um filho de 13 anos, disse que quando ele estudava no maternal, chegaram a pedir para o menino cola colorida. “Para quê esse material? Sendo que não era de manuseio da criança?”, questiona.

Reuso do material

Para os dirigentes do Procon-GO é possível, sempre, economizar quando se pode reaproveitar tudo o que não acabou no ano anterior ou não foi usado. Como lápis de cor, tubos de cola, borrachas, apontadores, mochilas, estojos e lancheiras, que estiverem em bom estado de conservação. Além de ser educativo, explicar que o principal não é levar objetos de marca para escola, mas sim o que for útil para, desde já, conceber os primeiros passos da formação em educação financeira do indivíduo.

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