Quinta-feira, 28 de março de 2024

Chuvas fortes encarecem preço de frutas e hortaliças: Pesquisa é a palavra chave para driblar preços altos

Procon Goiás levantou em pesquisa diferença de até 565,19% no preço das frutas e hortaliças | Foto: Pedro Pinheiro

Postado em: 14-01-2022 às 08h15
Por: Redação
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Procon Goiás levantou em pesquisa diferença de até 565,19% no preço das frutas e hortaliças

Por Ítallo Antkiewicz

Não apenas os preços dos combustíveis que já começaram o ano pesando no bolso do consumidor, mas também o das frutas e legumes, que já subiram bastante neste início de 2022. Frequentadores de feiras-livres em Goiânia têm se deparado com preços mais altos nas barracas. Laranja a R$ 8,90 o quilo; banana prata a R$ 7,99 o quilo; abacaxi por R$ 12 a unidade. Produtores e feirantes atribuem às chuvas uma das culpadas pela disparada nos preços.

A alta dos preços é generalizada , provocada por fatores climáticos, aumento no valor de insumos (como energia elétrica),do dólar e do preço dos combustíveis (utilizados no transporte de mercadorias). Nas feiras, alguns clientes dizem que deixaram de consumir certos alimentos para economizar. Outros continuaram comprando, mas diminuíram a quantidade para gastar menos.

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Do lado dos feirantes, alguns não querem nem falar em aumento. Os que comentam abertamente dos preços mais altos confirmam que a freguesia sentiu o baque e agora compra menos ou deixa de lado frutas e legumes mais caros. Pesquisa realizada pelo Procon Goiás sobre preços de hortifrúti encontrou variação de até 565,19% entre os locais consultados.

Foram 82 itens analisados, sendo que 54 tiveram aumento nos preços e 28 registraram queda. Entre os produtos encontrados com preços mais altos em outubro, o quilo do caqui teve o maior reajuste, estando 57,77% mais caro.

A média do tomate também aumentou, saindo de R$ 4,08 para R$ 7,57. Incluso na lista dos itens mais caros, o mamão formosa teve aumento de 43,78%, sendo que a média do quilo era R$ 3,35 e subiu para R$ 5,97.

De acordo com o Procon, a pesquisa comparativa é feita levando em conta produtos que tenham os mesmos tamanhos, pesos e medidas. Por ser apenas uma pesquisa de exposição, o levantamento não expõe critérios que causaram o aumento, como inflação ou época de produção das frutas, verduras e legumes.

Reflexo na mesa

Segundo o feirante Wanderson Silva, o preço da laranja aumentou R$ 0,40 por quilo. “O suco de laranja não está mais tão presente na mesa da minha família, a gente reduziu a quantidade de uso de laranja, fazíamos muito, suco de laranja, chupávamos laranja todo dia, e aí eu percebo que isso diminuiu. Estava pagando R$ 80 a mais do que pagava há dois meses”, diz Silva.

Para aproveitar melhor o dinheiro, Wanderson, que se tornou responsável pela economia do lar, adotou estratégia usada por outros frequentadores da feira: comparar os preços dos produtos com os do supermercado para comprar onde estiver mais barato.

Dólar e pandemia atrapalham

O gerente de controle e estudo de mercado da Ceasa, Marco Franco, explica que uma das interferências no preço é o valor das moedas estrangeiras. “Um problema que aumenta muito [o preço] é a questão cambial, a desvalorização do real. Grande parte dos insumos de produção são importados”, diz Franco.

Ele aponta ainda que os preços variaram ao longo da pandemia. Segundo o gerente, as medidas de isolamento social influenciaram. “No começo, os produtores foram diminuindo o ‘risco de produção’, reduzindo a quantidade plantada, e a demanda foi diminuindo, por conta do aumento de restrições. Já no final do ano passado, com menos restrições, a demanda pressionou a oferta, aí, alguns preços mantiveram alta ou estabilizaram”, conta.

Custo sobe, clientela some

Paula Boganika atua há 7 anos como feirante em Goiânia. Segundo ela, durante o isolamento social, os pedidos para entrega de frutas triplicaram.

Com a vacinação, os clientes voltaram a frequentar a feira, mas mudaram alguns hábitos. Certas frutas saíram do cardápio ou, então, são compradas em menor quantidade. “As pessoas sentiram essa alta de preços. Minhas vendas caíram 20% depois da pandemia”, afirma a comerciante.

Mas falar da alta nos preços não é confortável para todos os feirantes. São eles que escutam a reclamação dos clientes, mesmo que não tenham culpa pela inflação ou pelo clima. Muitos dizem que até reduziram a margem de lucro para não espantar a freguesia.

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